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Jornal Olho nu - edição N°135 - fevereiro de 2012 - Ano XII

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NATURISMO NÃO É SÓ FESTA

por Evandro Telles*

 

A mente humana é realmente muito estranha, sempre querendo nos enganar pelas aparências. Algumas pessoas até fazem críticas aos encontros naturistas por acharem que tudo é uma festa, um oba oba. Cerveja, churrasco (para quem gosta) e pouco assunto que toquem as profundezas do nosso ser. Não é bem assim, nem tudo é só festa. Sempre faço a sugestão que não deixem de participar dos nossos encontros, mesmo diante de diversos problemas que a vida nos apresenta, seja de ordem financeira, pessoal ou familiar. Por quê? Porque devemos aprender a compartilhar, dividir nossas tristezas, expor as nossas crenças, sucessos e fracassos. Desse modo, estamos mostrando tal como somos; tanto físico (corpo exposto) quanto psíquico (mente exposta). Uma poderosa terapia ainda não descoberta, que deveria fazer parte da grade curricular nos cursos de psicologia e psiquiatria.

 

A visão do mundo a partir do próprio corpo é algo muito interessante e inquietante. Interessante porque estamos sempre buscando conhecer a nossa própria natureza e fazendo questionamentos e, inquietante, porque não temos respostas para nossas perguntas. Não saber quem somos inquieta-nos, ficamos perplexos e admirados pela existência. Sim, a probabilidade da existência de vida na terra é de 0,000000000000001%. Em outras palavras, somos uma raridade no universo.

 

Não é que o encontro naturista seja uma festa, mas o encontro comigo mesmo que me deixa mais feliz. Essa felicidade irradia para todos os lados. Alegria é a nossa natureza, mas para ela surgir algumas coisas tem que ser abandonadas. Para pegar algo, outra coisa é preciso ser deixado de lado. São os nossos problemas, as nossas angústias. Os nossos apegos aos bens materiais, ao dinheiro, ao trabalho, às pessoas que não nos deixam ser felizes. Criamos raízes que não nos permitem alçar vôos e ver numa perspectiva diferente a vida. Conclusão: criamos nossos próprios problemas. A alegria compartilhada aumenta; diferente das nossas tristezas, elas diminuem.

 

Devemos aprender a rir como se a vida fosse uma festa constante, começando a rir de nós mesmos, porque se alguém depois rir da gente não haverá problema algum, será até de grande ajuda para que eu possa rir mais ainda. Não é possível conceber uma situação mais infeliz, não é possível conceber um ser mais pobre do que o homem que não pode rir de si mesmo. (1)

 

Naturismo é assim mesmo, uma festa falsa aos olhos de alguns que não conseguem rir e uma grande festa aos que conseguem ter a consciência do que o movimento representa. Os condicionamentos sociais fincaram no interior do indivíduo e este não consegue viver a sua plenitude, a sua verdadeira natureza. A muralha divisória entre o mundo social e natural intransponível, terá que ser enxergada de cima. O ser humano terá que crescer para ver.

 

Nesse exato momento recebo um e-mail do amigo Jorge Bandeira dizendo: “O Naturismo requer um compromisso além do divertimento, ele é um dínamo que quando ganha forças é um manancial de atividades, sociais, culturais, ambientais e humanitários”. Uma bela colocação para quem assume o Naturismo em sua integralidade. É diversão, mas também é compromisso.

 

Para quem está atento, pode perceber mudanças na base do Naturismo em nosso país. O Grupo Naturismo Capixaba desde o início sempre buscou a conscientização, incentivando leitura e trazendo mensagens. Mas não é o único que faz esse tipo de trabalho. A Renata Freire do NIP tem realizado suas reuniões de igual forma, José Wagner leva a mensagem para dentro das faculdades, Jorge Bandeira demonstra nas artes e atualmente o Waldo de Massarandupió quer também iniciar suas atividades com reflexões.

 

Isso é lindo!! Ainda que insuficiente, como bem escreveu o Augusto Avlis em seu texto “Aceitação, E Não Imposição”, é preciso assumir o Naturismo e não encontro outra forma que não seja também a nudez em sua totalidade.

 

Também não é uma questão de seriedade, a seriedade excessiva também é prejudicial, cria a insensatez, que é uma doença. Não é isso, motivos não faltam para comemorarmos e demonstrarmos a nossa alegria e rir para a vida, até a lua sorri (vejam na imagem acima). Naturismo não é só festa, mas é também uma grande festa para todas as idades.

 

(1) Osho; Palavras de Fogo; Editora Verus; 2010

 

*Evandro Telles
30/01/12
www.evandrotelles.blogspot.com

 

(enviado em 30/01/12)


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