Mirante celebra nono Aniversário com novos horizontes
Houve
um público recorde para a festa de aniversário do Mirante do Paraíso
perto de São Paulo, com 120 no sábado, 5, e outras no domingo, 6 de
fevereiro, elevando o total acima de 200 pessoas. Arnaldo Soares chamou
a família toda para ajudar, inclusive a neta e uma amiga, e o
bartender Alex e um garçom para quem a festa era seu primeiro
emprego, trouxeram cadeiras e mesas para mobiliar o pátio em volta da
piscina e sobre o gramado, onde o churrasco foi servido.
A festa foi marcada por dois “vôos cênicos” do mesmo helicóptero,
entrevistas para a revista Vale Paraibano de São José dos Campos.
Eduardo Oide falou com charuto na mão do futuro do turismo naturista, e
sua filha Luana e uma turma de amigas explicaram porque é tão difícil
levar homem para lugar naturista. E Arnaldo contou como o futuro dele e
o Mirante estão além do naturismo.
Mirante e Arnaldo buscam horizontes além do naturismo
O
sítio de Arnaldo não é o único lugar em Igaratá que tem piscina,
restaurante, e campo de esportes, e ele o está alugando durante a semana
para empresas fazerem festas de confraternização, para grupos da
terceira idade, e para igrejas. “Eu removo as fotos das festas
naturistas antes que os grupos cheguem, e ninguém fica sabendo. Os
grupos de terceira idade gostam muito da piscina aquecida e da sauna.
Gostam também de dançar.”
“É muito pouco ainda, mas já deu para aumentar o faturamento em
10%”.
Ele contra que uma firma veio para o Mirante porque foi indicado por
um naturista que lá trabalha. Eles contrataram uma banda que Arnaldo
gostou, e ele os contratou para a festa do nono aniversário.
“O Mirante é o estabelecimento mais conhecido da cidade. Quando
alguém de fora não sabe onde é Igaratá, quando fala ‘onde há o espaço
naturista’, já sabem.” Arnaldo é agora presidente do Comissão de Turismo
de Igaratá, e pretende dedicar mais tempo quando sair da FBrN.
Há desafios. “Igaratá é enorme em área, mas a população é somente 15
mil. Há muita gente que vem porque eles tem sítio ou casa na represa,
mas isso não é propriamente ‘turismo’.”
A festa de aniversário de Mirante deu, entre 120 no sábado e mais
outras no domingo, umas 200 pessoas, mais que no ano passado ou qualquer
outra. Houve 170 numa única dia na festa de Paulinat no final do ano
passado.
Quando Alex, o barman do Mirante, foi para Praia do Pinho com
17 anos, ele usou sunga na praia. Seu primeiro trabalho no Mirante foi
porque uma amiga tinha um casamento e precisava alguém para cobrir a
folga.
Domingo, ele estava servindo cerveja e caipirinhas somente de canga.
“Sempre estava sem coragem para fazer naturismo. A primeira vez foi na
festa do NIP, durante o baile, quando me convidaram para dançar. Esta é
somente a quarta vez, mas já me sinto em casa”. Continuou, “Se eu
soubesse que a gente podia tirar roupa neste calor, eu teria tirado faz
tempo”.
Durante a semana Alex trabalha na prefeitura de Igaratá, na sala ao
lado do prefeito, e ”levo panfleto do Mirante para todo lugar” sem
constrangimento.”
Porém, ele contou da dificuldade em encontrar uma área naturista.
Ele conta ter ido para Praia Brava em Caraguatatuba, depois de ter
encontrado a indicação num site. “Caminhamos horas a pé, e chegando na
praia eu e meu primo arrancamos a roupa e sentamos numa pedra. Chegaram
três caiçaras, e perguntamos onde estavam os naturistas. Responderem que
não tem esta coisa de nudista aqui, e ameaçaram chamar a polícia.”
Alex pediu o contato do NIP, que não tinha. Já está na lista, e sua
próxima aventura naturista deve ser menos aventuroso.
Para Gustavo, estudante, este final de semana era seu primeiro
emprego. Arnaldo precisava de ajuda, e a mãe de Gustavo já trabalhava no
Mirante. “Dois dias já deu para acostumar”, ele disse, mas apesar do
calor e o exemplo de Alex, estava de bermuda e camisa. Ele não pensa em
contar para os colegas da escola - nem pensa em tirar a roupa
“É difícil algum homem …”
A filha de Eduardo Oide, Luana, estava com um grupo de amigas no
Mirante. Para Luana, é geralmente Mirante, e sempre amigas. Já trouxe
umas dez para conhecer naturismo.
Ela cita Mirante como sendo conveniente para ela, já que mora no ABC
paulista. Também, ela disse que não participava dos eventos do PauliNAT
porque “Não tenho o e-mail de informações, não sei quando tem evento. “
Sentada com uma fileira de amigas na banca abaixo da bandeira do
Mirante, Luana explicou porque ele convide somente amigas - “Sempre
mulheres”.
“As meninas vão dominar o mundo”, contribuiu uma, em tom de
brincadeira.
“Homens novos são todos bobões!”, afirmou outra.
“E os velhos também”, afirmou Tânia, que aparentava uma década a
mais que as outras.
“Eles têm medo”, ouvi. “Medo de comparação, medo de que vai
acontecer alguma coisa constrangedora.”
