A
IMPORTÂNCIA DA LEITURA NO PROCESSO DO DESENVOLVIMENTO DO
NATURISMO
por
Evandro Telles*
Na Semana que comemoramos
o Dia Nacional do Naturismo foram concedidas três entrevistas na
televisão, um comunicado no jornal e de quebra a secretária de um
vereador da cidade me ligou querendo o meu endereço para enviar uma
homenagem à minha residência pelo lançamento do livro “Naturismo – Um
Estilo de Vida Transformador”, que até hoje não recebi.
Foi possível observar que
as entrevistas e mesmo o pronunciamento sobre Luz Del Fuego no “Café com
Letras” (encontro de escritores), foram insuficientes para dar uma idéia
do que representa o Naturismo. As entrevistas são curtas por causa o
precioso tempo da TV e o discurso não tem como entrar em pormenores da
vida de uma pessoa, muito menos daquela que foi a precursora do
movimento feminista e do Naturismo brasileiro.
Em São Paulo também
tivemos uma manifestação pela “liberdade da nudez” que me pareceu bem
organizada e transcorreu de forma tranqüila, o que também é válido para
mostrar a naturalidade do corpo humano, não vejo nenhum problema que
possa ser destacado, só que também acho insuficiente. As pessoas não
adeptas ficam com muita atenção à nudez e não percebem a mensagem, mas
pode ser que um ou outro passe a entender, o que já representa um
avanço. Como têm pessoas do lado “têxtil” que vêm realizar estudos no
lado do “naturista” tipo: tese de doutorado, dissertação de mestrado,
trabalhos de conclusão de curso. Também temos àqueles que vão para o
lado “têxtil” levar a mensagem de John Veltheim descrito em seu artigo
“Nus por baixo da roupa”:
“É uma tragédia que a raça
humana se tenha permitido criar tal complexidade de regras negativas e
sistemas de crenças ao redor de um corpo que têm de viver desde o
nascimento até a morte. Alguém poderia pensar que, quando temos que
gastar tanto tempo com algo que nos foi dado por Deus, gostaríamos de
aprender a amá-lo e a respeitá-lo. Gostaríamos de cuidar dele e
alimentá-lo. Gostaríamos de educar os nossos filhos para que cresçam com
sentimentos saudáveis e positivos sobre o assunto. Para que possam ser
capazes de desfrutar de sua magnificência da estrutura e dos
sentimentos. Para respeitar, apreciar e amar os corpos de companheiros
da vida sem a negação, culpa, abuso e hostilidade que vemos tão
comumente neste mundo,”
Se as entrevistas, os
discursos e a nudez não conseguem mostrar a dimensão como retratado pelo
autor do texto acima, o que podemos fazer? Incentivar a leitura é um
passo decisivo no processo de desenvolvimento do Naturismo. Pelos
números de selos que são vendidos pela FBrN consta em torno de 1900
naturistas e para lançar o novo livro tive que colocar mais uma vez
recursos próprios, saíram 165 exemplares e 6 foram doados para
entrevistadores e troca de gentilezas com outros escritores. Um amigo
escritor me disse: “Não é você que escolhe o livro, é o livro que te
escolhe”. Em outras palavras, queremos que o “têxtil” aceite a nudez,
mas temos que ter argumentos convincentes.
Para aqueles mais
desconfiados, podem pensar que estou querendo vender livros, esqueçam
seus argumentos, nenhum texto que escrevi até hoje pensei em dinheiro,
todos eles estão divulgados no blog www.evandrotelles.blogspot.com. Acho
interessante o livro, pode ser presenteado para algum amigo (a) para
conhecer o estilo de vida naturista, mas não precisa ser necessariamente
os que foram por mim lançados. Temos no site “Jornal Olho Nu” a Trilogia
do Paulo Pereira; no “Naturistas Cristãos” pode ser baixado
gratuitamente o livro de Luz Del Fuego “Verdade Nua” reescrito por Jorge
Bandeira, o original custa nada menos de R$ 500,00 em sebos no Rio de
Janeiro, quantos naturistas já leram?
Seja teórico, o Naturismo
nasceu de uma teoria de Adolf Koch, um professor alemão que foi testar e
provou os benefícios da nudez pelos resultados obtidos. Outro alemão
Heinrich Ungewitter publica “Die Nacktheit” (A Nudez). Por que Alemanha?
Porque era um país de homens notáveis e culturalmente acima das outras
nações. Sendo teórico iremos pensar; questionar; testar e provar nossas
convicções com sabedoria.
Cristina Augustinho no seu
livro “Luz del Fuego – A Bailarina do Povo” diz que pensou que iria
encontrar uma mulher, artista, dançando com cobras e talvez nada mais do
que isso. Ao contrário, encontrou uma pessoa com muitas idéias que a fez
várias vezes perder o sono. Ela tinha cultura, muita leitura e seus
argumentos tinham profundidades. São essas pessoas que de fato constroem
alicerces que permanecem na história e por isso ela disse “Sou uma luz
que não se apaga”.
Vamos resgatar o hábito e
o gosto pela leitura até mesmo para reconhecimento de nós mesmos dentro
do universo em que vivemos.
Evandro Telles
26/02/13
www.evandrotelles.blogspot.com