por Carlos de
Paiva*
Você já observou um elefante no circo? Durante o espetáculo o
animal faz demonstrações de forças descomunais. Mas, antes de
entrar em cena, permanece preso, quieto, contido somente por uma
corrente que aprisiona uma de suas patas a uma pequena estaca
cravada no solo. A estaca é só um pequeno pedaço de madeira. E,
ainda que a corrente fosse grossa parece óbvio que ele, capaz de
derrubar uma árvore com sua própria força, poderia, com
facilidade, arrancá-la do solo e fugir.
Que mistério!
Por que o elefante não foge? O elefante do circo não escapa porque
foi preso à estaca ainda muito pequeno. É fácil imaginar o
pequeno recém-nascido preso: naquele momento, o elefantinho puxou,
forçou tentando se soltar. E, apesar de todo esforço, não pôde
sair. A estaca era muito pesada para ele. E o elefantinho tentava,
tentava e nada. Até que um dia cansado, aceitou o seu destino:
ficar amarrado na estaca, balançando o corpo de lá para cá,
eternamente, esperando a hora de entrar no espetáculo.
Então, aquele
elefante enorme não se solta porque acredita que não pode. Para
que consiga quebrar os grilhões é necessário que ocorra algo fora
do comum, como um incêndio por exemplo. O medo do fogo faria com
que o elefante em desespero quebrasse a corrente e fugisse.
Gosto de contar
esta história para dizer que isto muitas vezes acontece conosco. O
Naturismo, neste contexto, pode ser uma oportunidade para tentarmos
procurar e resgatar um pouco do elefantinho de cada um de nós,
quando também utilizado como um caminho para o crescimento e
desenvolvimento pessoal. Isso se dá, através do hábito constante
em nosso dia-a-dia de uma postura e atitude natural, saudável,
estando tanto num clube, numa praia ou em nossa própria casa,
cultivando o que temos de melhor em nós e nos outros.
Creio, que um
autêntico naturista, procura por melhor qualidade de vida, melhores
relações consigo e com os outros, onde busca concentrar sua atenção
no que temos em comum como seres humanos, focalizando o
que nos une enquanto pessoas, não o que nos difere como indivíduos.
É a aceitação incondicional do "natural" de cada
um de nós.
*Psicólogo,
São Paulo
carlospf@terra.com.br |
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