') popwin.document.close() }
Jornal Olho nu - edição N°109 - dezembro de 2009 - Ano X |
Anuncie aqui |
||
Naturalmente - dezembro de 2009 Por Paulo Pereira* Fotos meramente ilustrativas sem autoria definida Complementando sucintamente o que foi colocado por mim na última edição, novembro-2009, prossigo fazendo algumas considerações, que julgo relevantes, a respeito da prática nudista- naturista. Falamos de pretextos e de separatismos, ambos negativos em relação aos verdadeiros fundamentos do Movimento, segundo inclusive o que determina (e consagra) a INF- Federação Naturista Internacional, de longa data. No meu livro “Naturalmente, Um Perfil documentado” (2008), pág.81, reproduzo o “Decálogo Naturista”, à guisa de código de ética, produzido para a FBRN pelo Sergio Oliveira e por mim, Paulo Pereira. Cito, então, a seguir, o referido código: “1-A nudez é solução e toda a malícia será castigada. 2- O naturismo não deve ser nunca um mero modismo, mas uma consciente opção de vida (forma de comportamento)”. Observação: para que se estabeleça o princípio da verdade, da verdade natural nua, é mister encarar o corpo humano com respeito e dignidade, quer dizer; sem tabus ou preconceitos; o que a natureza cria não pode merecer castigos, da mesma forma que o naturismo não pode ser tratado como simples modismo ou onda, dando vez e voz a quaisquer atitudes oportunistas. “3- A verdadeira prática nudista começa na mente, pois é sempre mais importante desnudar-se psicologicamente do que simplesmente despir-se. 4- O naturista deve reagir sempre serenamente contra as formas de vida excessivamente artificiais, buscando sempre restabelecer o equilíbrio individual e coletivo”. Observação: é indispensável salientar (e repetir) que não basta tirar a roupa para ser naturista; para muitos teimosos ou obtusos, a simplicidade transforma-se em complicação; a mãe-natureza, enfatizo, não costuma dar saltos, nem aceitar julgamentos subjetivos; a naturalidade consciente, sem exageros, deve ser meio precioso de bem viver. “5- O naturista deve integrar-se no seio da natureza, visando o aprimoramento do corpo e do espírito (mente sã em corpo são), sem quaisquer preconceitos de classe social, de raça (ou etnia), de idade, de religião, de estado civil ou de orientação sexual. 6- A prática nudista, principal fundamento doutrinário do naturismo, nudez social integral, deve servir de base para uma melhor qualidade de vida e se educação, inclusive de jovens e crianças”. Observação: de acordo com o que estabelecem os “Estatutos da INF.”, são inaceitáveis os preconceitos de classe social, de raça, de idade, de religião, de ideologias, de necessidades especiais, de orientação sexual ou de estado civil; esses princípios oficiais devem ser acatados totalmente; a semi-nudez ou quaisquer atalhos em relação aos fundamentos não passam de invencionices descabidas. “7- O naturismo, como terapia, condena todos os excessos, e desaconselha o consumo de drogas que causem dependência. 8- O naturista, por coerência, deve procurar preservar o meio ambiente, promovendo sempre o respeito à vida”. Observação: está claro que a prática nudista-naturista busca, sobretudo, o equilíbrio, o bom senso, o auto-conhecimento, a fraternidade e a saúde físico-mental; viver é conviver. “9- Ser naturista é ser despido de violência; é ser fraterno sem ser promíscuo. "10- O naturista deve almejar o progresso espiritual, buscando a síntese transcendente do masculino e do feminino, procurando ser livre, consciente e, sobretudo, universalista.” Observação: o naturismo sempre procurou (oficialmente) a confraternização internacional, a comunhão nua junto à natureza, rejeitando todas as formas e matizes da violência, inclusive a psicológica; os humanos constituem uma só raça cientificamente e devem rejeitar preconceitos e intolerâncias. Reafirmo energicamente que o nosso código de ética não deve nem pode ser esquecido, relegado ao plano acessório. As eventuais exceções até podem existir, mas não podem constituir quaisquer regras bem concebidas. Sofismas e oportunismos não rimam com naturismo!... Em lugar de cordas, muros, cercas ou abismos, que cada naturista consciente consiga de fato construir mais pontes, procurando sempre atravessá-las com sabedoria. Muita gente boa desgastada pela falta de equilíbrio emocional, pelo desprezo (até doloso) do bom sexo e da tolerância inteligente. Falando de sabedoria e de equilíbrio emocional, destaco mais um excelente artigo de Martha Medeiros, na Revista O Globo, em 15/11/2009. Peço licença para citar Martha quase que na íntegra. Diz ela: _”Como sempre, nosso bem-estar emocional é alcançado com soluções simples, mas poucos levam isso em conta, já que a simplicidade nunca teve muito cartaz entre os que apreciam uma complicaçãozinha. Acreditando que a vida é mais rica no conflito, acabam dispensando esse pó de pirlimpimpim...” Eu tenho constantemente ressaltado que o naturismo, por exemplo, é essencialmente natural e muito simples,mas há um bando, de longa data, tentando complicar; são os príncipes da briga, da discussão vazia, do exibicionismo de falsa erudição, do egocentrismo mal disfarçado. Até quando? Mas vamos prosseguir citando o artigo