Após relerem os comentários e suas próprias respostas, Cláudio e
Antonio, promotores do grupo NATURISTAS GAYS, decidiram enviar ao
OLHO NU respostas mais minuciosamente comentadas e críticas aos
autores das mensagens enviadas ao grupo de discussão do SAMPANAT, a
respeito da matéria publicada na edição número 33 de nossa
publicação: a criação do grupo naturistas gays e a promoção de
seu primeiro encontro público.
Primeiramente fazem uma análise das respostas dadas a uma pesquisa
promovida pelos editores da revista NATURIS e publicada na edição
número 27.
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DIREITO DE RESPOSTA
por Cláudio Lacerda Guerra e Antonio Carlos da Silva*
TRECHOS
DE UMA PESQUISA REALIZADA NO VI CONGRENAT - CONGRESSO BRASILEIRO DE
NATURISMO REALIZADO DE 19 A 21 DE MAIO DE 2000 NA COLINA DO SOL.
8)
Quanto ao ingresso de homens desacompanhados?
Resposta:
100% "deve haver um limite para que não haja grandes distorções".
O QUE SERIAM ESSAS "GRANDES DISTORÇÕES????
Alguém poderia explicar? Para nós, distorcer é o disfarçar
o preconceito de não nos aceitar, negando, assim, todo o pricípio
de que somos todos livres e iguais perante as leis além
de ser totalmente incoerente com o espírito do código de conduta
da própria FBN, que proíbe qualquer discriminação de outros
naturistas nos locais oficiais.
9)
Quanto ao homossexualismo:
Respostas:
73% - "homossexuais devem ser aceitos, DESDE QUE, EM PÚBLICO,
NÃO TROQUEM CARÍCIAS OU FLERTEM COM PESSOAS DO MESMO SEXO".
O QUE VOCÊS PENSAM QUE SOMOS???
PERVERTIDOS? Qual é o motivo que
justifique a proibição de carícias se elas são permitidas entre
os heterossexuais? Além disso, esta proibição é contra a lei
pelo menos no Estado de São Paulo.
18%
- NÃO DEVE SER PERMITIDA A ENTRADA DE HOMOSSEXUAIS. Atitude
discriminatória explícita e vergonhosa partindo de um grupo que já
é discriminado na sociedade.
9%
- HOMOSSEXUAIS DEVEM SER TRATADOS COMO HETEROSSEXUAIS. Infelizmente,
é minima a porcentagem de pessoas com maior
esclarecimento quanto à obrigação ética de respeitar a diferença.
INICIAMOS
O NOSSO ARGUMENTO COM O DOCUMENTO ACIMA, DEVIDAMENTE PUBLICADO
NA REVISTA NATURIS Nº 27, PÁGINAS 36 E 37.
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Como estamos conscientes que entre os gays não
poderíamos proibir a prática de sexo nos encontros, sempre
promoveremos eventos onde haja a possibilidade de se fazer sexo
com privacidade, em local à parte de onde esteja o grupo
principal. Desta forma, o sexo não faz parte do evento em si e não
é seu principal objetivo, mas é plenamente aceito se praticado na
intimidade. Adotamos esta regra para que não sejamos confundidos
com os vários grupos de orgias gays que existem na cidade. http://www.olhonu.kit.net/jornais/olhonu_n_33/06evento.html
No polêmico e incompreendido texto acima acredito que um dos
problemas para que este fosse perfeitamente interpretado foi o uso
do verbo possibilitar na frase: (...) onde haja a
possibilidade, EM LOCAL À PARTE DE ONDE ESTEJA O GRUPO PRINCIPAL
(...).
Acredito que eu já tenha sido bem claro, mas para que não haja
mais dúvidas, vamos à algumas considerações:
1º) O objetivo nos nossos encontros foi o de não
reprimir, muito menos controlar a vida de ninguém, desde que o
sexo fosse feito em local reservado e distante do grupo principal.
Desta forma, a questão muito mal
resolvida do sexo - absolutamente natural - foi resolvida
mediante o respeito livre arbítrio de cada um, como
cabe em um grupo voltado para adultos. Isto não autoriza ninguém
(bem intencionado, pelo menos) a nos caracterizar como (APESAR
DE NÃO SERMOS UM GRUPO DE SURUBA OU DE SWING, COMO FOI CITADO). Portanto,
não estamos tentando disfarçar que somos hedonistas. Se fôssemos,
não haveria qualquer limite físico dentro do bar para qualquer
manifestação do prazer em sua plenitude, sem amarras ou censuras.
Eu mesmo, Cláudio, já promovi um encontro em minha casa
e recentemente um grupo já se reuniu no Rio na casa de um dos
membros e posso assegurar que a única diferença de uma reunião
gay tradicional para uma visita domiciliar foi que todos
estavam desta vez completamente nus e agindo com naturalidade.
