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Jornal Olho nu - edição N°118 - setembro de 2010 - Ano XI

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Entrevista com o polêmico Zé Celso,

sem papas na língua

por Renata Magnenti*

Martinez dispara: "Num local quente como Manaus todos deviam poder andar pelados"

Teatrólogo fala sobre nudez nos espetáculos e a conturbada vinda de ’Dionisíacas’ para Manaus. Zé carrega ideias inovadoras e opiniões irreverentes que você confere aqui.

Polêmico, o teatrólogo Zé Celso Martinez traz para Manaus a turnê ’Dionisíacas em Viagem’, para três dias de apresentações no Balneário do Sesc (entre 4 e 6 de setembro).

Na bagagem, além dos espetáculos ‘Taniko’, ‘Cacilda’, ‘Bacantes’ e ‘O Banquete’, Zé carrega ideias inovadoras e opiniões irreverentes que você confere na entrevista a seguir.

Como se deu a criação da ’Dionisíacas em Viagem’ e como foram escolhidos os quatro espetáculos que integram a turnê?

Foto: Divulgação

Peça Bacantes, de Zé Celso

Os espetáculos foram escolhidos em torno da busca do Teatro de Estádio, que por sua vez leva ao retorno do momento em que o teatro mais teve poder na história da humanidade: o da tragédia grega, em que o teatro era como o Carnaval, uma instituição cívica. Quer dizer, da cidade toda, e não somente de uma parte dela. Por isso o grão, o núcleo das ’Dionisíacas’ é ’Bacantes’, que por sua vez, gera o ’Banquete’, que é uma comemoração em torno do sucesso do ator que faz Dionísios, o deus do teatro, do vinho. E se chega nela através do ’Fio do labirinto de Cacilda Becker Ariadne’ na peça ’Estrela Brasileira a Vagar Cacilda!’. E se começa pela viagem de ‘Taniko’ , na calma, no estado zen do ’Nô Bossa Nova Trans Zen Iko’.

Você é conhecido por trabalho único e que abusa do nu. Acha que o nu inibe o público?

Foto: Divulgação

Cacilda, que mostra forte influência do teatrólogo

Não, libera. No Centro Cultural da Prefeitura no Bairro de Peixinhos, entre Recife e Olinda, até o chefe do tráfico ficou pelado. O amor livre, o que chamam de indecência, pouca vergonha, é o maior fator de educação, formação cultural do ser humano, nos ensina o óbvio. Quem sabe ousa viver seus prazeres, é livre, é um cidadão politizado, não se deixa arrebanhar. Pois retornamos a nossa condição humana sem catequese, como diz Oswald de Andrade, ”pra comer e pra trepar, todos nascemos preparados”. Mas os donos do povo querem fazer os humanos esquecer esta obviedade.

(Nota: O Bairro de Peixinhos foi onde o Teatro de Estádio foi montado em Recife, durante a turnê das ‘Dionisíacas em Viagem’ este ano. Trata-se de uma grande comunidade localizada entre Recife e Olinda, com questões sociais semelhantes às das comunidades periféricas dos grandes centros urbanos brasileiros. Lá, a população compareceu – e interagiu – em peso às apresentações, com diversas pessoas tendo que voltar da porta por causa do sucesso)

Como caracteriza o uso nu no palco? Qual a inspiração para que o nu incorpore os seus espetáculos?

Não se ’usa’ o nu. Ainda mais num lugar quente como Manaus, todos deviam poder andar pelados, se quisessem, como os índios. A inspiração da nudez é a mesma do retorno à fonte da vida, ao amor, ao fazer amor, ao tomar banho, ao nosso nascimento. Quem tem medo das partes que nos deram a vida são burros, otários, cegos, dominados, escravos.

Leia a matéria completa na fonte original: http://www.d24am.com/plus/artes-shows/entrevista-com-o-polemico-ze-celso-sem-papas-na-lingua/6279

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(enviado em 31/08/10 por Claudinei Viana)

A partir deste ponto, republicação e/ou atualização das notícias e informações publicadas na seção Últimas Notícias entre 2 e 31 de agosto de 2010


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