de Martha Medeiros : _”Para ser amigo de si mesmo é preciso estar atento a algumas condições do espírito. A primeira aliada da camaradagem é a humildade. Jamais seremos amigos de nós mesmos se continuarmos a interpretar o papel de Hércules ou de qualquer super-herói invencível. Encare-se no espelho e pergunte :quem eu penso que sou? E chore, porque você é fraco, erra, se engana,explode, faz bobagem. E aí enxugue as lágrimas e perdoe-se, que é o que bons amigos fazem: perdoam,” Todos nós conhecemos certamente um punhado de caciques, de gurus, de donos da verdade, de cientistas sem diploma, de policiais sem farda, de santos sem auréola... Basta de jeitinho tolo, de hipocrisia, de pseudo-ciência e de insegurança agressiva!... É hora de somar. Mas vamos reproduzir mais um pouco o artigo de Martha, uma lição de bom senso: _”Ser amigo de si mesmo passa também pelo bom humor. Como ainda há quem não entenda que sem humor não existe chance de sobrevivência? Já martelei muito nesse assunto, então vou usar as palavras de Abrão Slavutsky: Para atingir a verdade, é preciso superar a seriedade da certeza”. É uma frase genial.O bem humorado respeita as certezas, mas as transcende. Só assim o sujeito passa a se divertir com o imponderável da vida e a tolerar suas dificuldades”. Tem muita gente mal-humorada, sempre com raiva, com medo, com certezas demais... Para os idiotas da mera objetividade, transcender é impossível; negam ma tentativa de afirmação. E afirmam negando o outro, o diferente, e até as leis democráticas estabelecidas. Martha Medeiros conclui, serena e sábia : _ “Faça o bem para si e acredite: ninguém vai se chatear com isso. Negue-se a participar de coisas em que não acredita ou que simplesmente o aborrecem... Pare de fazer fantasias, sentir-se perseguido, neurotizar relações, comprar briga por besteira, maximizar pequenas chatices, estender discussões, buscar no passado as justificativas para ser do jeito que é, fazendo a linha “sou rebelde porque o mundo quis assim”. Sem essa. O mundo nem estava prestando atenção em você, acorde”. Eis uma lição magnífica! Seria bom que alguns pseudogurus acordassem de seus delírios megalomaníacos e egoístas, que tanto cansam os demais. Os complicados, os donos da verdade (mas qual será essa verdade?), os síndicos de arraial e os especialistas de generalidades (do nada) são insones, incansáveis. Mas ainda há esperança. Enfatizo firmemente que devemos e precisamos cultivar a paciência, a tolerância e a benevolência, como ensinam os grandes mestres budistas. Creio que o naturismo deve ser fraterno sem ser promíscuo, alegre sem ser debochado, bem informado sem ser sofisticado ou erudito. Arbitrariedade não é justiça; a meia verdade é realmente uma grande e completa mentira. O bom naturista precisa de consciência, de referência e de atitude adequada. A prática naturista, já centenária, não pode ser influenciada por quaisquer surtos de vaidades pessoais. Quando falamos em surtos de vaidades, certamente podemos considerar, sobretudo, a falsa erudição, a burrice meio refinada... A propósito, Arnaldo Jabor, O Globo de 24/11/2009, escreve sobre essa praga da burrice muitas vezes institucionalizada. O cronista-cineasta comenta: _”O bom asno é bem-vindo, o inteligente é olhado de esguelha. Na burrice, não há dúvidas. A burrice não tem fraturas... A burrice é a ignorância com fome de sentido.” Lapidar! Enfatizo sempre a importância impar do conhecimento, da boa leitura (que nunca causa azia), do acatamento inteligente dos fundamentos consagrados, sempre com muita simplicidade e despojamento ( mas sem simplismos ou atalhos), inclusive na prática nudista-naturista. Repito: a pseudo-sabedoria é a forma mais refinada da ignorância. Continuo, mesmo cansado de tanta insistência, ressaltando que certamente há muitos caciques para poucos índios entre nós, o que contribui eventualmente para inúmeros episódios (minoritários ) de atitudes ignorantes com pretensão de exatidão ou correção... Burrice cansa. O naturismo autêntico (refiro-me especialmente do naturismo brasileiro já afirmado) precisa, mais do que nunca, manter-se engajado, distante das politicagens rasteiras e dos casuísmos descabidos, sempre fiel às raízes histórico-filosóficas. É tempo da razão bem educada. Rio/ 2009-11-27 *Paulo Pereira é biólogo, estudioso do naturismo e ex-presidente da Rio-NAT
Direito de Resposta
Na edição nº 108 (novembro de 2009) deste jornal Olho Nu, nesta seção “NATuralmente”, publicou-se um texto do escritor Paulo Pereira no qual alega-se que subgrupos dentro do movimento naturista seriam “um absurdo sem sentido”, como tentativas de “criar muros ao invés de pontes”, como tentativas de “separar, pois, os naturistas por questões sociais ou religiosas, por exemplo” e que “constitui flagrante desacato aos fundamentos da I.N.F. e aos reais princípios da vida naturista”. E no mesmo texto o grupo Naturistas Cristãos é nominalmente citado, entre outros, como sendo um destes grupos, qualificados por ele como “separatistas”. Segundo o mesmo o intuito de grupos como este seria “tentar dividir para reinar”.
Leia na íntegra o texto de Estevão prestes, clicando aqui
(enviado em 13/11/09 por Estevão Prestes) |
||