O Naturismo
Como Instrumento Educador
por
Aguinaldo da Silva*
Há algum
tempo o PETA (People for the Ethical Treatment of Animals), divulgou um
cartaz mostrando uma mulher seminua com traços dividindo o corpo em
partes, fazendo referência ao que se faz com os animais no açougue. A
imagem chocou alguns despertando protestos, por se achar a comparação
depreciativa às mulheres. Mas infelizmente esta é a realidade mais comum
de como se interpreta o corpo e a nudez em nossos dias.
A visão do corpo como
objeto de consumo é fruto de uma sociedade hipersexualizada. Se
raciocina em termos sensuais, como se o sexo fosse o único propósito da
vida ou que se esteja a todo tempo predisposto a prática sexual. Um
jovem com vinte anos de idade que afirme ser virgem é considerado um ser
de outro planeta.
A
visão da prática sexual sem paradigmas ou referenciais, não traz
benefício para a personalidade. O ato sexual centrado na lascívia é
deturpante, pois se limita na excitação, mantendo-se isento de
sentimentos, geralmente sugestiona perversões sexuais, onde a sevícia
corporal com requintes de dor e humilhação são ingredientes
indispensáveis. Já quando é centrado no amor ou romantismo é salutar e
compensador. A busca da excitação sexual pura e simplesmente desvirtua,
pois não envolve sentimentos como: amor, afetividade, carinho.
A forma de ver as pessoas
como objetos sexuais falta em respeito e consideração ao ser humano em
si. Este deve ser interpretado pelo conjunto da obra (corpo,
personalidade, espiritualidade). Uma visão centrada no erotismo é
extremamente superficial e sem dúvida excêntrica.
No mundo naturista as
pessoas não são vistas como objetos de consumo, muito pelo contrário, o
ser humano é valorizado como um todo. Por não se procurar destacar ou
esconder nenhuma das partes do corpo, desfaz-se os apelos as insinuações
tentadoras. No Naturismo ao contrário da sociedade em geral, se atenua
as expectativas fantasiosas em relação ao corpo do outro.
No
livro “A Redescoberta do Homem” escrito por Celso Rossi, o autor faz
menção às relações malfadas de certos casais, que se decepcionam por uma
falsa impressão do corpo do outro. Relacionamentos que acabam após a
primeira ida ao motel. Uma mera volúpia conseqüente da fantasia de que o
corpo do outro seja uma infinita caixinha de surpresas. Relações assim
acontecem aos montes, mas sem proporcionar uma realização plena,
resultando quase sempre em frustração e vício.
O conhecimento da
realidade do outro, física e psicologicamente, deve antepor a relação. A
atração e o desejo não provém só da beleza física, mas da inteligência e
de outros aspectos da personalidade. Destaco a parte psicológica, pois
nela estão os atributos mais valiosos, concernentes ao caráter e aos
sentimentos.
A educação sexual é um
fator básico para a boa formação do ser humano. Ao meu ver, o Naturismo
também tem sua parcela de contribuição neste campo da educação, pois
conduz a uma visão equilibrada e realista do corpo e do sexo.
*Teólogo e escritor
aguinaldodasilva@yahoo.com.br