Entrevista de Jorge Bandeira para JOVNAT de Portugal
Jorge Bandeira do Amaral, diretor de divulgação do Graúna-AM (Grupo Amazônico União Naturista) concedeu uma entrevista por e-mail ao site dos Jovens naturistas portugueses (JovNAT). Graciosamente enviou para os leitores do OLHO NU poderem também compartilhar de suas idéias e conhecer um pouquinho mais desse nome, que está cada vez mais consolidado no naturismo brasileiro.
entrevista a Vasco Silva*
JOVNAT: No teu entender quais os principais pontos que fazem a diferença entre o Naturismo no Brasil e na Europa? Jorge Bandeira: A Europa possui uma organização naturista mais sólida do que o Brasil, com leis que protegem e dão segurança a muitas áreas para a prática do Naturismo. No caso brasileiro, apesar de iniciativas realmente revolucionárias como as das Praias de Tambaba na Paraíba, Abricó no Rio de Janeiro e da própria Colina do Sol, no Rio Grande do Sul, nossa luta pela expansão de áreas naturistas no Brasil segue em curso, e somente agora, quase vinte e cinco anos depois da retomada naturista brasileira, que a conhecida LEI GABEIRA, que visa proteger e regularizar de fato e de direito na esfera federal as áreas para a prática do Naturismo no Brasil começa e ser colocada em pauta final de discussões para apreciação no Senado Federal. Atualmente estamos com 26 áreas e/ou associações afiliadas a FBrN(Federação Brasileira de Naturismo), o que considero ainda pouco pela dimensão continental de nosso país. O que afirmo é que estamos na segunda etapa do “desbravamento” do território naturista brasileiro, em busca de um aparato político na Lei Federal eu garanta melhores dias ao naturismo brasileiro, que Oxalá continua em franca expansão. JN: Dentro do contexto do Naturismo Brasileiro, será o Naturismo Amazônico uma realidade á parte? Qual a sua ligação á cultura do Índio brasileiro? JB: Esta é uma importante questão! Inclusive levantamos a hipótese de que o verdadeiro “espírito” de vida ao natural, nudista, naturista, tem no Brasil uma de suas gêneses, justamente por isso apontamos no índio este vetor, pois os nossos irmãos índios sempre adotaram a nudez como parte natural de suas existências, muito antes da chegada do Europeu no Brasil e do inevitável choque cultural, do qual o indígena foi a maior vítima. Quanto à minha ascendência indígena considere que sou um típico caboclo amazônico, no Amazonas 80% da população tem sangue indígena, então me considero um índio (e como gostaria de ter muito mais sangue indígena nestas veias!), apesar de ter tido uma avó neta de franceses que perambularam pelos seringais amazônicos no século XIX. Amigos deste Portugal tão querido, numa terra como uma floresta equatorial que é a maior do mundo, com um Rio considerado o maior do mundo (Rio Amazonas), com uma fauna e uma flora de riquezas naturais tão cobiçados, num lugar onde a temperatura média beira aos 40 graus, convenhamos que o índio sempre esteve certo em optar pelo conforto da nudez total. JN:Como escritor pensa que deveria existir mais arte naturista? JB: Eis um tema que me apaixona. Aqui em Manaus faço Teatro e Música (Rock), e como artista considero a arte o alimento da alma e, como naturista, se está arte estiver ligada à beleza do corpo humano sem tabus, que se opõe a esta negativa estética consumista do “corpo perfeito”, dentro da lógica consumista, dos modismos, melhor ainda. O grupo Graúna-AM tem nas artes uma de suas grandes bandeiras, precisamos de arte para viver em comunhão com o universo. JN:No Brasil, a Colina do Sol é uma referência, mas não estará demasiado explorada e apropriada pela comunicação social? JB: Creio que tens razão. Apesar da temperatura mais fria do Sul do Brasil, em especial na região onde está situada a Colina (pessoalmente ainda não estive em Taquara, no Rio Grande do Sul, onde está situado o complexo