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Jornal Olho nu - edição N°124 - março de 2011 - Ano XI

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 POLÍTICA E NATURISMO

por Evandro Telles*

O Naturismo quando vivido e praticado com simplicidade, no silêncio e consciente, cria um clima de harmonia e paz. Esse pacifismo não é tão somente para com outras pessoas, mas também com o próprio indivíduo. As preocupações com a beleza e as imperfeições desaparecem. Como muito bem retratado pelo historiador Viegas Fernandes da Costa, em seu artigo “Sobre a Nudez Social”, que diz: Ao despir-me, reconheci a “graça” em mim, o “cuidado de si” não para atender às necessidades estéticas do outro, mas para a minha conciliação comigo mesmo, em um processo de reconhecimento da minha integralidade. Bravo!!

As preocupações excessivas com relação à nudez, não é só um produto de uma sociedade mercantilista que fez do corpo algo para ser vendido, mas também de pessoas moralistas que induziram ao pensamento de que toda nudez será castigada. Absurdos de mentes doentias que não conseguiram desenvolver com dignidade a espiritualidade e em tudo vê coisas erradas e pecaminosas.

A prática do Naturismo consciente nos remete para o entendimento e aceitação da nossa essência como ser humano. O conhecimento desse estilo de vida traz uma nova perspectiva com relação ao corpo humano, passamos a SER mais. Esse é o real valor do conhecimento, de que adianta falar e saber muito sobre amor e nunca ter vivido um? O conhecimento verdadeiro da nossa natureza muda o indivíduo que reflete nos seus relacionamentos sociais.

Lao Tzu, fundador do taoísmo, uma das religiões mais antigas e importantes da China, disse: “Dou-lhe três tesouros, um tesouro é o amor, o segundo é nunca ir para o extremo e o terceiro é ser natural”. Esses tesouros não têm sido observados em nosso cotidiano, assistimos muita violência e agressão, a falta de tempo com excesso de compromissos deixa o indivíduo no extremo de sua capacidade física e assim perde o contato com a sua própria natureza. Isso é lamentável!

Nos relacionamentos humanos existe política em todo lugar, e é uma doença que precisa ser tratada porque ela tem origem na ambição humana. O desejo de poder, de domínio sobre os outros e, do mesmo modo que o moralista, a política tem duas portas: Aquela que tenta mostrar o que não é, e a verdadeira, a própria natureza que não há como negar. Em outras palavras, o discurso é um o real é outro.

O homem incapacitou a mulher. Isso é política.

Metade da humanidade é constituída por mulheres. O homem não tem direito algum de incapacitá-la, mas por séculos ele a tem incapacitado completamente. Ele não permitiu que ela tivesse acesso à educação. Ele não lhe permitiu sequer que ouvisse as escrituras sagradas. Em muitas religiões eles não permitiram que elas entrassem nos templos. Ou, se permitiram, elas tinham uma seção separada, elas não podiam ficar ao lado dos homens como iguais, mesmo perante Deus. (...)

O homem tem tentado de todas as maneiras cortar a liberdade da mulher.

Isto é política; isto não é amor.

Você ama uma mulher, mas não lhe dá liberdade. Que tipo de amor é este, que tem medo de dar liberdade?

Você a coloca numa gaiola como papagaio. Você pode dizer que ama o papagaio, mas você não entende que o está matando.

(texto extraído do artigo “Política é uma doença” de Osho).

O Naturismo quando colocado num discurso político se torna feio, distorcido e recheado de contradições, o enfoque é diferente. Na essência do Naturismo encontramos a beleza, a liberdade e a contemplação da vida neste universo morto. A estatística da existência da vida pode ser comparada a um atirador que se encontra nos Estados Unidos e acerta diversas vezes uma mosca na França. Somos uma espécie rara, surgida ao acaso ou não, isso não importa, deveríamos todas as manhãs soltar rojões para festejar um novo dia.

A natureza nos mostra todos os dias algo grandioso para celebrarmos. Ao falar, perdemos um momento precioso para contemplar, a maior tolice que podemos fazer é falar qualquer coisa, tentar politizar essa beleza é, no mínimo, pura ignorância.

Viver o Naturismo não é fácil como se imaginam, a nudez é um pano de fundo, o que importa é a consciência dela, onde reside toda a liberdade que o ser pode experimentar e almejar. Dentro dessa consciência não é preciso de política alguma. Que tipo de política poderia ser aplicada na vastidão da existência? Nenhuma, porque será ineficaz, desnecessária.

É preciso ser entendida essas questões nos meios naturistas, porque só podemos defender algo com atitudes coerentes com a própria natureza. Quem é livre deixa o outro livre também, não tem como ser diferente. Fora isso é só política, só discurso evasivo.

Naturismo não é trampolim para obtenção de poder, status ou para ficar em evidência na mídia, isso é política. Naturismo é para fazer com que os seus praticantes tenham dignidade e transparência em sua plena nudez. Se ainda não for suficiente, para ser naturalmente naturais.

(enviado em 11/02/11)


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