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Jornal Olho nu - edição N°172 - Março de 2015 - Ano XV |
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Praia do Pinho: Luta sem fim pelo Naturismo por Luiz Carlos Hack* BREVE HISTÓRICO DO NATURISMO Segundo nos ensina o professor Evandro Telles em um de seus inúmeros artigos, livros e demais publicações sobre naturismo: “Adolf Koch, professor alemão de educação física, por volta do ano de 1900, inicia seus alunos nos desportos ao ar livre usando a nudez e obtém resultados expressivos na saúde, aspecto físico e até na alegria de viver. O alemão Heinrich Ungewitter publica o livro “Die Nacktheit (A Nudez), juntando-se ao movimento e dando-lhe consistência filosófica. É ali na Alemanha o berço do Naturismo moderno, também o berço da sua decadência. Quando a ordem natural foi invertida colocando a “superioridade racial” e esquecendo os princípios de igualdade e fraternidade que o Naturismo representa, os campos de nudistas foram substituídos por campos de concentração, onde a nudez não mais tem a dignidade que deveria ser preservada. Podemos, sem medo de errar afirmar: onde não existe paz e harmonia o Naturismo não sobrevive e aparentemente o ser humano prefere assim mesmo “lutar pela paz”, o que na minha perfeita ignorância e falta de inteligência ainda não consegui entender essa expressão. Somente após a 2ª Guerra Mundial que o movimento nudista/naturista surge na França com mais intensidade e no 3º Congresso Internacional em Montalivet o Naturismo/Nudismo é definido como “Um modo de vida em harmonia com a natureza, caracterizado pela prática da nudez social com intenção encorajar o autorrespeito, o respeito pelo próximo e o cuidado com o meio-ambiente”. BREVE RELATO SOBRE A PRAIA DO PINHO O naturismo tem seu marco inicial na América Latina através de algumas pessoas que se encontravam com certa frequência em uma praia deserta no início dos anos 80, hoje denominada Praia do Pinho. Tal procedimento muito incomodava o proprietário das terras adjacentes de referida praia que reiteradas vezes queixou-se ao poder público de tão indesejável presença. Em 10 de fevereiro de 1986, já com a prática bastante difundida e tolerada no local, um grupo de naturistas se reuniu em um pequeno bar existente na praia e, no verso de um cartaz de cerveja, lavraram a ata de criação da primeira entidade naturista da América Latina, que passou a se chamar AAPP – Associação Amigos da Praia do Pinho a qual passou a ter sua sede instalada no Morro da Tartaruga, área contígua a praia. No mesmo local, em janeiro de 1988 foi criado a Federação Brasileira de Naturismo – FBrN, tendo como seu primeiro presidente o Sr. Celso Rossi. Em setembro de 2014 a AAPP foi extinta. Hoje a entidade responsável pela praia é a Associação Naturista da Praia do Pinho – PINHONAT. A PINHONAT foi fundada em 13 de janeiro de 2013, ocasião em que ocorria na Praia do Pinho o Encontro de Dirigentes Naturistas da FBrN. A PINHONAT é pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ Nº 20.473.668/0001-63, Inscrição Estadual e Municipal isentos, sem fins lucrativos e com caráter assistencial, que tem como finalidade promover a educação ambiental no relacionamento do ser humano com o meio ambiente no Morro da Tartaruga e Praia do Pinho para a recuperação, manutenção e controle da qualidade de vida no habitat, regida por seu Estatuto e pela legislação pertinente e adota como definição de NATURISMO, a mesma da Federação Internacional de Naturismo (INF): “Modo de vida em harmonia com a natureza, caracterizado pela prática do nudismo em grupo, com intenção de encorajar o auto-respeito, o respeito pelos outros e pelo meio ambiente”. A associação tem duas categorias de associados: ASSOCIADOS RECREATIVOS são aqueles que contribuem com uma importância anual que lhes assegura o livre acesso às atividades desenvolvidas na praia bem como a aquisição e manutenção do Passaporte Naturista INF-FNI e selos anuais emitidos pela FBrN – Federação Brasileira de Naturismo, documento este que lhes dá acesso a todas as áreas naturistas federadas nacionais e internacionais; e ASSOCIADOS CONTRIBUINTES são aqueles que contribuem para com a manutenção da entidade e sua sede social, mediante pagamento das taxas nos valores e prazos determinados pela Diretoria Executiva. Sua sede social é formada por edificações ocupadas pelos associados bem como por uma pequena pousada e demais áreas de lazer voltadas a prática das ações a que ela se destina. Maiores informações poderão ser acessadas através das seguintes páginas de internet: www.pinhonat.org e