APRESENTA
ESPECIALMENTE PARA O EVENTO DO II ENCONTRO NORTE-NORDESTE DE NATURISMO
ARA WATASARA – AS MÁSCARAS ANCESTRAIS
ATUAÇÃO DE JORGE BANDEIRA
ADAPTAÇÃO DO TEXTO DE AUTORIA DO DRAMATURGO PLÍNIO MARCOS
“INÚTIL CANTO E INÚTIL PRANTO PELOS ANJOS CAÍDOS QUE PERDERAM OS FUNDAMENTOS”.
Sinopse
A performance teatral naturista como base de apoio a este tema tão atual, infelizmente, que é a da dizimação dos povos indígenas da Amazônia, um diálogo imagético com as máscaras da ancestralidade das nações indígenas que viveram e vivem, ou melhor dizendo, sobrevivem neste processo de aculturação que não respeita suas culturas ancestrais. O índio nu, natural, tentando entender o estágio atual da “civilização”, onde tudo tem que ser vislumbrado pela ótica do colonizador e do homem da cidade, dos patrões, do modelo de consumo que avança inexoravelmente e que esmaga a tudo e a todos. Um alerta para que possamos impedir este apocalipse indígena, neste mundo frenético que engole a todos, qual monstro insensível e vestido com as roupas do horror e do extermínio.
CONCEPÇÃO PERFORMÁTICA TEATRAL DE JORGE BANDEIRA
E o seco olhar do velho índio, seco como o olhar de um corpo sem alma, já turvo por tantos tempos de sua existência seca, começava a bem ver, ver de ver, ver de perceber, ver de penetrar nas entranhas das coisas, ver de enxergar o essencial. E o seco olhar do velho índio, seco como o olhar de um corpo sem alma, via, via pela primeira vez que o arco, a flecha, o tacape e os cocares de penas multicoloridas, que as mãos secas de almas sem esperança dos lamentáveis índios sem cor, sem brilho, sem cantos arrematavam, vergados ao peso da indolência, jamais seriam as armas de valor provado em tantas batalhas, como aquelas que, em outros tempos, empunhadas por bravos guerreiros, foram guardiães da honra da tribo, da liberdade da tribo, do respeito da tribo por si mesma. E o seco olhar do velho índio, seco como o olhar de um corpo sem alma, via, via pela primeira vez que o barro, amassado sem nenhum encantamento pelas secas índias, de mamas secas, de ventre apodrecido, parideiras de uma prole sem cor, sem brilho, sem cantos, prole que não encarnava o bravo espírito dos bravos guerreiros de outrora, jamais seria a cuia das doces bebidas que os deuses ensinaram os bravos índios a beber para terem sempre seus ânimos renovados para os duros combates da preservação. E o olhar seco do velho índio, seco como o olhar de um corpo sem alma, via, via, via, pela primeira vez, que a mandioca batida pelas secas mãos de almas sem esperança jamais seria a farinha da nutrição da gente seca s sua outrora gloriosa tribo. O seco olhar do velho índio, seco como o olhar de um corpo sem alma, via, via, via que jamais, jamais, jamais o trabalho feito pelas mãos secas de almas sem esperança seria o nobre trabalho que dignifica o homem. Que o arco, a flecha, o tacape, o cocar de penas multicoloridas, o barro, a farinha jamais seriam distendidos, moldados, consumidos pela liberdade, pela honra, pelo auto-respeito da tribo, gente seca, de mãos secas sem esperança. (Plínio Marcos)