2º) Os encontros, enquanto permanecerem neste bar, serão abertos a
convidados e aos freqüentadores habituais, e por este motivo não
podemos fechar as áreas onde, porventura, alguém deseje ter algo
mais, pois o local foi originalmente feito para isso.
3º) O The House Bar, foi o único local que
conseguimos devido a todas as dificuldades que já normalmente
temos, afinal de contas, começamos no dia 28 de janeiro e não
temos fins lucrativos. Somos apenas um grupo de amigos gays NORMAIS
que gostam de conviver sem roupas, ou seja ao natural.
Os grupos de naturismo gay em todo mundo foram criados
justamente como resposta ao preconceito. Primeiro, pelo fato do gay (assumIdo
PELO MENOS) por ser um homem LEGALMENTE
solteiro precisa ainda para freqüentar um grupo de naturismo hetero,
a absoluta necessidade de ter que convidar uma amiga somente para
ser aceito. Isso é um fato é absolutamente aviltante a nossa
condição perante a sociedade. Somos homossexuais assumidos e
jamais participaríamos de tamanha hipocrisia, o que ressalta o fato
de que temos uma experiência no assunto. Segundo, antes de
criarmos os NATURISTAS GAYS,
fizemos uma extensa pesquisa em muitos grupos naturistas aqui do
Brasil e constatamos que só seríamos aceitos ou em praias paradisíacas
e distantes para nós como
Galhetas e Olho-de-Boi ou então se criássemos o nosso próprio
grupo... (Portanto, como) decidimos
pela última opção, pricipalmente porque sabíamos que os
nossos direitos perante os casais heteros não seriam aceitos e
respeitados nos locais naturistas oficiais. Além disso, RECUSAMO-NOS
TERMINAMENTE A COMPACTUAR COM O PRECONCEITO E A DISCRIMINAÇÃO
E NÃO VEMOS NECESSIDADE ALGUMA DE ESPERAR QUE O NATURISMO
OFICIAL BRASILEIRO RESOLVA SUAS QUESTÕES PENDENTES INTERNAS QUE
DIZEM RESPEITO A NÓS, MAS SOBRE AS QUAIS NÃO TERÍAMOS O MENOR
DIREITO DE VOZ UMA VEZ QUE NEM SEQUER PODERÍAMOS PARTICIPAR DO
MOVIMENTO. COMO HOMOSSEXUAIS CONSCIENTES DE NOSSO PAPEL NA
SOCIEDADE, NÃO ADMITIMOS SER TRATADOS DE MANEIRA PATERNALISTA POR
PESSOAS QUE, AO NOS DISCRIMINAR PURA E SIMPLESMENTE, DEMONSTRAM SUA
TOTAL IGNORÂNCIA COM RELAÇÃO A NÓS. APENAS
ACEITAREMOS UMA PLENA INTEGRAÇÃO DE NOSSO GRUPO COM OS OUTROS DO
PAÍS QUANDO QUALQUER LIMITAÇÃO A NÓS,
IMPLÍCITA OU EXPLÍCITA, ALÉM DAS QUE QUE SÃO
IMPOSTAS AOS HETEROSSEXUAIS FOR ELIMINADA
DE QUALQUER NORMA OU RESOLUÇÃO OFICIAL e TIVERMOS
garantias de que qualquer tipo de discriminação por
parte de outros freqüentadores não será tolerada em hipótese
alguma. Por outro lado, já que fomos excluídos pelo CONGRENAT,
não temos a obrigação de aceitar a regulamentação deste ou
qualquer órgão E MUITO MENOS SEGUIR SEUS CÓDIGOS
DE CONDUTA.
E se nos permitem, gostaríamos de saber se algum dirigente de
grupo naturista aqui permitiria a entrada casais homossexuais em
suas reuniões? Isso significaria também a possibilidade de beijos
e carícias em público, afinal de contas nós namoramos e também
temos relações estáveis, semelhante à exposta na novela
"Mulheres Apaixonadas", com o diferencial que adoramos
beijar na boca, exatamente como qualquer casal, coisa que a TV pelos
motivos já esmagadoramente citados aqui, não vai permitir ir ao
ar. Como a resposta deve ser negativa, nós então
criamos OS NATURISTAS GAYS e desejamos que
este seja um bom grupo, tendo como diferencial a intenção de
inseri-lo na cultura naturista gay que já existe no mundo todo,
pois não somos inéditos, inclusive no fato de sermos
absolutamente um grupo masculino. Isto, aliás, decorre de um
fato simples, pois em qualquer grupo naturista "hetero"
brasileiro, um grupo de mulheres solteiras é bem vindo. Isto nos leva
a crer que as lésbicas já têm o seu lugar, portanto não
entendemos o questionamento
quanto ao fato de só admitirmos homens por parte de alguns membros
da comunidade naturista nacional. CABE DIZER
QUE NOSSA PROPOSTA JÁ FOI MOSTRADA A VÁRIAS LÉSBICAS, UMA DELAS,
INCLUSIVE, importante ATIVISTA, E NENHUMA QUESTIONOU O FATO DE
NÃO ACEITARMOS MULHERES EM NOSSO GRUPO.
