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Jornal Olho nu - edição N°147 - Fevereiro de 2013 - Ano XIII

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A POESIA DO NUDISMO

por Evandro Telles*

 

”Pode haver poetas sem livros? Pode, só não pode haver poetas sem a lua”(1). Da mesma forma não pode haver Nudismo sem a natureza. Essa foi uma das percepções que tive do encontro da poesia com o Nudismo quando fui convidado para participar do “Café com Letras” promovido pelo Shopping Norte Sul na cidade de Vitória ES. Trata-se de um encontro de escritores capixabas que mostram seus trabalhos poéticos, filosóficos, psicológicos, infantis etc. Organizado pelo empresário Leonardo Picinati, digno de destaque. Belíssimos trabalhos têm saído das gavetas para um público que talvez desconheça que aqui existem pessoas com uma sensibilidade poética admirável.

 

Na primeira tímida apresentação, não por timidez, mas para um reconhecimento de campo, a divulgação do meu trabalho foi colocada como “temas polêmicos”, o que na verdade penso que não existe nada polêmico, muito pelo contrário.

 

A nudez humana é a identificação com a natureza, uma poesia sem palavras, um corpo integralmente rendido a uma energia que abraça a todos sem distinção. O corpo inspira artistas na pintura das suas telas, no artesanato, no romantismo, na poesia, na arte de esculpir na pedra ou na madeira, no teatro e na vida real mostrando o seu verdadeiro enigma e beleza quando apreciado como um todo. Quando fragmentado toda a visão se torna periférica, meia-verdade, enfraquecido numa mentira e totalmente desviado do seu valor intrínseco.

 

O idoso com as marcas de anos vividos, toda sua experiência e sonhos realizados ou não, a beleza reside nos olhos de quem os vêem; os jovens caminhando no mesmo sentido talvez não percebam que tudo muda, sua pele ainda não surrada pelo tempo, esquecem que o corpo é um meio de expressão da vida, se identificam com o corpo e o encanto poético é perdido; o bebê recém-nascido, este sim é o momento de maior liberdade de todo ser humano, ainda não corrompido pela sociedade, sem preconceitos e conceitos, vem ao nosso encontro nu numa maior demonstração que a vida é uma explosão, um êxtase.

 

“O êxtase é natural, algo que trazemos ao mundo, é a essência mais profunda da vida. Vida é êxtase, e não há como controlar uma pessoa extasiada, é impossível. Pode-se controlar apenas uma pessoa infeliz; uma pessoa extasiada fatalmente é livre.” (2)

 

Pelo motivo do Nudista ser livre, em harmonia com a natureza que o deixa extasiado de tanta significância da vida. A sociedade encontra dificuldades de aceitá-lo e salta sobre ele e começa a tentar destruir toda a possibilidade dele encontrar a felicidade. A criança não está com sono e a mãe a força ir para cama, ela não quer acordar, quer dormir mais um pouco um sono gostoso, mas os pais dizem que está na hora de acordar. Se o indivíduo sai nas ruas dançando ele é preso porque acham que está louco, e ele não fez nada contra ninguém, apenas dançando. A sociedade é neurótica e os indivíduos ainda querem viver em harmonia com ela e não com a sua natureza. Uma loucura!

 

Os poetas podem ter uma compreensão melhor, suas vozes vêm do coração, essa é a sua identificação, não está identificado com o corpo nem com a mente. Por isso que as áreas naturistas não permitem que o indivíduo se manifeste sexualmente, o objetivo é atingir o coração, não se trata de repreensão e sim de realizar profundas revelações que não se originam do corpo.

 

O indivíduo identificado com o corpo não é um poeta, somente quando ele consegue superar seus pensamentos que a sociedade o condicionou. Essa superação é a poesia, a poesia do Nudismo.

 

(1) Marcos Tavares em “Gemagem”

(2) Osho em “Alegria – A Felicidade que Vem de Dentro”

 

Evandro Telles

18/01/13

www.evandrotelles.blogspot.com


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