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Jornal Olho nu - edição N°132 - novembro de 2011 - Ano XII |
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AS PORTAS ABERTAS DO NATURISMO por Edson Medeiros* Uma das riquezas da via naturista é, certamente, a busca da vida em harmonia com a natureza, com o outro e com nós mesmos. Um aprendizado no qual, ao longo do caminho, vamos descartando não apenas as roupas, mas também os tantos “entulhos ideológicos” que nos distanciam do outro. O ser naturista começa no momento em que nos negamos a compartimentar o nosso corpo criando áreas tabus, zonas proibidas que devem ser encobertas, vedadas aos olhos dos outros como se fossem impuras. Passa também pela aceitação do próprio corpo, o reconhecer sem mágoas o que o tempo em nossos corpos escreveu. Este caminho ganha dimensão na medida em que o respeito pelo outro ganha concretude, quando reconhecemos e incorporamos o ideário do Naturismo, um modo de vida que busca congregar pessoas sem estabelecer diferenças sociais, etárias, de raça, cultura, religião e outras. Amplas e múltiplas são as portas do naturismo, todas abertas para a vida. Os naturistas, por princípio, aceitam a diversidade. São homens e mulheres que buscam criar um mundo melhor, onde as pessoas possam, em liberdade, aprender a arte da vida em harmonia. Nenhum sectarismo, nenhuma barreira ideológica, credo religioso ou político a obstaculizar o encontro, o abraço fraterno, a comunhão. Na convivência naturista aprendemos que as diferenças individuais, quando bem trabalhadas, nos enriquecem, propiciam a reflexão, rompem muitas normas negadoras da vida, coisas aprendidas desde a infância e que tolhem a nossa espontaneidade e nos distanciam do outro. Se desejamos crescer – e isto é fundamental – não apenas intelectualmente, mas harmonicamente, alargando afetos, temos que reaprender a vida. Isto acontece quando cultivamos um novo tipo de relacionamento, que faz com que aceitemos o diferente como igual, seja ele cristão ou muçulmano, negro ou branco, moço ou velho. Nenhuma barreira, nenhuma conotação excludente ou distanciadora. Respeitar as peculiaridades da vida do outro, sempre as portas abertas ao encontro. Como norma, apenas a definição de Naturismo proposta pela Federação Internacional e hoje aceita por todas as associações a ela filiadas: “Naturismo é uma maneira de viver em harmonia com a natureza, caracterizada pela prática da nudez em grupo, que tem por objetivo favorecer o respeito de si mesmo, o respeito pelos outros e pelo meio ambiente”. Entendo que particularizar, adjetivar o Naturismo – salvo quando se trata de indicar localização – serve ao distanciamento, mesmo que as intenções sejam as mais puras e singelas. É, num certo sentido, fechar algumas portas do Naturismo, privilegiar alguns grupos dentro do Movimento. Com todo o meu respeito, doutrinas políticas, credos religiosos e outros devem ficar na outra margem do rio. Ao Naturismo basta o elemento indicativo proposto pela Federação, o viver em harmonia com a natureza, o auto-respeito, a atenção pelo outro e o cuidado com o meio ambiente. Para bem cumprirmos os princípios naturistas necessário se faz não compartimentarmos o Movimento. A inclusão é fundamental e ela acontece quando você permite que as portas se abram. O credo inibe, restringe, embaraça; o movimento naturista é amplo, aglutinador. A religião e a política pertencem ao foro íntimo, ao juízo da consciência de cada um. Aos que decidem percorrer a via naturista interessa o desenvolvimento pessoal, a aceitação plena do corpo (body-acceptance), uma caminhada que pode nos levar ao encontro do outro. Importa caminhar. Sem amarras. Outras portas nos esperam. Agosto de 2010. *Criador do CENA (Centro de Estudos Naturistas) (enviado em 20/10/11 por Evandro Telles) |
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