SEU JORNAL VIRTUAL SOBRE NATURISMO DO BRASIL E DO MUNDO

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Oi Pedro,

A Associação Amigos da Galheta, AGAL, quer dar sua contribuição para a questão da  orientação sexual no naturismo brasileiro, debatida nos últimos números do Olho Nu. Para tanto submetemos um texto extraído do livro Praia da Galheta, recentemente publicado, texto este que define claramente a posição da AGAL sobre o assunto.

 Abraços, Affonso Alles*

ORIENTAÇÃO SEXUAL NA PRAIA DA GALHETA **

   "Aqui temos um projeto ético e político: preservar a natureza e cultivar o naturismo sem quaisquer atos de discriminação ...

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      A firmeza do grupo que se mantém unido na defesa do naturismo voluntário, e do respeito ético ao princípio da igualdade moral e política, levam a AGAL a ser, no Brasil, o grupo pioneiro na prática do naturismo sem discriminação, isto é, sem estabelecer "cercadinhos" para separar homens que freqüentam a praia sozinhos e homens que se fazem acompanhar de outro homem, das pessoas que vão acompanhadas por outra do sexo oposto. A segregação infelizmente é prática comum em vigor em outros centros naturistas em nosso país. Não nos convencemos, porém, de que os "cercadinhos" sejam a melhor estratégia, do ponto de vista pedagógico, para demover bisbilhoteiros e inoportunos de freqüentar centros naturistas.
   Sem nudismo obrigatório e sem separação de pessoas em função da discriminação por orientação sexual, os naturistas adeptos da AGAL já enfrentaram  situações conflituosas, mas se mantêm firmes em sua tendência ética de não discriminação, única forma de educar o ser humano para a convivência pacífica entre pessoas com opiniões e práticas por vezes antagônicas, sem necessidade de desenvolver mecanismos de repressão e de controle externos aos indivíduos.

     A comunidade que freqüenta a Praia da Galheta não se reduz apenas aos sócios da AGAL. Não há, nesse sentido, "donos da praia", nem naturistas, nem vestidos ou seminus. Ninguém impõe padrões de comportamento.
     A praia é aberta a todo e qualquer cidadão, e não há normas de conduta estabelecidas autoritariamente. Mas, cada um que freqüenta o local deve saber que sua presença contribui para o movimento em defesa do parque e da prática naturista. Quaisquer atos contrários a um desses princípios destroem o trabalho e luta que têm sido mantidos vivos por mais de 20 anos.

Se alguém está interessado apenas em ficar nu sem querer fazer nenhum esforço para garantir essa prática sem repressão ou segregação, pode ser que se sinta mais tranqüilo em centros naturistas que impõem aos freqüentadores regras de comportamento.

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     Um segundo ponto que pode ser motivo de constrangimento para quem vem pela primeira vez à praia, é a convivência entre grupos de pessoas com orientações sexuais distintas. O naturismo, no Brasil, segregou, de forma sistemática, pessoas que preferem a companhia de parceiros do mesmo sexo. Se dois homens querem freqüentar um centro naturista, sua preferência é usada como pretexto para forçá-los a ocuparem áreas previamente determinadas. Por ferir um preceito constitucional, entendemos desde o início que na Galheta não adotaríamos tais regras. Nesta praia cada um vem com seu grupo ou parceiro preferido. Ainda uma vez a adoção do critério do respeito à igualdade e da não discriminação pode significar um pouco mais de trabalho para os que prefeririam não experimentar nenhum constrangimento, nem mesmo o de estar em um mesmo lugar, sem roupa, com pessoas que se orientam sexualmente de forma não convencional.
     Pode parecer, por outro lado, àqueles que já foram para o "cercadinho" em outras áreas naturistas, que todos os "homens" que freqüentam a Galheta o fazem por terem uma preferência por companhia do mesmo sexo.
     O naturismo, por outro lado, não é uma prática determinada por qualquer que seja a orientação sexual de uma pessoa. A educação e o bom senso não têm orientação sexual. Assim, seja você de
uma ou de outra das possíveis variantes da sexualidade humana hoje adotadas em qualquer parte do mundo, o limite para sua liberdade de movimento e de expressão continua sendo o mesmo que você respeita em locais onde as pessoas convivem socialmente vestidas. O fato de alguém
estar próximo a você, fisicamente, não quer dizer que se coloca à mercê de seus desejos e fantasias particulares. "

 

* Naturista praticante e presidente da AGAL

a.alles@uol.com.br  

 