Não gostaríamos de ser um gueto, mas cabe justamente à
sociedade, seja ela naturista ou não, compreender que o erro está
na justamente EM EXLCUIR e não EM
RESISTIR . É MUITO CÔMODO
CONDENAR NOSSA ATITUDE DE RESISTÊNCIA DIZENDO SER MAIS DESEJÁVEL
QUE LUTEMOS POR NOSSOS DIREITOS. TRATA-SE DE UMA MANEIRA DE DISFARÇAR
O PATERNALISMO QUE NOS RECUSAMOS A ACEITAR COM UMA FINGIDA
SIMPATIA POR NÓS, OU SEJA, É APENAS UMA TENTATIVA DE CONTINUAR
DISCRIMINANDO E SE SENTIR, AO MESMO TEMPO, LIBERAL E
TOLERANTE. LEMBRAMOS AOS NATURISTAS QUE QUEM SABE FAZ A HORA, NÃO
ESPERA ACONTECER.
Lembramos
que o nosso grupo está de portas abertas aos homens que não
sejam gays. O Dema, um dos poucos que nos entendeu, já foi por várias
vezes convidado para nossos encontros. Inclusive, criamos happy-hours
em local público justamente para que o simpatizante primeiro nos
conhecesse, analisando assim a sua decisão de se juntar a nós.
Acreditamos que ser naturista é aceitar as pessoas como elas são
(gays, heteros, fetichistas, bissexuais, altos, magros, gordos etc),
estando acima dos preconceitos da sociedade. Cabe lembrar que,
muitas vezes, a obediência a tabus é apenas um pretexto para
justificar a falta de esclarecimento e coerência do indivíduo, QUE
QUER CONTINUAR A TER AS MESMAS ATITUDES DE SEMPRE E SE SENTIR BEM
CONSIGO MESMO. Admitir que algo é errado e ser conivente com
isto apenas por que a sociedade o impõe --
COMO JÁ VIMOS EM SITES NATURISTAS JUSTIFICANDO A PROIBIÇÃO A
HOMENS SOLTEIROS -- não passa de absoluta falta de
coragem de admitir o próprio preconceito. Portanto, de maneira
alguma aceitamos a insinuação de que nossa proposta é um atraso
ao progresso da aceitação de homossexuais no naturismo.
Mas de tudo o que escreveram, um preconceito nos chamou a atenção:
a não aceitação do uso da palavra GAY. De forma irônica, já
respondemos com a explicação de ser a palavra mais tecnicamente
aceita em todo o mundo, mas no fundo ficamos estarrecidos
e surpresos com o texto, isso por que já estamos no séc.
XXI.
TRATA-SE,
MAIS UMA VEZ, DA VELHA MANIA QUE AS PESSOAS TÊM DE EMITIR OPINIÕES
SOBRE O HOMOSSEXUALISMO E O MODO DE VIDA DOS GAYS SEM QUALQUER
CONHECIMENTO DE AMBAS AS COISAS. O RESULTADO NÃO PODERIA DEIXAR DE
SER PATÉTICO...
Nos nossos próximos planos, estamos pretendendo nos reunir ao ar
livre. Espero que não sejamos, então, considerados exibicionistas,
não é mesmo? Aliás, para quem nunca foi a uma parada gay, acho
melhor agendar para ir no ano que vem para Toronto, no Canadá, pois
somente nesta cidade é que já existe uma consolidada cultura
naturista gay que tem a coragem de defender o direito de ficar nu em
público, desfilando desta forma no dia do Orgulho Gay (veja o
primeiro link da lista).
Gostaríamos de agradecer pelo espaço concedido pelo Pedro Ribeiro
no Jornal Olho Nu, ao se interessar e publicar o nosso propósito,
apesar de este ter sido até questionado por um leitor que achou que
o jornal "deu espaço demais" para nós. RESERVAMO-NOS
O DIREITO DE NÃO PERDER NOSSO TEMPO RESPONDENDO AO INFELIZ E
DESPROPOSITADO COMENTÁRIO.
*fundadores
do grupo NATURISTAS GAYS
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NA PRÓXIMA PÁGINA ESTÃO TODOS OS SITES DE NATURISMO GAY
ENCONTRADOS POR ELES PELO MUNDO AFORA
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