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Jornal Olho nu - edição N°162 - Maio de 2014 - Ano XIV |
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Nudez & Preconceito por Fellipe Barroso*
É raro eu escrever muito no Facebook e no Twitter. Entre inúmeros debates que surgem na grande rede, dos políticos às questões pessoais, tudo para mim passa tão rápido quanto uma nova atualização de status que me é notificada.
Basicamente atrevo-me a escrever sobre assuntos os quais me sinto à vontade para debater de forma séria, apresentando argumentos que são bem mais do que opiniões surgidas ao ponto final de alguma matéria recém lida.
Aliás, dado o funcionamento das discussões na Internet, é bem comum que eu comece a redigir textos quilométricos, para simplesmente apagá-los depois de concluídos. Acontece! Trata-se de uma oportunidade que me é dada, ao contrário de uma discussão face a face, na qual deslizes verbais, ocasionados pela pressão dos acontecimentos, podem arruinar um bom discurso.
Aí começaram a circular as fotos de Scarlett Johansson em seu nu frontal no filme "Sob a pele". Junto com esta circulação em massa, comentários (Maldosos em sua maioria) que iam desde as chamadas "frases de pedreiro" (Prefiro não dar exemplos...) até as críticas exacerbadas sobre a forma física da atriz.
Para estes (Quase) anônimos críticos, Johansson estaria fora de forma, caída, um bagulho, desleixada, relaxando, e por aí vai...
Bem, o que se lerá a partir daqui não se trata de uma defesa à atriz, nem tampouco um manifesto para algum tipo de "conscientização" das pessoas. Apenas me parece um espaço modesto (E ao mesmo tempo abrangente... paradoxos da pós-modernidade...) para expor ideias que permitam alguma reflexão, em vez de simplesmente impor um ponto de vista, e quem não concordar que vire as costas e vá embora (Ou me exclua, termo muito usado pelas bandas do Facebook e do Twitter)... Não! Quem não concordar, por favor, escreva à vontade de forma a alimentar o debate! Quem concordar, colabore também com mais palavras que possam complementar a tese aqui defendida.
Scarlett, antes de ser um símbolo de beleza cobiçado por muitos, é humana, uma forma orgânica com todas as imperfeições que, somadas, formam um todo muito maior do que a soma de suas partes. Estas partes, belas em suas singularidades, feias quando justapostas a outras tão bonitas quanto, somam-se a um conjunto que culminou na pessoa da qual aqui escrevo.
...e assim somos todos nós! Feios ou bonitos aos olhos de quem nos vê, podendo ser nós mesmos estes olhos!
Padrão de beleza é algo mutável, variando na história a partir de demandas da sociedade.
Não vejo problema algum em buscar uma boa forma física com alguma atividade que seja. O que me incomoda é a busca incessante por um corpo que só se consegue pelas mãos de um bom desenhista, ou pelos ajustes de algum bom programa de computação (Photoshop o mais popular).
Somos assim: irregulares, assimétricos, imperfeitos!
Criticar uma pessoa por ela apresentar estas três características soa como uma crítica ao real.
Numa época em que vislumbramos em nossas telas nossos desejos milimetricamente atendidos, é quase fácil entender por que mostrar-se como se é parece uma afronta.
Portanto, pessoas, talvez seja coerente deixar as críticas à Scarlett Johansson de lado. Parar com os questionamentos sobre como ela conquistou milhões de fãs babões com tantos "defeitos", e procurar entender que a beleza está onde a vemos, e mesmo a pintura mais bonita da galeria pode um dia não parecer tão bonita assim. O nosso olhar mudou um pouco? Sim! Poderá voltar a ser como antes? Talvez! E se não voltar? É porque não mais vemos a beleza ali. Então é hora de visitar outras galerias, ver outras pinturas, e, quem sabe, num outro momento, voltar ao primeiro quadro, e ver que ele não é mais tão bonito quanto um dia pareceu, mas nem por isso perdeu as qualidades (Os encantos) que um dia o fizeram ocupar um local de destaque no pensamento.
Boa noite!
Para saber mais:
Documentário da BBC
"Como a arte fez o
mundo - Episódio 1:
mais humano que o
humano" (Parte 1 de
6. Procurem o resto
no Youtube):
Atenciosamente
(enviado em 23/04/14) |
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