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Jornal Olho nu - edição N°180 - Novembro de 2015 - Ano XVI

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 HALLOWEEN E O NATURISMO

por Evandro Telles*

Halloween no Brasil é chamado de Dia das Bruxas e sua celebração acontece no dia 31 de Outubro. É uma festa cultural trazida pelos colonizadores ingleses à América. Escoceses e irlandeses adicionaram o bicho papão e as histórias de fantasmas ao folclore da data.

Particularmente divido a história do halloween em dois momentos; antes e depois de ter sido inventado as bruxas. Antes tinha um fundo religioso, tanto é que alguns estudiosos dizem que o nome é uma versão encurtada de “All Hallows Even” (Noite de Todos os Santos). Com o tempo as pessoas passaram a referir-se como “hallowe’en”, e mais tarde simplesmente “halloween”. As bruxas não são como as que conhecemos nos dias atuais, elas foram inventadas, elas eram consideradas mulheres experientes, inteligentes e conheciam alquimia. Na verdade elas eram um paralelo do místico (homem sábio), as bruxas eram respeitadas como mulheres sábias.

Por serem mulheres, constituía um perigo para o poder dominado por homens num sistema patriarcal. Como ressaltou a bióloga-antropóloga Ashley Montague, “a fêmea, base biológica da vida, é o mais forte dos dois fatores necessários para criar vida, enquanto a variável masculina é mais frágil”. (The Natural Superiority of Women).

Mas como poderia ser diferente? Teríamos que ter a capacidade de entender que as energias e atitudes masculinas e femininas não são antagônicas e sim complementares, se fizermos uma associação de yin e yang (estrutura conceitual que se baseia na ideia de contínua flutuação cíclica, os dois polos que fixam os limites para os ciclos de mudanças) iremos observar que todos os fenômenos naturais são manifestações de uma contínua oscilação entre os dois. Polos arquetípicos que sustentam o ritmo fundamental do universo.

YIN YANG
Feminino Masculino
Contrátil Expansivo
Conservador Exigente
Receptivo Agressivo
Cooperativo Competitivo
Intuitivo Racional
Sintético Analítico

 É fácil observar pela lista acima, como a sociedade tem favorecido sistematicamente o yang em detrimento do yin.

No século IX cria-se a figura da bruxa como uma pessoa maléfica, demonizada, que teria que ser eliminada a qualquer custo. Assim, pessoas foram queimadas vivas, torturadas até que confessassem sua culpa (por favor não leia somente, coloque-se no lugar delas), cujo pecado era de ser uma mulher, uma mulher inteligente. Uma histeria movida, em larga escala, por preconceito e puritanismo.

Não é difícil perceber que ainda se guarda resquícios na sociedade que ainda discrimina o corpo da mulher, mesmo sendo ela privilegiada biologicamente com que a natureza se manifesta de forma tão criativa, mesmo assim os ditames da indústria da moda consegue deixá-la inferiorizada. Para que a história não se repita, valores sociais terão que ser mudados, basta ver o número de agressões sofridas pelas mulheres, tema até mesmo da prova do ENEM.

Repetindo o que disse Fritjof Capra em seu livro “O Ponto de Mutação”: A Sociedade tem favorecido sistematicamente o yang em detrimento do ying. Essa ênfase, sustentada pelo sistema patriarcal e encorajada pelo predomínio da cultura sensualista durante os três últimos séculos, acarretou um profundo desequilíbrio cultural que está na própria raiz de nossa atual crise – um desequilíbrio em nossos pensamentos e sentimentos, em nossos valores e atitudes e em nossas estruturas sociais e políticas.

O NATURISMO, por ser um estilo de vida que não cabem preconceitos e nenhuma espécie de divisão, nem mesmo entre solteiros e casados em que algumas áreas insistem permanecer contra a própria filosofia nudista/naturista, pode colaborar com novos valores, só é preciso entender as implicações da nudez humana.

Num diálogo com um naturista transcorreu assim:

Ele: Não gosto de ver chegando homens solteiros, não me sinto bem. Nem eu mesmo gosto de vir desacompanhado;

Eu: Mas...

Ele: Sei – não deixando nem concluir a minha opinião – não está correto, mas é assim que me sinto.

Uma das implicações do Naturismo é que nos deixa exposto para nos auto-avaliarmos diante dos nossos próprios preconceitos, algo que temos por obrigação melhorar. Assim, o Halloween deve ser lembrado sempre, mesmo proveniente de outras culturas, que a história não poderá ser repetida.

Evandro Telles

Presidente do conselho Maior da FBrN

*www.evandrotelles.blogspot.com

03/11/15
 

(enviado em 4/11/15)


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