www.facebook.com/pinho.nat Sua diretoria atual é composta pelas seguintes pessoas: Marcia Regina Stoklosa – Presidente, Maurino Loch – Vice-Presidente, Sérgio Hoffmann – Tesoureiro e pelos Conselheiros Vitalícios: Luiz Carlos Hack, Edson Noé da Silva e Tatiana Oeshler. DIRIGENTE: O Conselheiro Luiz Carlos Hack, o qual concede a presente entrevista, é brasileiro, divorciado (convivendo em união estável com Rosana Batista Massaneiro), nascido em Cascavel, Pr e residente em Curitiba Pr. www.facebook.com/luizcarlos.hack.9 Militância naturista: Iniciou participação no movimento naturista em 1991 ocasião em que conheceu a Praia do Pinho, tendo conhecido também as Praias de Tambaba Pb, Massarandupió Ba, Barra Seca ES, Galhetas SC, Pedras Altas e Colina do Sol, RS. Em 1999 adquiriu uma cabana na hoje extinta Associação Amigos da Praia do Pinho, passando a sócio patrimonial. Atuou como colaborador durante todos esses anos, inclusive participando da recepção e orientação aos frequentadores da Praia do Pinho e também atuou como orientador em questões jurídicas relativamente as questões naturistas. Ocupou o cargo de Presidente da AAPP – Associação Amigos da Praia do Pinho, por dois períodos de 2010 a 2014. Por ocasião do EDN – Encontro de Dirigentes Naturistas, realizado em fevereiro de 2013 participou na qualidade de mentor, da criação da entidade naturista Associação Naturista da Praia do Pinho – PINHONAT. Foi eleito por três mandatos consecutivos para o cargo de conselheiro de ética da FBrN, função esta que deverá exercer até 2017. Participou, na qualidade de dirigente naturista e também como integrante do Conselho de Ética, nos seguintes eventos GONGRENAT (Congresso Brasileiro de Naturismo), EBN – Encontro Brasileiro de Naturismo, EDN – Encontro de Dirigentes Naturistas e ELAN – Encontro Latino Americano de Naturismo, de 2009 até a presente data. Participou também da elaboração do Regimento Interno do Conselho de Ética da FBrN na qualidade de revisor. Como representante da FBrN participou da sessão plenária da Câmara dos Vereadores de Florianópolis, SC em defesa pela manutenção da prática do naturismo na Praia da Galheta, SC, mediante sustentação oral e entrega de manifesto escrito acompanhado de documentos, ocasião em que o vereador autor do projeto de lei que tinha como escopo a proibição do naturismo em referida praia, pediu o arquivamento do projeto de lei. Defende ampla divulgação do naturismo através da Federação Brasileira de Naturismo, tornando o cartão INF um documento cada vez mais eficaz no exercício do naturismo, pois entende tratar-se de uma filosofia de vida, totalmente em consonância com o convívio social e respeito a natureza. PRAIA DO PINHO NA ATUALIDADE Sem sombra de dúvidas a Praia do Pinho se apresenta hoje como a primeira e principal praia de naturismo da América Latina. Quer pela luta de seus fundadores e dirigentes que se sucederam, quer pelos meios de comunicação que constantemente referendam este importante local para a prática do naturismo. Durante a temporada podemos observar uma frequência média de 300 a 500 casais por dia e mais um grande número de pessoas desacompanhadas. A praia tem uma área específica para casais e famílias, sendo que as pessoas desacompanhadas devem permanecer ao lado sem desprestígio nenhum pelo usufruto de uma bela praia e mar limpo. O naturista carrega consigo a preocupação com os preceitos éticos e de preservação do meio ambiente o que lhe proporciona ambientes limpos e saudáveis. Todavia, com o advento do progresso tivemos a construção da maravilhosa Avenida Interpraias que atraiu inúmeros turistas para a região e facilitou em muito o acesso a Praia do Pinho. Juntamente com pessoas interessadas em vivenciar a prática do naturismo, comparece diariamente na praia e adjacências uma legião de curiosos e pessoas mal intencionadas o que interfere brutalmente no trabalho dos dirigentes pela manutenção das atividades essenciais do local. Em recente parceria entre a PINHONAT e a 5ª Promotoria de Justiça na pessoa do Sr. Promotor do Meio Ambiente de Balneário Camboriú, Dr. André Otavio Mello, várias ações estão sendo direcionadas no sentido de coibir ao máximo que o ecossistema seja alterado face ao constante processo invasor perpetrado por pessoas que em nada se coadunam com a filosofia de vida naturista. Com efeito, em visita ao local o Dr. André presenciou o adiantado estado de degradação em que se encontram a mata, restinga e manancial que deságua na praia. Tomamos a liberdade de transcrever uma das mensagens trocadas com a Douta Promotoria: “Sr. diretor, explane todos os problemas que o Sr. me mostrou