Ser
Naturista
por
Aguinaldo da Silva*
O
naturismo se destaca como uma prática educadora que tende a promover uma
consciência de equilíbrio e respeito. Como já foi evidenciado em
diversos lugares e épocas, a prática da nudez social, pautada pelos
princípios do naturismo, leva ao desenvolvimento do respeito próprio,
respeito ao ambiente e ao próximo.
A sociedade tem
dificuldade em aceitar a nudez em público alegando a manutenção da
moralidade e da decência. Com exceção de algumas culturas, as demais
ligam a nudez diretamente ao sexo e consequentemente à tentação e ao
pecado. A raiz da problemática em torno da sexualidade surge quando
isolamos o prazer sexual dos elementos naturais que o envolvem, tais
como: o amor, a paixão e o desejo de reproduzir-se; tornando assim o
prazer sexual um fim em si mesmo. Dentro deste contexto o naturismo
contribui para o entendimento da sexualidade como uma parte integrante
da vida, mas não a razão de nossa felicidade. Ser naturista não é
ignorar a sexualidade ou ser insensível ao belo, podemos até admirá-lo,
mas não precisamos transformá-lo em objeto de conquista ou adoração.
A proposta naturista traz
a idéia de que se considerarmos o corpo humano algo plenamente natural e
digno de ser exposto, conseguiremos dissipar aquelas fantasias que
construímos em torno do que está oculto, que atiça os impulsos carnais e
desenvolve a sensualidade.
O naturismo defende a
nudez como algo natural, enquanto que a indústria do erotismo e da
pornografia usam a nudez no intuito de potencializar a sensualidade,
transformando o sexo em bem de consumo.
Esta é a linha divisória
entre o naturismo e as demais tendências da sociedade, que utilizam o
corpo como forma de auto promoção ou de exploração ao prazer. É uma
linha tênue, que pode ser erodida a qualquer momento se alterarmos o
foco pelo qual interpretamos a realidade, ou nos distanciarmos do
caminho da sabedoria e do equilíbrio.
Não podemos simplesmente
ignorar a influência negativa da educação que recebemos acerca da nudez
e do sexo. Tentamos nos livrar de uma mentalidade que tenta conviver com
a potencialização da sensualidade e a repressão do corpo, como se uma
coisa pudesse compensar a outra. Infelizmente crescemos com esta
mentalidade que nos deixou marcas profundas de difícil remoção.
Por isto, viver o
naturismo requer consciência e comprometimento com os princípios que o
fundamentam. Caso contrário, não poderemos desfrutar dos benefícios
psicológicos e físicos oriundos desta filosofia de vida.
O naturismo se desenvolve
pela experiência prática. Não existe prática do naturismo apenas pela
contemplação de outras pessoas nuas, seja de forma presencial ou através
da mídia. O ato de estar nu é único pela sensação obtida, que é
prazerosa, educadora, moral e psicologicamente benéfica.
Acredito na proposta do
naturismo, e hoje transmito o que sinto ser verdadeiro, baseado na minha
experiência que já soma alguns anos. Espero que estas considerações
levem à reflexão, muitos que caminham nesta filosofia de vida.
*Teólogo e escritor
aguinaldodasilva@yahoo.com.br