O Recanto Paraíso no paraíso de Tambaba

 

entrevista a Pedro Ribeiro*

 

foto: Pedro Ribeiro

Valdir e Fátima no passeio de catamarã pelo rio Paraíba.

Fátima Alves, 50, empresária do naturismo há cinco anos e Valdir de Sousa, 63 (que mais parecem 40, brinca, afirmando que o naturismo rejuvenesce), reformado da Marinha, são os dirigentes do Recanto Paraíso. Estância naturista situada na cidade de Piraí, no interior do estado do Rio de Janeiro. Falam ao OLHO NU sobre o Recanto, Tambaba e suas histórias.

 

OLHO NU: Fátima, como foi seu começo no naturismo ?

 

Fátima Alves: Antes de conhecer o Valdir, já havia praticado naturismo fora do Brasil, em praias da França. Costumava ir a duas, uma pequena nas proximidades de Nice e a outra, nas proximidades de Saint Marreaux. Eram prais que se podiam ficar nu. Aliás, lá se pode ficar nu em qualquer praia. Até mesmo em Paris nas margens do rio Sena. É comum encontrar mulheres sem soutien e usando uma proteção mínima, que eles chamam de tapa-sexo. E ninguém acha feio, ninguém cria caso. Durante o descanso do trabalho. Ao final, se secam, se vestem e voltam ao trabalho.

 

ON: E como você começou a ser empresária do naturismo ?

 

FA: Aqui, comecei no naturismo há cinco anos, desde que fui para o sítio do Valdir, o Recanto Paraíso. E desde então comecei também a trabalhar no naturismo, ativamente. Agora um pouquinho menos, porque as atividades do Recanto Paraíso diminuíram para o naturismo.

 

Eu tenho, em todo primeiro final de semana de cada mês, recebido os amigos lá no sítio. As atividades naturistas não estavam alcançando a cobertura de nossas despesas, por causa da manutenção cara de nosso espaço. Nos outros finais de semana, o sítio funciona como um espaço comum, não naturista, aberto para aluguel de empresas.

 

Temos um projeto, que ainda não foi confirmado, e, quem sabe, neste início do próximo ano, tenhamos o Recanto Paraíso funcionado de sol a sol como naturista novamente.

 

ON: Como vocês estão apreciando o Encontro Nacional de Naturismo e Tambaba ?

 

FA: Eu nunca tinha vindo a Tambaba. Então aproveitamos a oportunidade do Encontro para virmos conhecer essa famosa praia. Antes também nós tínhamos pouco tempo por causa do Recanto Paraíso. Agora como ele não é apenas naturista, sobrou tempo para participarmos mais. Temos sócios que administram a parte não naturista. É um casal que trouxe sua equipe e fez algumas mudanças na qualidade da comida e melhorias significativas, com uma pequena mudança de imagem. A equipe é a mesma, tanto no momento naturista como nos outros.

 

ON: E os passeios naturistas que você organizava ?

 

FA: Em 2003 e em 2004 realizamos dois passeios por ano. Mas nesse ano de 2005 não conseguimos realizar nenhum por causa do clima instável. Todo final de semana chovia. Foi impossível prever. Não tive tranquilidade para marcar nenhum. Mas espero que em 2006, o clima volte ao normal e possamos voltar a estes passeios que o pessoal adora.

 

ON: Valdir, você começou no naturismo quando ?

 

Valdir de Sousa: Comecei há cerca de 12 anos, no sítio que era alugado pela antiga RIO-Nat, com o grande Sérgio de Oliveira. Gostei tanto, que recebi uma proposta do Sérgio, que estava tentando juntar dez naturistas para comprar um sítio, para que não precisássemos mais alugar. Eu aceitei, entrei como um dos dez. Depois esses dez passaram a oito, a sete, a seis, no fim só sobrei eu. E ninguém decidiu comprar. Apareceu um sítio, que atualmente é o Recanto Paraíso, que o Sérgio de Oliveira já tinha visto várias vezes. O grupo se interessou em comprar, mas ninguém se decidiu. Eu comprei.

 

Meu início foi em clube. Gostei tanto da ideia e da filosofia, que resolvi investir nisso. De lá prá cá, o Recanto Paraíso é a história que todo mundo já sabe.

 

ON: Como está sendo vir a Tambaba ?

 

VS: Eu conhecia Tambaba de passagem e agora a estou conhecendo de verdade. Sempre achei Tambaba a melhor praia de naturismo, dessas mais antigas, e continuo achando a melhor praia de naturismo atualmente, pela infraestrutura e essas coisas todas. O povo daqui é incomparável, muito hospitaleiro. Acho que gosto tanto assim mais pelo povo do que tudo.

 

Jornal Olho nu - edição N°62 - novembro de 2005 - Ano VI


Olho nu - Copyright© 2000 / 2005
Todos os direitos reservados.