Jornal Olho nu - edição N°95 - outubro de 2008 - Ano IX |
Chegando de mansinho, quase anônimo, hospedado em uma barraca de camping na própria praia de Tambaba, longe do burburinho das pousadas repletas com os caciques do naturismo nacional e internacional, Celso Rossi surpreendeu a todos com sua presença carismática e tranquila. Afastado há anos por motivos pessoais, fez sua reaparição pública no melhor momento do Naturismo nacional. A volta do mito Celso Rossi Celso Rossi, 48 anos, empresário, ex-casado, dois filhos adolescentes, é um dos ícones do naturismo brasileiro. Sua ousadia e perseverança foi o que trouxe de volta o naturismo ao cenário brasileiro nos meados dos anos 80, após anos de ostracismo. Desde 1985, quando se iniciou a luta pela liberação da Praia do Pinho, passando pela fundação da Colina do Sol, liberação de outras áreas naturistas oficiais por todo o Brasil, as edições da revista NATURIS, para citar apenas algumas de suas participações, até a sua retirada do meio naturista no início deste século, quando decidiu que queria morar em um barco e velejar pelo mundo, Celso era quase figura onipresente em todos os eventos e na luta pelo desenvolvimento do naturismo brasileiro. Tornou-se ídolo de muitos e, como todos dessa espécie, tornou-se também um mito. OLHO NU fez entrevista exclusiva com um Celso Rossi relaxado, sentado em sua cadeira de praia diante da belíssima paisagem de Tambaba. Quis conhecer o homem, não o mito. Mas este continua forte a julgar pelas inúmeras solicitações das pessoas para tirarem fotos ao lado dele, quando passeava pela areia ou esteve presente em alguns eventos paralelos. Sem dúvida, um ídolo. Por questões pessoais passou quatro anos totalmente afastado do Naturismo brasileiro. Ele acalentava um sonho de muitos anos, desde sua mocidade, de morar em um barco. Seu espírito aventureiro e intrépido o empurrava para isso. O advento inesperado do naturismo em sua vida o obrigou a adiar a realização, pois rapidamente se viu como o principal nome neste meio nas décadas de 80 e 90. Por outro lado, este mesmo naturismo proporcionou conhecer Paula Andreazza, com quem se afinou e teve seus dois filhos. Paula, com espírito de aventura parecido com o de Celso, foi a parceira perfeita para as investidas e realizações daí por diante.
Paula e Celso formaram o casal símbolo do naturismo e suas imagens, juntamente com as de seus filhos crianças, estavam em todas as edições de reportagens sobre o naturismo feitas em revistas, jornais ou TV daquela época inicial. Eram uma espécie de embaixadores. Juntos decidiram largar a Colina do Sol, em 2002, onde residiam, e ir morar em um barco ancorado na Lagoa dos Patos para realizar o sonho. Mas quis o destino que as coisas não corressem como o planejado, pois quatro meses após a morada teve que retornar à Colina para resolver problemas diversos e o relacionamento com Paula Andreazza chegou ao fim. O fim do casamento o deixou transtornado, pela perda de sua parceira querida e de todas as horas, o que afastou ainda mais do Naturismo. Nos anos seguintes foi a luta para se restabelecer. Paula foi para a Índia. Hoje Celso é "pai solteiro" cuidando de seus dois filhos com 15 e 18 anos. Os filhos aliás foi um dos motivos pelo afastamento de Celso do Naturismo. Criados na Colina do Sol, com poucas chances de relacionamento com crianças da mesma idade, quando foram morar no barco descobriram um mundo novo com o qual pouco tiveram contato. Começaram a se enturmar com a juventude da mesma idade e os inevitáveis grupos se formaram. Celso cedeu aos desejos dos filhos. Celso quer voltar ao Naturismo como um homem comum, anônimo, sem estar participando de nenhuma diretoria. Apenas mais um usuário das áreas naturistas brasileiras, áreas estas que, diga-se de passagem, somente existem graças ao seu neopioneirismo e ousadia. Pessoa que, depois de Luz del Fuego, é o maior mito do naturismo brasileiro. Mas a julgar pelo assédio recebido nesta sua primeira reaparição pública vai ser muito difícil concretizar mais este sonho. entrevista a Pedro Ribeiro |
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