**Texto extraído do livro Praia da Galheta 2002,  de Sônia T. Felipe et al. Ed. Achiamé, Rio de Janeiro, 2002, pág. 35 a 40 Televendas: a.alles@uol.com.br   Tel: 48 2256932  Preço: R$ 15,00

 

Olá Pedro e amigos,


  Aproveitando às comemorações de mais um aniversário do Olho Nu e para que o Naturismo fique cada vez mais forte no Brasil, gostaria de lembrar do filósofo alemão Arthur Shopenhauer que declarou que toda VERDADE passa por três estágios. Primeiro, é ridicularizada.  Segundo, enfrenta uma violenta oposição.  Finalmente, é aceita como evidente.

  Carlos de Paiva

         São Paulo

        carlospf@terra.com.br

E os antigos tabus alimentares e sexuais, como são vistos pela Boa Religião?

Por Onaldo Alves Pereira*

 Baseada na absoluta bondade de Deus e da vida a Boa Religião aprecia tudo o que é parte da experiência humana sob a ótica desse princípio.

 

       Com relação à alimentação, a Boa Religião entende que ela é parte de um processo de troca vital entre todos os seres. Sendo partes de uma totalidade, só alcançando a completitude nela, recebemos e somos tomados como alimento. Eis aí uma das grandes belezas da vida como um todo.

 

Dentro dessa realidade os seres humanos devem desenvolver seus hábitos alimentares com solene respeito e profundo agradecimento. Como responsáveis pela sua parcela no zelo pela saúde do todo, os humanos devem pensar a sua alimentação de forma holística. Do meio ambiente, onde é produzida a alimentação, até a qualidade do trabalho empregado nessa tarefa tudo deve ser observado pois influem na saúde e na alegria de todos os envolvidos.

 

Um alimento ecologicamente correto, diversificado, fruto de um trabalho justo e bem remunerado, esse é o ideal a ser buscado por aqueles querem se alimentar com Boa Consciência.

 

Não há, portanto, na Boa Religião, lugar para o jejum e a abstinência, nem a titulo de autodisciplina. A auto-educação acontece no servir-se bem do melhor, de fortalecer a criação e a disponibilidade desse melhor e, sobretudo, na partilha generosa do prazer.

 

A mesma lógica serve às questões relacionadas à sexualidade e o sexo. Ninguém deverá ser discriminado por sua orientação sexual, nenhum ato sexual prazeroso, livre e digno deve ser reprimido, isso porque, as pessoas envolvidas são inteiras em sua integridade e capazes de fazer uma boa escolha.

 

Os motivos tidos por várias religiões para estabelecerem tabus sexuais são baseados numa visão negativa do corpo e do prazer. Para a Boa Religião o corpalma é bom e a matéria que o faz tão divina quanto o espírito que o anima. A capacidade de usufruir e dar prazer por meio do corpo um sinal de Deus no mundo. O prazer nunca é mau de si. As neuroses que lhe descaracterizam são desarranjos psicossociais, que podem ser tratados e curados para o aumento e a salvaguarda do prazer como via por onde a vida nos diz que está presente. O egoísmo rouba ao prazer o seu poder maior, que está no espaço onde um individuo soma ao do outro a sua alegria. Essa soma é magnífica mágica curativa, criadora de beleza, construtora de comunidade e elemento de progresso da humanidade para o cumprimento da intenção de Deus.

 

As ideologias e religiões castradoras do corpo como oficina da alegria partilhada, mais uma vez, apenas manipulam o que há de mais inerente ao ser para dominar e impor o governo de alguns. Essa castração tem efeitos econômicos, estéticos, éticos e sociais devastadores. Ao algemar o corpo de uma pessoa ou de um grupo com os seus tabus a religião golpeia a auto-estima dos mesmos e quebra neles toda a resistência à exploração e à violência, tornando-os prontos a aceitarem um senhorio. Se a autonomia do corpo é violada está domado o espírito e ficam moles os joelhos.

 

É claro que parte dessa autonomia do corpalma é a liberdade inalienável de decisão, inclusive de optar por limites e por preferências. A comunidade também tem o dever de educar, ensinando cuidados de saúde e de autopreservação. Que esse educar, contudo, não seja doutrinário.

 

No corpalma Deus se faz espaço de alegres encontros com outros seres, seja na forma de alimentos, de erotismo ou de reconhecimento da alteridade das partes desse todo que á a intenção de Deus!

 

asha@terra.com.br

www.zoroastrismo.com.br