Trabalhar nu ou vestido ?
entrevista a Pedro
Ribeiro*
foto: Pedro Ribeiro |
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Wellington é garçon na praia de Tambaba. É naturista, mas
não pode trabalhar nu . |
Tambaba quase é uma
unânimidade entre seus visitantes. É difícil encontrar alguém que não se
refira à belíssima praia sem dizer que é o paraíso. Com certeza
influenciado pela atmosfera encantadora que é emoldurada pela paisagem
fascinante. Mas, como se diz por aí, paraíso só lá no céu, a organização
da praia também tem suas mazelas.
Um dos fatores negativos que
mais chamou atenção para os visitantes de primeira hora, aqueles que foram
por causa do evento naturista, foi a quantidade de pessoas vestidas que
circulam pela área naturista.
São os rapazes que fazem
atendimento às mesas do restaurante, que estão espalhadas pela areia,
todos usam sunga e alguns também camisetas. São os fornecedores de bebidas e
outros produtos, que entram vestidos dos pés à cabeça. São os policiais
militares e guardas municipais, em seus uniformes normais, que circulam a
todo momento pela área naturista. São os rapazes, contratados para fazerem
segurança, usando sunga e camiseta. São os rapazes que vendem bebidas na
areia, que também usam sunga e camiseta. Além de pessoas que circulam na
área do restaurante completamente vestidas, algumas para fazer shows
musicais e outras não identificadas, homens e mulheres.
Para uma praia que exige a
nudez integral do visitante, por lei municipal, e não permite a entrada de
homens desacompanhados de mulheres, é muito estranho encontrar tantos
homens vestidos.
OLHO NU quis saber porque
isso acontece e foi entrevistar alguns desses trabalhadores. Um dos
rapazes que fazem atendimento às mesas, de nome Fabrício André, 23 anos,
estava estreando como trabalhador na praia de Tambaba. Disse que é
naturista, mas não pode trabalhar nu porque atende ao critério do
proprietário do restaurante. Mas disse que é mais profissional trabalhar
assim, de sunga e camiseta, embora ache que isso possa deixar os
frequentadores menos à vontade. Ele não se importaria em trabalhar nu.
Outro garçon, Wellington
Ferreira, 18 anos, trabalha em Tambaba há três meses. Também disse que é
naturista e que não fica nu por questões profissionais e de higiene,
exigência da fiscalização da Vigilância sanitária. Se sente um pouco
constrangido pelo fator de estar vestido em meio a tanta gente despida.
Acha que a medida é acertada porque seria também constrangedor atender às
mesas com comida, as quais estão à altura de seu pênis. Mas nos dias de
folga ele vai a Tambaba e se comporta como qualquer visitante.
É o mesmo caso também de
outro rapaz, Widemar, 28 anos, que também frequentava a praia como
qualquer outro naturista e foi chamado para trabalhar apenas durante esse
período do Encontro, quando a "casa" encheu. Na opinião dele, mesmo que
não houvesse exigência da Vigilância Sanitária, os garços deveriam
trabalhar com a genitália coberta. Acha que o avental incomodaria muito e
não facilitaria seu trabalho. Acha que há muitas pessoa que acham
constrangedor eles ficarem vistidos em meio a tanta gente nua, mas
acredita que com o tempo as pessoas vão se acostumar.
Felipe, 21 anos, foi o único
atendente, dentre os entrevistados, que admitiu que não é naturista.
Trabalha há dois meses em Tambaba. Confessa que no início se sentiu um
pouco constrangido de trabalhar em um local onde todas as pessoas estão
nuas. Mas como poderia trabalhar vestido, aceitou, e encara tudo
profissionalmente. Ele se sente mais à vontade vestido.
foto: André Herdy |
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Aninha, a recepcionista da entrada de Tambaba, é a única
funcionária que trabalha nua. |
Mas encontramos um
funcionário, ou melhor, uma, que não está dentro deste lugar comum de
trabalhar vestido. É a Aninha, 26 anos, solteira, recepcionista da entrada
da praia. Tem a função de esclarecer aos visitantes sobre as normas e leis
de fucionamento da praia. É contratada pela SONATA para desempenhar esta
função. É a única funcionária que trabalha despida, por determinação do
empregador.
Como os demais, ela também é
naturista, há dois anos. Antes de ser contratada já frequentava a praia e
recebeu o convite para trabalhar, há dois meses. Ela está realizando o
sonho de muito naturista, que é o de passar o dia inteiro numa praia
inteiramente nu e ainda ganhar para fazer isso. É sua única fonte de renda.
Ela diz que seu trabalho é
muito tranquilo, pois não tem problema algum na recepção. As pessoas
chegam e já sabem que precisam tirar as roupas, que no caso de Tambaba, é
feito ali mesmo. As pessoas são muito educadas. Conta que até mesmo os
homens que passam lá na recepção toda hora para dar uma paquerada, o fazem
de modo muito discreto e ducado, e não acontece nenhum estresse.
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