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Jornal Olho nu - edição N°147 - Fevereiro de 2013 - Ano XIII

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Ser Naturista

por Aguinaldo da Silva*

 

O naturismo se destaca como uma prática educadora que tende a promover uma consciência de equilíbrio e respeito. Como já foi evidenciado em diversos lugares e épocas, a prática da nudez social, pautada pelos princípios do naturismo, leva ao desenvolvimento do respeito próprio, respeito ao ambiente e ao próximo.

 

A sociedade tem dificuldade em aceitar a nudez em público alegando a manutenção da moralidade e da decência. Com exceção de algumas culturas, as demais ligam a nudez diretamente ao sexo e consequentemente à tentação e ao pecado. A raiz da problemática em torno da sexualidade surge quando isolamos o prazer sexual dos elementos naturais que o envolvem, tais como: o amor, a paixão e o desejo de reproduzir-se; tornando assim o prazer sexual um fim em si mesmo. Dentro deste contexto o naturismo contribui para o entendimento da sexualidade como uma parte integrante da vida, mas não a razão de nossa felicidade. Ser naturista não é ignorar a sexualidade ou ser insensível ao belo, podemos até admirá-lo, mas não precisamos transformá-lo em objeto de conquista ou adoração.

 

A proposta naturista traz a idéia de que se considerarmos o corpo humano algo plenamente natural e digno de ser exposto, conseguiremos dissipar aquelas fantasias que construímos em torno do que está oculto, que atiça os impulsos carnais e desenvolve a sensualidade.

 

O naturismo defende a nudez como algo natural, enquanto que a indústria do erotismo e da pornografia usam a nudez no intuito de potencializar a sensualidade, transformando o sexo em bem de consumo.

 

Esta é a linha divisória entre o naturismo e as demais tendências da sociedade, que utilizam o corpo como forma de auto promoção ou de exploração ao prazer. É uma linha tênue, que pode ser erodida a qualquer momento se alterarmos o foco pelo qual interpretamos a realidade, ou nos distanciarmos do caminho da sabedoria e do equilíbrio.

 

Não podemos simplesmente ignorar a influência negativa da educação que recebemos acerca da nudez e do sexo. Tentamos nos livrar de uma mentalidade que tenta conviver com a potencialização da sensualidade e a repressão do corpo, como se uma coisa pudesse compensar a outra. Infelizmente crescemos com esta mentalidade que nos deixou marcas profundas de difícil remoção.

 

Por isto, viver o naturismo requer consciência e comprometimento com os princípios que o fundamentam. Caso contrário, não poderemos desfrutar dos benefícios psicológicos e físicos oriundos desta filosofia de vida.

 

O naturismo se desenvolve pela experiência prática. Não existe prática do naturismo apenas pela contemplação de outras pessoas nuas, seja de forma presencial ou através da mídia. O ato de estar nu é único pela sensação obtida, que é prazerosa, educadora, moral e psicologicamente benéfica.

 

Acredito na proposta do naturismo, e hoje transmito o que sinto ser verdadeiro, baseado na minha experiência que já soma alguns anos. Espero que estas considerações levem à reflexão, muitos que caminham nesta filosofia de vida.
 

*Teólogo e escritor

aguinaldodasilva@yahoo.com.br


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