Daniel Santos da Silva é o presidente da SONATA, Sociedade Naturista de Tambaba, desde março deste ano. Foi eleito em meio a uma profunda crise na associação que gerencia a praia e, por consequência, também na própria organização da praia.

O jovem de 29 anos microempresário do setor de turismo tem um grande desafio pela frente: levar a harmonia para os diversos grupos naturistas que dividem o mesmo território. Cada grupo tem suas particularidades e nem sempre a convivência é pacífica.

Seu nome foi o escolhido por representar uma arejada jovem nos ares da praia, que vinha seguindo uma sucessão de crises, com diretorias depostas, renunciadas e até ex-diretor preso. Em meio a problemas financeiros graves, descaso de autoridades e práticas anti-naturistas se tornando epidêmicas, com sites na Internet divulgando e convidando as pessoas para participar desses atos obscenos. Ameaças de fechamento da praia, proibição da entrada de menores, além da construção de um condomínio beira-mar. Em meio a este prenúncio de caos, Daniel tomou posse.

Assumiu no auge da frequência de verão, a semana de carnaval, com apoio bastante significativo dos vários interesses existentes, na esperança de que Daniel pudesse dar nova dinâmica à praia, saindo um pouco da alternância de poder que marcou as últimas diretorias.

Daniel revela que três eventos agendados para os segundo semestre vão movimentar bastante a praia como o badalado campeonato de surf nu, em setembro, em outubro a festa de abertura do verão, promovido pelos comerciantes locais e em 10 e 11 de dezembro a SONATA vai estar realizando as festividades dos vinte anos de Tambaba.

Após a posse algumas diferenças significativas já foram notadas como a presença da 4ª Companhia de apoio ao turismo da Polícia Militar, que quase diariamente tem estado na praia, dando segurança e apoio.

Daniel é carioca de nascimento, mas com cinco anos foi morar em João Pessoa, e se considera mais paraibano do que carioca. Frequenta a praia há três anos. Seu debut na praia e no naturismo foi durante o Congresso Internacional em 2008, quando se encantou com a nova filosofia. Essa demora para a descoberta do Naturismo se deveu ao fato de ser casado na época com uma mulher que não gostava e ele não poder frequentar a praia sem companhia feminina. No Congresso essa regra não foi praticada, o que possibilitou sua descoberta.

É por causa desse fato que Daniel defende a bandeira da derrubada desta regra de homem solteiro ou desacompanhado de mulher não poder entrar. "Há muitos que gostariam realmente de vivenciar a experiência naturista, de forma honesta, mas são impedidos" declara.

Daniel diz que o após conhecer o Naturismo houve muita mudança em seu modo de pensar a respeito do ambiente, das relações pessoais. Acha que o Naturismo é muito mais que só tirar a roupa, e cita João Olavo que diz que "tirar as roupas no naturismo é apenas uma das camadas que tem que ser tirada. São várias outras etapas de consciência e de filosofia mesmo".

Percebe a si mesmo mais próximo das questões ambientais no seu dia a dia, como a água, limpeza e higiene.

Deixa, para finalizar, um recado para os ainda mais jovens do que ele que queiram experimentar o Naturismo: "Daqueles que vieram pela primeira vez, temos muitos relatos de que se libertaram de muitas preocupações que tinham com o corpo e a partir daí se auto descobriram. Quebraram barreiras e tabus. Abriram a mente. A vida não é só estética. Convido todos os jovens e as pessoas em geral pra conhecerem o Naturismo e se descobrirem."

*pedroribeiro@jornalolhonu.com

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