DIA
INTERNACIONAL DO NATURISMO
por Evandro Telles*
No
dia 05/06/11 comemoramos o Dia Internacional do Naturismo. No entanto, a
divulgação dessa comemoração quase não tem passado dos meios naturistas.
Em outras palavras, estamos escondidos fazendo a festa para poucos. Tudo
bem, somos minoritários. Mas um estilo de vida que possui valores
humanos de harmonia, amizade, respeito e integrada com a natureza
deveria ser divulgada em todos os meios de comunicação. E porque não é?
Falta conhecimento, cultura, informação e educação.
O naturista consciente
bate no peito e diz: “tenho orgulho de ser naturista” e faz o seu papel
de divulgador sem se importar com os conceitos ou deboches. O
historiador e escritor Viegas Fernandes da Costa em seu artigo “Sobre a
Nudez Social” diz: ...percebi a dimensão libertadora da nudez social.
Libertadora porque contribuiu, primeiramente, para um processo de
reconhecimento e aceitação pessoal, o que alterou estruturas internas,
psicológicas. Ao me aceitar com todas as marcas que me constituem e me
apresentam aos olhos do outro, nego a este outro o direito de me
envergonhar, porque não há corpo que não carregue sua parcela de “graça”
e “desgraça”.
Esse macaco presunçoso,
arrogante, preocupado com questões ambientais, atualmente cometendo
suicídio, começa acordar e ver que ele é parte da natureza. Os estudos
da física quântica mostram que de certo modo estamos interligados,
melhor dizendo, somos interdependentes, fazemos parte de um todo
indivisível, até mesmo com uma simples (simples?) ave. Foi preciso
desenvolver a física para saber o que já era do conhecimento de muitos
mestres orientais há muitos séculos atrás.
Refletir sobre o Naturismo
é, na verdade, fazer observações de como a natureza se comporta. Até
mesmo os maiores cientistas de nossa época faz reverências a ela. Sabem
que existe sabedoria e de uma harmonia oculta aos nossos olhos. Olhe
como o sol brilha! Essa luz não é só para você ou para mim, ela não faz
distinção. No entanto, a maioria de nós quer ser mais do que o outro,
querendo ser melhor na prática dos esportes, na profissão que exerce ou
no sexo que possui. Acredito que muitos se incomodem com o Naturismo por
ser uma filosofia de vida igualitária, e como querem ser mais...
Essas reflexões não param
por aí, volto citando parte do artigo do Viegas Fernandes da Costa
quando diz: “...Veja do final da década de 1990, que tratava da guerra
civil na Libéria. Chamou-me especial atenção uma fotografia que exibia o
cadáver de um homem nu que havia sido linchado pelos guerrilheiros e
abandonado à rua. Podia-se ver todo o corpo, suas feridas, a expressão
de dor na face inerte e as lanhuras nos braços e pernas.. Sobre o pênis,
entretanto, uma espécie de tarja. Fiquei me perguntando o que seria mais
obsceno: se a guerra civil e toda sorte de dor e destruição que esta
provoca, onde cadáveres humanos são abandonados insepultos em meio à
população que desesperadamente tenta sobreviver; ou se a exposição de um
pênis aos olhos de leitores pudicos que poderiam se escandalizar, dando
uma conotação sexual doentia a uma parte de um corpo humano barbaramente
torturado e morto. Encaramos com naturalidade a guerra, o genocídio, a
desestruturação social e a tortura, mas a nudez que nos cobre desde o
nosso nascimento é desnaturalizada ao ponto de um pênis supostamente
chocar mais que a própria barbárie da guerra. Há aqui, certamente, uma
inversão de valores sobre a qual devemos nos questionar e incomodar”.
Me incomodo com a inversão
dos valores ditados pelo social contra o mundo natural, mesmo me
sentindo às vezes impotente. Quando alguém faz algum tipo de comentário
pejorativo com relação ao Naturismo é porque esse não entendeu ainda que
a sua prática abrem as janelas dos olhos para enxergar a vida de um modo
diferente, numa outra perspectiva, sem hipocrisias.
Augusto Cury em seu livro
“Pais Brilhantes, Professores Fascinantes” diz: “Há um mundo a ser
descoberto dentro de cada criança e de cada jovem. Só não consegue
descobri-lo quem está encarcerado dentro do seu próprio mundo”. É um
grande problema na atualidade, os pais não têm tempo e fazem o mesmo com
seus filhos, o resultado só pode ser desastroso. O artigo postado por
Germano Woehl Jr, publicado também no meu blog disserta detalhadamente
sobre o transtorno da falta de contato com a natureza, vale a pena ser
lido.
Para aquele (a) que quer
conhecer o nosso grupo, venha, passe um dia com a gente e não precisa
ficar preocupado (a) em tirar as roupas porque nem isso será exigido de
você. Mas aviso antes, se está pensando em vir para observar os loucos
sem roupas, vai sair reconhecendo as suas próprias loucuras.
*Presidente do Grupo
Naturistas Capixabas
evandro.telles@terra.com.br
03/06/11
www.evandrotelles.blogspot.com