Naturista da Colina do Sol!). O fato inconteste é que os “colineiros” conseguiram um nível de organização que seguramente é o melhor atualmente no Naturismo Brasileiro. Creio que tudo perpassa também pelo contexto histórico: após a morte brutal de nossa pioneira Luz Del Fuego em 1967, o Naturismo brasileiro, quase vinte anos depois, com o final da ditadura militar no Brasil, irá renascer justamente no Sul, na Praia do Pinho(hoje afiliada à FBrN) no Estado de Santa Catarina, com a coragem e ousadia de lideranças naturistas sulistas, que levaram o Naturismo para outras áreas do Sul do Brasil, chegando na Colina do Sol, que consolida um núcleo importante para o Naturismo Latino-americano. JN: Como pensa que se poderiam estreitar as relações entre naturistas portugueses e brasileiros? JB: A Internet é a grande chave deste estreitamento de relações! Quando tivermos uma união virtual consolidada com outras áreas e associações Naturistas, de Portugal e do Brasil, estaremos a um passo da união real, com intercâmbios efetivos entre portugueses e brasileiros, como inclusive já acontece no meio acadêmico. As notícias devem ser transmitidas com regularidade por todos os envolvidos neste processo, tenho a certeza que o conhecimento via internet do que ocorre nas áreas naturistas de nossos países é o elemento básico deste real estreitamento, incluindo neste ponto o potencial indiscutível no campo do turismo naturista. JN: O que falta ao Naturismo Brasileiro? JB: Como expressei na resposta anterior, se, em pouco tempo, a LEI GABEIRA, que regulariza de fato e de direito, no âmbito federal, às aspirações democráticas das minorais naturistas brasileiras, for aprovada no Senado da República Federativa do Brasil, as chances de expansão do Naturismo em nosso país serão gigantescas. Os naturistas Amazonenses do Graúna-AM já estão fazendo sua parte política, consolidamos apoios políticos à aprovação da citada Lei Gabeira de Deputados e Senadores amazonenses, que já garantiram de antemão o voto pela aprovação da Lei Gabeira nesta importante votação, prevista para entrar na pauta de votação do Senado em breve! JN: O que pensa do aparecimento da JOVNAT enquanto associação autônoma e independente? E do respectivo site na internet? JB: JOVNAT é nota dez! O sítio/site deverá, com o tempo e a imprescindível colaboração de todos, diversificar suas linhas de atuação dentro da temática naturista, política e ambiental. Acredito na autonomia como veículo de liberdade de expressão e crítica Naturista, através da discussão de novas idéias, sempre na salvaguarda do Código de Ética e de Conduta que guiam as áreas afiliadas a INF, condutas adotadas por todas as Federações de Naturismo ao redor do Mundo. JN: Uma mensagem para os jovens naturistas portugueses... JB: Aos meus jovens irmãos lusos espero uma luta conjunta pelo Naturismo e seus nobres ideais filosóficos e de confraternização entre os povos, e como ainda dizem os índios amazônicos sobreviventes do choque cultural com a urbanidade Ocidental, devemos ter o espírito de um ARA WATASARA (andarilho do tempo em Nheengatu, língua geral dos povos indígenas amazônicos), mesmo estando nós em continentes tão díspares, porém a História do Brasil não pode ser analisada sem Portugal em seu contexto de colonização, independente da análise crítica deste processo, somos povos possuidores de uma rica cultura e isso na verdade é o que importa. Devemos construir nossa epopéia naturista com o mesmo afã de transformação que moveu o gênio de Camões, que nossas ações pelo Naturismo toquem o inebriante sabor da eternidade! Jorge Bandeira http://geocities.yahoo.com.br/graunaam Manaus, Amazonas, Brasil. 08 de novembro de 2005.
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O Graúna(Grupo Amazônico União Naturista) oferece este lindo cartão de final de ano a todos os seus amigos. |