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Jornal Olho nu - edição N°166 - Setembro de 2014 - Ano XV |
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Portugal vai nu Matéria do portal lusitano Fugas apresenta relatório sobre as sete praias oficiais de naturismo de Portugal. Três repórteres deram a volta às praias, visitaram um turismo rural naturista e conversaram com o presidente da Federação de Naturismo, que quer mais gente a perceber que o “nudismo não é sexo” e é uma “actividade de família”, para que desapareçam de vez os preconceitos. Por Alexandra Prado Coelho, Luís J. Santos, Mara Gonçalves “Não queremos alargar o leque de praias naturistas em Portugal. Queremos é encher as que já temos”, afirma Rui Elvas. O presidente da Federação Portuguesa de Naturismo está sentado no areal do Meco num sábado ao início da tarde, ao lado da mulher, Isa, que é presidente-adjunta daquele órgão fundado em 1977 e que congrega os clubes naturistas portugueses. O céu está encoberto e talvez por isso, apesar do calor, a praia não esteja tão cheia quanto seria de esperar em pleno Verão. À nossa volta estão algumas pessoas a fazer nudismo, mas há também várias de fato-de-banho — são, para os nudistas, “os têxteis”. “A placa que indica que esta é uma praia naturista está ali”, diz Rui, apontando para o início da falésia atrás de nós, “e no entanto vemos várias pessoas que não estão a fazer naturismo e que vêm ocupar um pouco o nosso espaço”. Não que seja proibido estar vestido numa praia de nudismo, mas os naturistas sentem alguma injustiça no facto de os espaços autorizados para a prática de nudismo serem ocupados por quem não o quer fazer, enquanto nas chamadas “praias toleradas” (cerca de 20, a lista pode ser consultada no site da Federação) os nudistas poderem ser obrigados a vestir-se se houver alguma queixa. Em Portugal — onde já se praticava nudismo nos anos 20 do século passado nas praias da Costa da Caparica, tendo depois, com a ditadura, passado a ser considerado um “atentado ao pudor”, e renascendo apenas no pós-25 de Abril — existem hoje sete praias oficiais para naturistas, todas no Sul do país (zona de Lisboa, Costa Vicentina e Algarve): Adegas, Alteirinhos, Barril, Belavista, Deserta, Meco e Salto. Depois, existem as “toleradas” ou “praias de uso e costume”, que são habitualmente frequentadas por nudistas, mas que, não sendo oficiais, podem levar a que os outros utilizadores protestem. Foi o que aconteceu recentemente na praia da Adiça, junto da Fonte da Telha, onde “alguém que se sentiu incomodado alertou a polícia marítima”. E, numa situação destas, “não há nada que os nudistas possam fazer”. “Quando pedimos uma praia oficial para nós não estamos a tirar nada a ninguém. Estamos só a pedir um espaço para estarmos à vontade, sem achar que estamos a incomodar alguém”, explica Rui, à frente da Federação há dois anos. No entanto, repete, o número de praias oficiais existente em Portugal é suficiente para as actuais necessidades da comunidade naturista. O principal objectivo da Federação actualmente é combater alguns preconceitos que continuam a existir — de tal forma que a própria comunidade utiliza a expressão “naturismo” para “retirar alguma carga negativa que possa ser associada à palavra ‘nudismo’”. Mas, frisa Rui, “o naturismo já implica outras coisas, como o vegetarianismo, por exemplo”. “Por isso, na verdade, o que nós estamos a fazer é nudismo.” Uma das coisas que tem contribuído para essa carga negativa é uma certa colagem da comunidade swinger (troca de casais) ao nudismo. “Naturismo não é sexo, mas a comunidade swinger usa muito o ambiente naturista para levar membros para as suas fileiras, e isso levanta-nos problemas. O naturismo é uma coisa pública, enquanto o swing e outras práticas sexuais são do foro íntimo”, sublinha. Isto leva a que algumas pessoas considerem os nudistas “pervertidos”. Para contrariar esses preconceitos, a actual direcção da Federação aposta na imagem do nudismo como uma prática familiar — Rui e Isa apareceram já em capas de revista nus e acompanhados pelo filho pequeno. Para além disso, promovem actividades para famílias. O Clube Naturista do Centro organiza, fora dos meses de Verão, encontros na Piscina do Alvito, em Lisboa, num horário só para nudistas. Começam também a aparecer cada vez mais alojamentos naturistas, mas, por exemplo, organizar um jantar para a comunidade naturista não é fácil porque “não há muitos restaurantes que aceitem fechar” só para eles. “A situação ainda não é a ideal, mas tem melhorado muito”, diz Rui, que tem esperança que tudo isto contribua para que mais pessoas adiram a este estilo de vida e que as que já praticam o nudismo o assumam sem problemas. “Calcula-se que existam cerca de 10 mil naturistas em Portugal, mas é difícil contabilizar porque há muitas pessoas que não dizem.” Rui e Isa esperam que o número de praticantes continue a aumentar e que as praias naturistas encham e venham a ter concessões e serviços de apoio (nadadores-salvadores, bares, chuveiros) como existem nas outras praias. “É aqui que se perdem os estatutos sociais, ninguém usa biquíni da marca y ou z”, dizem. “É tudo muito mais puro, muito mais natural. Aqui, a aceitação do corpo é muito mais verdadeira.” Leia a matéria completa no portal Fugas páginas 1 2 3 (enviado em 17/08/14 por Cesar Fleury via Papo naturista) |
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