A POESIA
DO NUDISMO
por
Evandro Telles*
”Pode
haver poetas sem livros? Pode, só não pode haver poetas sem a lua”(1).
Da mesma forma não pode haver Nudismo sem a natureza. Essa foi uma das
percepções que tive do encontro da poesia com o Nudismo quando fui
convidado para participar do “Café com Letras” promovido pelo Shopping
Norte Sul na cidade de Vitória ES. Trata-se de um encontro de escritores
capixabas que mostram seus trabalhos poéticos, filosóficos,
psicológicos, infantis etc. Organizado pelo empresário Leonardo Picinati,
digno de destaque. Belíssimos trabalhos têm saído das gavetas para um
público que talvez desconheça que aqui existem pessoas com uma
sensibilidade poética admirável.
Na primeira tímida
apresentação, não por timidez, mas para um reconhecimento de campo, a
divulgação do meu trabalho foi colocada como “temas polêmicos”, o que na
verdade penso que não existe nada polêmico, muito pelo contrário.
A nudez humana é a
identificação com a natureza, uma poesia sem palavras, um corpo
integralmente rendido a uma energia que abraça a todos sem distinção. O
corpo inspira artistas na pintura das suas telas, no artesanato, no
romantismo, na poesia, na arte de esculpir na pedra ou na madeira, no
teatro e na vida real mostrando o seu verdadeiro enigma e beleza quando
apreciado como um todo. Quando fragmentado toda a visão se torna
periférica, meia-verdade, enfraquecido numa mentira e totalmente
desviado do seu valor intrínseco.
O idoso com as marcas de
anos vividos, toda sua experiência e sonhos realizados ou não, a beleza
reside nos olhos de quem os vêem; os jovens caminhando no mesmo sentido
talvez não percebam que tudo muda, sua pele ainda não surrada pelo
tempo, esquecem que o corpo é um meio de expressão da vida, se
identificam com o corpo e o encanto poético é perdido; o bebê
recém-nascido, este sim é o momento de maior liberdade de todo ser
humano, ainda não corrompido pela sociedade, sem preconceitos e
conceitos, vem ao nosso encontro nu numa maior demonstração que a vida é
uma explosão, um êxtase.
“O êxtase é natural, algo
que trazemos ao mundo, é a essência mais profunda da vida. Vida é
êxtase, e não há como controlar uma pessoa extasiada, é impossível.
Pode-se controlar apenas uma pessoa infeliz; uma pessoa extasiada
fatalmente é livre.” (2)
Pelo motivo do Nudista ser
livre, em harmonia com a natureza que o deixa extasiado de tanta
significância da vida. A sociedade encontra dificuldades de aceitá-lo e
salta sobre ele e começa a tentar destruir toda a possibilidade dele
encontrar a felicidade. A criança não está com sono e a mãe a força ir
para cama, ela não quer acordar, quer dormir mais um pouco um sono
gostoso, mas os pais dizem que está na hora de acordar. Se o indivíduo
sai nas ruas dançando ele é preso porque acham que está louco, e ele não
fez nada contra ninguém, apenas dançando. A sociedade é neurótica e os
indivíduos ainda querem viver em harmonia com ela e não com a sua
natureza. Uma loucura!
Os poetas podem ter uma
compreensão melhor, suas vozes vêm do coração, essa é a sua
identificação, não está identificado com o corpo nem com a mente. Por
isso que as áreas naturistas não permitem que o indivíduo se manifeste
sexualmente, o objetivo é atingir o coração, não se trata de repreensão
e sim de realizar profundas revelações que não se originam do corpo.
O indivíduo identificado
com o corpo não é um poeta, somente quando ele consegue superar seus
pensamentos que a sociedade o condicionou. Essa superação é a poesia, a
poesia do Nudismo.
(1) Marcos
Tavares em “Gemagem”
(2) Osho em
“Alegria – A Felicidade que Vem de Dentro”
Evandro Telles
18/01/13
www.evandrotelles.blogspot.com