em loco. As fotos com o lixo todo depositado no meio ambiente. Que fizemos mutirão e retiramos em parte esses dejetos (aproximadamente 10 sacos de 100 litros contendo preservativos, latas, garrafas, vestes, sacolas plásticas, etc). A determinação do Ministério Público de fazer o muro de passagem em razão da promiscuidade, furtos, roubos, homicídios e ofensas diversas sofridas por pessoas que estão atacando frontalmente a filosofia naturista, segurança e beleza do local. Explique que o MP determinou e costurou também por meio de TAC (termo de ajustamento de conduta) com o Sr. Miltinho e família a imediata colocação de seguranças tanto na praia (espaço em frente a propriedade deles e caminho público) quanto aos senhores durante a temporada junto as pedras. Que iremos para o próximo verão edificar um muro de cortina verde para proibir a passagem atual que existe na mata e permitir apenas a quem vai pelas pedras. E com a colocação das câmaras de fibra ótica o objetivo é no primeiro trimestre monitorar a área em parceria com a PM/MPSC, fiscalizando o local para registrar os frequentadores que vão apenas para depredar o patrimônio público, cometer delitos de todas as ordens e macular a APA – Costa Brava, que é área de proteção ambiental e uma unidade de conservação que afortunadamente conta com uma praia INTERNACIONALMENTE conhecida pela prática ordeira do Naturismo. Que voltem as famílias, as pessoas de bem. Educadas e em prol de um ambiente saudável, pro natura e sem drogas, crimes e badernas. Abraços verdes. André Otavio Mello”. O Termo de Ajustamento de Conduta firmado entre os comerciantes e proprietários da citada área de acesso a praia não foi cumprido, o fechamento da entrada pública para carros e motos não foi concluído corretamente, de forma que está permitindo a invasão de centenas de motos no costão. Podemos observar também uma multidão de homens vestidos e portando mochilas circulando pelas inúmeras trilhas abertas na mata bem como nas pedras e prainha. As cenas que temos presenciado durante toda esta temporada não podem aqui serem descritas ante o seu teor, mas há documentação a respeito que poderá ser levada ao conhecimento das autoridades se assim o desejarem. Em nenhum dia do último feriado de carnaval se fizeram presentes os seguranças nas trilhas e acesso a praia, em descumprimento ao que houvera sido acertado com o Ministério Público. A associação, por seu lado, manteve dois seguranças na área que divide a associação as pedras de acesso a praia, tal como firmado com o MP. Ademais, ditos comerciantes mantém uma portaria na entrada principal da praia e fazem cobrança pela entrada de veículos e motos a título de estacionamento. Todavia, se recusam a entregar o folheto informativo juntamente com o código de ética naturista, o que permite que centenas de curiosos, a maioria vestidos, permaneçam nas áreas próximas ao acesso a praia e bar existente no local, constrangendo os naturistas através da prática de atos obscenos e ofensas morais. Informamos ainda que na última sexta-feira, dia 13, enquanto saia pelo portão de acesso à associação, nossa caseira foi surpreendida por dois assaltantes que, a mão armada levaram sua motocicleta. A insegurança no local é total, posto que observamos o tempo todo grande número de pessoas desocupadas e em atitude suspeita circulando pelas ruas de acesso à praia e também de nossa associação. Nossas esposas estão impossibilitadas de descer até a praia, pois os ataques a suas integridades física e moral são constantes e diários. Não temos recebido dos órgãos de segurança a contrapartida necessária o que nos tem colocado numa posição de vulnerabilidade ante o descaso do poder público. Ainda, solicitamos a este conceituado meio de comunicação que publique o folheto informativo, juntamente com o código de ética naturista, para conhecimento de todos. Finalmente, colocamo-nos à disposição da imprensa, órgãos públicos e população em geral para prestar todos os esclarecimentos necessários. Gostaríamos imensamente de colocar a disposição dos meios de comunicação vasta matéria explicitando de forma ampla nossa filosofia naturista, suas raízes, contextos e vivências sociais pelo mundo todo. Todavia, por se tratar esta matéria exclusiva sobre a Praia do Pinho, sentimo-nos na obrigação de divulgar os fatos aqui citados para conhecimento e constatação “in loco” da situação quer pelos órgãos públicos, quer pela população em geral. *Membro do Conselho da PINHONAT Membro do Conselho de Ética da FBrN
Imagens meramente ilustrativas
(enviado em 20/02/15) |
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