É TEMPO DE CONVERGÊNCIA

por Aguinaldo da Silva*

 

Acredito que estamos vivendo num tempo de convergência de idéias, crenças, filosofias e vivências. Por milênios nossa sociedade conviveu com várias concepções contraditórias de nossa origem e realidade última neste mundo. A convivência deve continuar, mas agora na presente época, muitas delas se cruzam revelando similaridades, comprovando verdades, apontando para um centro comum de pensamento e realidade.

 

No mês de outubro deste ano (2012) veio ao Brasil o famoso cientista Michael Behe, autor do livro “ A Caixa Preta de Darwin”. Behe sacudiu as bases do evolucionismo propondo a teoria do “Designer Inteligente”. Baseado na lógica e na ciência, Behe comprova que a vida e as estruturas orgânicas complexas conhecidas precisaram necessariamente de um inventor ou projetista.

 

Behe define assim seu conceito de complexidade irredutível: “Com irredutivelmente complexo quero dizer um sistema único composto de várias partes compatíveis, que interagem entre si e que contribuem para sua função básica, caso em que a remoção de uma das partes faria com que o sistema deixasse de funcionar de forma eficiente. Um sistema irredutivelmente complexo não pode ser produzido diretamente [...] mediante modificações leves, sucessivas de um sistema precursor de um sistema irredutivelmente complexo ao qual falte uma parte é, por definição, não funcional. Um sistema biológico irredutivelmente complexo, se por acaso existir tal coisa, seria um fortíssimo desafio à evolução darwiniana.”^[1]

 

Na referida obra o autor apresenta vários sistemas biológicos irredutivelmente complexos de forma muito clara. A comprovação do brilhante cientista parece condizer com a antiga máxima, de que se existe o relógio logo deve haver o relojoeiro.

 

A conclusão deste cientista converge com o que está no âmago de quase todas as religiões, ou seja, de que há um ser supremo Criador de tudo o que existe no Universo. A base de nossa cultura agrega práticas e conhecimentos que se relacionam entre si e com a verdade maior, ou seja, de que somos seres religiosos. Não podemos negar o fato de que mais de noventa por cento das pessoas acreditam em Deus. Aqueles que dizem que não acreditam parecem que só trocaram de religião, pois o neo-ateísmo está recorrendo mais à uma pregação ideológica ou religiosa que ao discurso acadêmico.
 

Com relação ao Naturismo, não há nada contra a religiosidade, nem que precisamos ser ateus, agnósticos ou deístas para termos este estilo de vida. Afinal todos são bem vindos, sejam religiosos ou não. Com relação a certos religiosos que são contra ao estilo de vida naturista, isto é uma caso à parte, fruto de uma interpretação particular de alguns, assim como há também ateus contra o nudismo. Os naturistas não devem se sentirem num gueto cultural à margem da sociedade, mas devem se sentirem participantes e elementos ativos no aperfeiçoamento de nossa cultura.

 

Já foi mostrado várias vezes que não há conflito entre o cristianismo e o estilo de vida naturista. O último a defender tal tese perante a mídia foi o Reverendo da igreja Anglicana Bob Horrocks, que diz não haver qualquer conflito entre a nudez natural e a Bíblia. No White Tail Resort, Virginia, EUA, há uma igreja em que os freqüentadores podem participar nus. É claro que ainda são casos esporádicos dentro da comunidade evangélica mundial, mas que já revelam um horizonte de novos paradigmas.
 

Ao invés de levantarmos barreiras ou construirmos muros que darão ao Naturismo um caráter sectário, devemos tornar este aberto, inclusivo e popular.

 

¹. BEHE, Michael.

A Caixa Preta de Darwin: o desafio da bioquímica à teoria da evolução.

Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1997, p. 48,

citando Darwin no Origem das Espécies.