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Jornal Olho nu - edição N°98 - janeiro de 2009 - Ano IX |
Nova realidade
(fotos meramente ilustrativas)
Eu vivo uma nova realidade. E pelo fato de ser nova já é extraordinário. Extraordinário, como sorvete no verão manauara, que prazer, se refrescar no calor amazônico deliciando um sorvete. Extraordinário, como o reencontro depois de tempos, aliviando a saudade. Como o sorriso infantil de uma criança correndo para os braços dos pais em tardes de domingos no parque. Como banhar-se na chuva resgatando momentos de então em que o sorriso era mais sorriso. Como a vida cotidiana, por ser cheia de momentos diversos: alegres, tristes, dolorosos, felizes e de paz. O que tem de nova realidade nessas coisas diárias, “comuns”? Imagine tudo isso sem as convenções das roupas? Com a liberdade de ver a outra/outro sem o “pré-conceito” de reconhecê-lo (la) através das vestes e na qual se qualifica, se intitula. Imagine que existe um Movimento que busca o respeito além do que convencionamos e ele se chama Naturismo.
Sem a imposição da estética, do modismo somos mais humanos. Talvez pareça que o Movimento Naturista seja mais um desses modismos da globalização, de que todos sejam iguais, as mesmas vestes, as mesmas músicas, o mesmo andar, os iguais modos, costumes como bem brega os novos dogmas do consumismo, contrariando a diversidade cultural. No entanto, estando todos nus não seriamos de fato diferentes, cada um com sua particularidade natural? Libertar-se do belo efêmero, passageiro é o grande desafio de nosso tempo. O corpo perdura com o tempo, as formas mudam, ontem era uma estética, hoje é outra e não porque escolhemos, mas porque nos é imposto e aceitamos. A educação naturista nos mostra o contrário, o corpo é belo independente da forma, antes disso, o mais importante é ter vida saudável.
Estou vivendo uma nova realidade. Uma realidade possível de olhar o outro/outra sem os olhos do pré-julgamento. A nudez já não é sinônimo de castigo, de imoralidade enquanto natureza, mas de respeito ao que somos e não ao que aparentamos. Respeito ao diferente, “velho¹”, novo, negro, branco, gordo, magro, alto, baixo, rico, pobre, sinais de sublime civilização, pois não precisamos necessariamente das convenções têxteis para dizer e agir com dignidade.
Eu vivo a REALIDADE NATURISTA e nunca estive tão integrado com a vida, com a natureza, com o cosmo. Alguns acham que estamos satisfazendo fetiches, associando nosso modo de vida a mera satisfação sexual, mas eu sei que todo esse Movimento não é só o agora, embora, ainda inicial, já mostra suas possibilidades naturais para a vida cada vez mais desumana e urbana. Temos muito que caminhar para construir um Movimento Naturista sólido pensando nas futuras gerações, pois nossos descendentes herdarão essa liberdade, essa vida mais natural, mais humana.
Presidente do GRAÚNA (GRupo Amazônico União NAturista) ¹Em nossa cultura indígena o termo velho é carregado de valor. O velho/velha são aqueles que transmitem a sabedoria, os costumes, os valores da tribo. Portanto respeitados pelo que são não pelo que aparentam, como quer colocar a cultura ocidental modista.
(enviado em 2/01/09) |
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