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Jornal Olho nu - edição N°113 - abril de 2010 - Ano X |
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Fãs do Naturismo e da natureza debateram o futuro da praia Brava texto e imagens por Richard Pedicini*
As possibilidades que naturismo oferece ao turismo foram debatidas sexta-feira à noite no Residencial Praia Brava, ao pé da trilha da Praia Brava.
Arnaldo Soares, que desceu a serra para participar da reunião, e voltou ao Mirante do Paraíso para cuidar dos seus fregueses antes de tomar café no sábado, descreveu a reunião como ambos os lados tentado vencer desentendimentos e preconceitos.
Antes da reunião, os naturistas estavam aproveitando da zona naturista decretada no Residencial Praia Brava para este fim de semana, para fugir do calor. Quando a hora do debate se aproximou, Arnaldo disse que como os representantes da prefeitura não estavam acostumados com a naturismo, para deixar eles mais à vontade, ele ia colocar a bermuda, e quando os primeiros representantes da comunidade chegaram, já encontraram todos vestidos, pelo menos de canga.
Representes do naturismo além do Conselheiro Maior Arnaldo, incluíram os filhos do presidente da FBrN Alexandre Tannús e Tiago Tannús, este Secretário da FBrN, e Laércio Júlio da Silva, presidente de Goiasnat, em grande parte responsável para a iniciativa da designação da Praia Brava como primeira praia naturista oficial de São Paulo. A caravana do Planalto Central estava representada com oito integrantes.
Enquanto um representante da Prefeitura de São Sebastião era esperado, um secretário entregou um ofício lamentando que, devido a compromissos anteriormente assumidos, não poderia comparecer. Depois que o debate já estava iniciado, porém, chegou Edson Lobato, o diretor do Parque Estadual da Serra do Mar, que veio direto de um outro compromisso em Ubatuba para o debate.
Chegaram da comunidade representantes do ONG Ambrava, inclusive seu presidente Marcelo Cavalheiro, e residentes locais. A preocupação principal, conforme Arnaldo, foi a preocupação de que a designação da praia como naturista significaria que os próprios residentes locais teriam que tirar a roupa, os que não fizessem teriam que abandonar a praia.
Arnaldo disse que tentou logo assegurar que os naturistas não vinham para Boiçucanga para expulsar ninguém. Nada impediria que a praia seja compartilhada de forma pacífica.
Ambrava expôs o trabalho que desenvolve há anos junto à Praia Brava, os projetos que tem registrado para desenvolvimento sustentável, e explicou como seus representantes foram recebidos recentemente em Brasília.
Edson Lobato foi acompanhado por várias guarda-parques, um dos quais, Samuel Alves, me contou na praia o teor do que Edson falou. A Praia Brava "recebe diversas tribos", e fechar para somente um, naturistas, "não daria". O corredor é uma área de relevante interesse ecológico, sendo usado para pesquisa por biólogos, e usado para educação ambiental por escolas, inclusive de nível fundamental e médio.
Ele levantou também a dificuldade de socorro na praia, que é de acesso difícil, até socorro por mar sendo as vezes impossível. Devido ao mar revolto, "não seria o lugar ideal" para uma praia naturista, Edson disse.
Outras três opções
Porém, ele sugeriu que há três outras praias na região que poderiam ser mais adequadas para a prática de naturismo. [Não peguei os nomes]. Uma, em Boiçucanga, é utilizada no lado esquerdo, o direito fica quase deserto, e é perto da pista e do pronto-socorro.
Guardas-florestais para manter a paz
Edson disse que providenciaria três guardas-florestais para assegurar que o uso naturista da praia neste final de semana correria sem interferência com os naturistas, e de fato eu os encontrei na Praia Brava sábado de manhã. Sábado à noite, uma viatura da PM apareceu na Residencial Praia Brava para certificar que tudo correu bem, que os naturistas não encontraram problema nenhuma, e para dizer que, se tivesse sido informado anteriormente do evento, teria fornecido proteção.
Estrada antiga não pode ser reaberta
Um possibilidade levantado pelo Marcelo Cavalheiro da Ambrava foi de reabrir a antiga estrada, que antigamente era transitável por jipe. Porém, o diretor Edson disse que a estrada já fechou e virou trilha, e reabri-la causaria dano ambiental, que é proibido por lei.
Terreno da Canecão
O terreno da Praia Brava pertence ao dono da casa de show Canecão no Rio de Janeiro. Faz 17 anos seu caseiro Geraldo mora dentro do terreno, numa casa amarela no lado esquerdo na descida, depois da porteira de Petrobrás. O dono também mantém há 17 anos um projeto de construir um hotel no terreno.
Conforme os guardas-florestais, o estado tem interesse em comprar o terreno, mas não chegou a um acordo com o dono. Geraldo o caseiro disse que o governo cobra impostos do seu patrão, que os paga, e que há negociações envolvendo permutas, e que parte do terreno pode ser explorado, dentro da lei.
Conforme os guardas, a casa do caseiro não está incluso nos planos de tirar moradores, e Geraldo não parece preocupado que um resort o tirasse do lar tão cedo assim. Mas reclama que ninguém pediu permissão do patrão sobre o uso naturista deste final de semana, e não gostou de gente nua em frente da sua casa. Mas forneceu uma garrafa de água de cachoeira, fria e deliciosa, para as pessoas que chegaram na sua porta sedentos da subida.
Saldo positivo
Na visão de Laércio, “O debate foi no sentido de abrir portas na comunidade para a proposta, o que foi aceito. Agora contamos com uma inserção maior na sociedade que está nos ajudando a escolher um local, mesmo que não seja na Praia Brava. Voltaremos a intervir no futuro, agora com ajuda da comunidade.”
Devido aos fatores geográficos, Praia Brava pode não ser a opção ideal para uma praia naturista paulista. O exame das outras, sugeridas por Edson Lobato, pode revelar um lugar que reúna as condições necessárias, incluindo acessibilidade, segurança, privacidade, e quem sabe areia branca, vegetação tropical, e sombra e água fresca.
Leia também: Entrevista com Paulo Ivo, o pai da ideia As notícias que prepararam o evento
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