Luana se formou em turismo antes de ir ajudar o pai na agência MDM,
e seu trabalho de término de faculdade, feito em grupo, era sobre
naturismo. Bruna, que estava junto no aniversário de Mirante era também
parte do grupo, que contava com cinco meninas e um menino.
“Só as meninas participaram do trabalho de campo, conhecerem o
naturismo. Ele ficou com vergonha.” Vergonha de que? “Ele tinha medo que
as meninas iam ver, e a faculdade inteira ficaria sabendo como ele era.”
Para
Eduardo Oide, o futuro é comercial
Eduardo Oide da MDM Turismo declara que o turismo naturista está em
“plena entressafra”, e considera que “a única saída” para o naturismo
brasileiro está em empresas de fins lucrativos, como em outros países.
Ele vê uma retração mundial no turismo naturista, e uma tendência
mundial de crescimento do turismo “sensual”. Ele "está crescendo mais
que o turismo naturista tradicional, como se observa em países como
França, México e Estados Unidos. Praia do Pinho é o empreendimento
naturista mais lucrativo do país, e ele vendeu pouco para o CongreNAT,
porque principalmente houve pouco lugar disponível para vender".
“As associações estão fechando, como o PauliNAT, ou está naquele
‘balança mas não cai’. Eu disse para Elias que, se ele saísse do PlaNAT,
o PlaNAT acaba. PauliNAT acabou mesmo. Eu gostaria que fosse diferente,
mas não há mais espaço para associações. Manaus tem o que?, poucos
sócios, e uma reunião por mês. Vai bem?”
Eduardo identificou áreas naturistas que estão indo bem. “A Colina
está se re-erguendo, desde que passou a ser 100% comercial. “
Ele continuou, “A Praia do Pinho é a entidade comercial no turismo
naturista mais lucrativa do Brasil, e não é coisa pequena. Estão
cobrando R$400 por noite no Carnaval, sem café de manha, e não tem mais
lugar.”
“A AAPP está bem por causa da empresa, do complexo turístico.”
Eduardo classifica as vendas para CongreNAT como “razoáveis”, mas
explica que “A divulgação foi fraca pela mídia tradicional, mas isso foi
intencional, devido à disponibilidade limitada. Eu tinha só vinte
apartamentos disponíveis na tarifa especial, e os apartamentos mais
baratos, sem banheiro, vendi tudo na primeira semana. Em Balneário
Camboriú, R$180 é o mais barato, e não adianta eu oferecer apartamento a
R$200, sem café. Naturista não paga.”
Para Eduardo, no mundo todo, naturista não gosta de gastar. “Ele tem
o dinheiro, mas não paga. É mundial. Somente o americano paga caro.”
Olhando o turismo naturista mundial, Eduardo vê um recuo desde a
crise mundial de 2008, cuja recuperação, no entanto, não está
revertendo. “O turismo naturista francês recuou em 2010, e a Croácia,
que mais cresceu até três anos atrás - e onde será o próximo congresso
do INF, também está parado. É uma mudança do comportamento do público,
mas ninguém consegue identificar porque.
Turismo “sensual” em alta
Em contraste, o turismo “sensual” - quer dizer, sexual (aparte do
autor da matéria) - está em alta. Eduardo contou sobre um cliente que
recentemente foi para o México, para ficar seis dias num resort
naturista, Hidden Beach, bastante calmo - e seis num “resort
sensual”, um lugar “95% agitação”. O cliente ligou e mudou a reserva,
para ficar mais quatro noites - com a agitação.
Ele falou de vários resorts no Caribe, destacando um “resort
single” como sendo um “sucesso absoluto”. Porém, nenhum operador de
turismo brasileiro aceita representar estes lugares no país. As exceções
são Hedonism e Grande Lido, que fazer parte do rede Superclubes, que
opera outros empreedimentos no Brasil e tem um escritório próprio em São
Paulo que responde pela América do Sul inteira.
Para Eduardo, o naturismo está aceitando mais o “sensual”. “Quando
fui para Cypress Cove dez anos atrás, vi o monumento marcando a fundação
em 1928, e li as regras. Eram tão rigorosas que se despir em público
era motivo de expulsão e beijos e abraços nem pensar. Por coincidência,
no mesmo mês que estive lá, a revista Viagem da Editora Abril fez uma
reportagem deste resort, e menciona essas regras. Hoje todos tiram a
roupa em público sem serem punidos como a 10 anos atrás, sendo que
podemos classificar até como uma strip-tease”
“Dos empreendimentos desfiliados por swing, mais de 80%
voltaram a ser afiliados. A INF não apoia, mas também não desapoia. O
Turismo sensual não concorre diretamente com o turismo naturista, embora
os empreendimentos (hotéis e resorts sensuais) disponibilizem praias de
nudismo.“
O turismo naturista é somente 5% do faturamento da agência de
Eduardo, que ele descreve com focado no “turismo Classe B”. “A classe C
compra da CVC, e a classe A tem seus próprios agentes. Como agente,
também vende os pacotes da CVC, mas perto de Tambaba por exemplo, eles
só têm um resort cinco estrelas. E quem vai pagar por cinco
estrelas para ficar o dia inteiro em Tambaba e só dormir o quarto? Eu
tenho contatos com as pousadas de Conde, com Damasceno e os outros, e
posso atender melhor o público naturista.“
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