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Jornal Olho nu - edição N°120 - novembro de 2010 - Ano XI

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A NUDEZ INFANTIL EM LED ZEPPELIN    

Por Jorge Bandeira*

Em meados da década de 1970 o grupo de rock Led Zeppelin, expoente maior do nascente rock “pesado”, era conhecido mundialmente. Jimmy Page(Guitarra), John Bohann(Bateria), John Paul Jones(Baixo), Robert Plant(Vocal) eram os músicos desta consagrada banda, e que tiveram capas de seus discos elaboradas de forma antológica, uma dessas capas foi a de HOUSES OF THE HOLY (Casas Sagradas), com duas crianças nuas como modelos.

Vale lembrar que esta capa foi censurada  em alguns países, como por exemplo a região Sul dos Estados Unidos, a Espanha e até mesmo no Brasil da época da ditadura a capa foi sutilmente censurada, onde em algumas edições um selo ridículo cobria o quadril da garotinha nua do primeiro plano, e no lugar de seu bumbum o selo trazia o nome do grupo Led Zeppelin e o nome do álbum Houses of the Holy, assassinando, assim, a bela imagem integral do fotógrafo e do ilustrador, acabando com a aura de mistério que a capa determinava, especialmente pela visão mística de Jimmy Page, o maior interessado em ciências Ocultas da importante banda.

As crianças que aparecem multiplicadas na capa de referência à nudez e ao sagrado do Led são os irmãos stefan e Sam Gates, hoje Stefan é apresentador de um programa de variedades sensacionalista, tem 40 anos hoje(2010) e sua irmã Sam, que aparece nua na capa com ele,  escalando a montanha sagrada, tem hoje 42 anos. Na época stefan tinha 5 anos e Sam, 7 anos.

O local das fotos foi o monumento holístico Giant’s Causeway, na Irlanda do Norte. As fotos iniciais foram feitas pelo fotógrafo Aubrey Powell,  da empresa artística Hipgnosis, que fazia também algumas capas de disco para o Pink Floyd. Trata-se, artisticamente, de uma fotomontagem, onde as fotos das crianças nuas foram multiplicas sob diversos angulos, aplicadas em seguida numa foto de plano geral do monumento sagrado arqueológico, trabalho feito minuciosamente pelo artista gráfico Phil Crenwell, bem antes dos fantásticos recursos oriundos da era da informática, como o photoshop, por exemplo. Foi um trabalho de certa forma artesanal, de difícil execução e acabamento.

O resultado final, que você comprova acima, é de enebriar os olhos. É arte pura e delicada, como as imagens das crianças nuas, que sobem as encostas sagradas, numa pureza natural e ao mesmo tempo misteriosa. A nudez, aqui, é a representação deste rito iniciático, onde a nudez infantil é tida como usufruto natural e espontâneo, onde a imagem da pureza confunde-se com as do monumento, crianças nuas e pedras permanecem assim, lisas e nuas, até o infinito de nossas mentes.

Por trás desta escalada de religar o ser humano ao cosmos, eis o Sol, nosso símbolo maior do Naturismo. A ligação perfeita entre a natureza, o mistério da existência e as crianças em toda a espontaneidade e deslumbramentos. A inspiração para esta capa foi o conto de Arthur C. Clarke, o gênio literário da Ficção Científica, o conto chama-se “Childhood’s End”, onde uma família nua(naturista) escala um monumento sagrado.

Arte e nudez irmanados e que hoje são verdadeiros clássicos da produção gráfica e fotográfica. As músicas do Led Zeppelin merecem outros estudos, mas esta capa, singela, bela e que insere a nudez infantil de forma tão mágica e elegante, nos permitem considerar a possibilidade de avistar um mundo melhor, pela opção pela nudez verdadeira e transcente, feita a das crianças nuas que se verticalizam até o infinito, numa viagem e peregrinação em busca de algo que se perdeu ao longo do avanço civilizatório, e do qual a nudez, em certo sentido, ajudaria ao ser humano encontrar, por trás das montanhas sagradas das sensações.

*Jorge Bandeira é escritor e crítico de arte, naturista e um dos fundadores do GRAÚNA, Grupo Amazônico União Naturista.
Manaus, 28 de setembro de 2010.
Contatos com o autor: vicaflag@hotmail.com
Site do Graúna:  http://www.graunaam.com.br

(enviado em 26/09/10 por Jorge Bandeira)

Veja outra matéria sobre nudez infantil na arte publicada no OLHO NU edição 98, de autoria de Fellipe Barroso


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