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Jornal Olho nu - edição N°125 - abril de 2011 - Ano XI

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EXERCÍCIO DO NATURISMO

por Evandro Telles*

Duas coisas sempre andam juntas como irmãs siamesas, “o relaxamento e a consciência”. Nos países orientais é costume iniciar por meio da consciência que leva o indivíduo a não se identificar com o corpo e mente então, o relaxamento ocorre naturalmente. Já nos países ocidentais, que têm tradições e culturas diferentes, preferem de um modo mais difícil, iniciar pelo relaxamento. Um místico chamado Jabbar desenvolveu uma técnica em que as pessoas falavam, gritavam até cansarem e ficarem exaustas, para conseguirem relaxar elas tinham que jogar para fora todas as suas pressões sociais de origens políticas, religiosas, sociológicas e econômicas. Algo meio traumático, mas obtinha êxito, depois de liberadas essas pressões surgia a consciência.

Por isso que sempre digo que Naturismo é um estado de consciência, disse isso na mensagem enviada na posse da nova direção da FBrN. O Naturismo proporciona um relaxamento com relação as nossas formas, é um exercício mental para ficarmos livres da cultura do corpo perfeito e ao mesmo tempo joga-se para fora toda e qualquer identificação com esse corpo. Nós precisamos desse exercício, os índios não têm essa necessidade, por isso a nudez do índio é diferente da nossa, a deles já é natural.

Dizem as más línguas que o Naturismo é utópico por não considerar a sua sensibilidade com questões ambientais e seus relacionamentos de amizade e honestidade. Novamente existe uma confusão conceitual. A prática do Naturismo não faz ninguém um ecologista, da mesma forma que os cuidados que tenho para com os meus cachorros não me faz um veterinário. Naturismo é um exercício, uma porta de passagem para a consciência que tem reflexos no mundo social. O Naturismo nasceu com finalidades terapêuticas, mais tarde descobrimos que tínhamos mais doenças além das físicas. Consciência ambiental deve ser para todos, principalmente para aqueles que decidem que são os políticos, os empresários, os ecologistas, os ambientalistas. Podemos estar envolvidos com algumas das causas sociais tipo defesa dos animais, mas não é a finalidade principal do Naturismo. Não misturem estações porque não vai dar certo.

O exercício do Naturismo tem algo que nunca foi dito por ninguém e ao mesmo tempo revelado por grandes mestres da nossa história. Jesus, Buda, Lao Tzu, Heráclito e outros já tinham alertado sobre o valor do presente, a importância do agora. Não importa o passado, já foi e não tem como mudar, o futuro é pura ilusão. O que nos resta é o momento presente. O que tem a ver isso com o Naturismo? Pois é exatamente algo nunca antes explorado e argumentado, mas com certeza por muitos vivenciados.

Dizem esses mestres que temos que ficar atentos e ser observadores, ser testemunhas sem julgar coisa alguma. Como a nossa mente está quase sempre no passado ou no futuro o que pensamos também julgamos. Por exemplo, você vê uma flor e diz que ela é bela ou que não é, pronto, está feito um julgamento. Pensar é fazer avaliação, julgar. E se não puder julgar fica consciente. Por isso o Naturismo não pode discriminar ninguém, porque no momento que se rotula já estaremos julgando. Podemos concluir que o exercício do Naturismo pode fazer o indivíduo se voltar para o presente, onde realmente existe o poder, sem julgar coisa alguma. Paulo Pereira em seu livro Corpos Nus e alguns textos meus já foi dito que a Natureza não pede julgamento e não pede mesmo.

Qualquer discriminação que se faça não está em sintonia com a filosofia de vida naturista e nem mesmo com todos os ensinamentos que tivemos dos grandes mestres. Por isso ainda digo que o Naturismo é belo, porque é natural e qualquer coisa que venha contrariar a natureza só teremos mais distorções, inclusive com nossos pensamentos.

Tal como os exercícios numa academia o qual fazemos para que a nossa saúde seja melhor, o Naturismo deve ser exercitado para que sejamos mentalmente melhores, se não houver esse resultado não há porque ser naturista e estaremos cometendo um grande pecado. Para quem não sabe, a raiz da palavra pecado significa “falta de consciência”. Pode-se concluir que o exercício do Naturismo tem como finalidade obter a consciência da própria existência, onde encontraremos a igualdade na diversidade e o respeito para com a vida.

*Presidente da Grupo Naturismo Capixaba

 

(enviado em 21/03/11)


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