SEU JORNAL VIRTUAL SOBRE NATURISMO DO BRASIL E DO MUNDO
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Oi Pedro,
A Associação Amigos da Galheta, AGAL,
quer dar sua contribuição para a questão da orientação sexual
no naturismo brasileiro, debatida nos últimos números do Olho Nu. Para
tanto submetemos um texto extraído do livro Praia da Galheta,
recentemente publicado, texto este que define claramente a posição da
AGAL sobre o assunto. ORIENTAÇÃO SEXUAL NA PRAIA DA GALHETA **
"Aqui temos um projeto ético e político: preservar a natureza e
cultivar o naturismo sem quaisquer atos de discriminação ... ......................
A firmeza do grupo que se mantém unido na defesa do naturismo voluntário,
e do respeito ético ao princípio da igualdade moral e política, levam a
AGAL a ser, no Brasil, o grupo pioneiro na prática do naturismo
sem discriminação, isto é, sem estabelecer "cercadinhos" para
separar homens que freqüentam a praia sozinhos e homens que se fazem
acompanhar de outro homem, das pessoas que vão acompanhadas por outra do
sexo oposto. A segregação infelizmente é prática comum em vigor em
outros centros naturistas em nosso país. Não nos convencemos, porém, de
que os "cercadinhos" sejam a melhor estratégia, do ponto de
vista pedagógico, para demover bisbilhoteiros e inoportunos de freqüentar
centros naturistas.
A comunidade que freqüenta a Praia da Galheta não se reduz apenas aos sócios
da AGAL. Não há, nesse sentido, "donos da praia", nem
naturistas, nem vestidos ou seminus. Ninguém impõe padrões de
comportamento. Se
alguém está interessado apenas em ficar nu sem querer fazer nenhum esforço
para garantir essa prática sem repressão ou segregação, pode ser que
se sinta mais tranqüilo em centros naturistas que impõem aos freqüentadores
regras de comportamento.
................................. * Naturista praticante e presidente da AGAL
**Texto extraído do livro Praia da
Galheta 2002, de Sônia T. Felipe et al. Ed. Achiamé,
Rio de Janeiro, 2002, pág. 35 a 40 Televendas: a.alles@uol.com.br
Tel: 48 2256932 Preço: R$ 15,00
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Olá
Pedro e amigos,
São Paulo |
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E os antigos
tabus alimentares e sexuais, como são vistos pela Boa Religião? Por Onaldo
Alves Pereira*
Baseada
na absoluta bondade de Deus e da vida a Boa Religião aprecia tudo o que
é parte da experiência humana sob a ótica desse princípio.
Com relação à alimentação, a Boa Religião entende que ela é
parte de um processo de troca vital entre todos os seres. Sendo partes de
uma totalidade, só alcançando a completitude nela, recebemos e somos
tomados como alimento. Eis aí uma das grandes belezas da vida como um
todo.
Dentro dessa realidade os
seres humanos devem desenvolver seus hábitos alimentares com solene
respeito e profundo agradecimento. Como responsáveis pela sua parcela no
zelo pela saúde do todo, os humanos devem pensar a sua alimentação de
forma holística. Do meio ambiente, onde é produzida a alimentação, até
a qualidade do trabalho empregado nessa tarefa tudo deve ser observado
pois influem na saúde e na alegria de todos os envolvidos. Um
alimento ecologicamente correto, diversificado, fruto de um trabalho justo
e bem remunerado, esse é o ideal a ser buscado por aqueles querem se
alimentar com Boa Consciência. Não
há, portanto, na Boa Religião, lugar para o jejum e a abstinência, nem
a titulo de autodisciplina. A auto-educação acontece no servir-se bem do
melhor, de fortalecer a criação e a disponibilidade desse melhor e,
sobretudo, na partilha generosa do prazer. A
mesma lógica serve às questões relacionadas à sexualidade e o sexo.
Ninguém deverá ser discriminado por sua orientação sexual, nenhum ato
sexual prazeroso, livre e digno deve ser reprimido, isso porque, as
pessoas envolvidas são inteiras em sua integridade e capazes de fazer uma
boa escolha. Os
motivos tidos por várias religiões para estabelecerem tabus sexuais são
baseados numa visão negativa do corpo e do prazer. Para a Boa Religião o
corpalma é bom e a matéria que o faz tão divina quanto o espírito que
o anima. A capacidade de usufruir e dar prazer por meio do corpo um sinal
de Deus no mundo. O prazer nunca é mau de si. As neuroses que lhe
descaracterizam são desarranjos psicossociais, que podem ser tratados e
curados para o aumento e a salvaguarda do prazer como via por onde a vida
nos diz que está presente. O egoísmo rouba ao prazer o seu poder maior,
que está no espaço onde um individuo soma ao do outro a sua alegria.
Essa soma é magnífica mágica curativa, criadora de beleza, construtora
de comunidade e elemento de progresso da humanidade para o cumprimento da
intenção de Deus. As
ideologias e religiões castradoras do corpo como oficina da alegria
partilhada, mais uma vez, apenas manipulam o que há de mais inerente ao
ser para dominar e impor o governo de alguns. Essa castração tem efeitos
econômicos, estéticos, éticos e sociais devastadores. Ao algemar o
corpo de uma pessoa ou de um grupo com os seus tabus a religião golpeia a
auto-estima dos mesmos e quebra neles toda a resistência à exploração
e à violência, tornando-os prontos a aceitarem um senhorio. Se a
autonomia do corpo é violada está domado o espírito e ficam moles os
joelhos. É
claro que parte dessa autonomia do corpalma é a liberdade inalienável de
decisão, inclusive de optar por limites e por preferências. A comunidade
também tem o dever de educar, ensinando cuidados de saúde e de
autopreservação. Que esse educar, contudo, não seja doutrinário. No
corpalma Deus se faz espaço de alegres encontros com outros seres, seja
na forma de alimentos, de erotismo ou de reconhecimento da alteridade das
partes desse todo que á a intenção de Deus!
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