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Jornal Olho nu - edição N°183 - Fevereiro de 2016 - Ano XVI |
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Encontro Latino Americano - a sexta edição imagens: Pedro Ribeiro e Alex de Souza
Zipolite, um lugarejo que ganhou visibilidade na década de 70, quando foi descoberto por pessoas de vida alternativa da época: os hippies, que invadiram o micro povoado com novos costumes, um deles o hábito da nudez social. Antes dos hippies, Zipolite era pouco procurado porque a lenda do local desestimulava. Era o lugar onde os zapotecas enterravam os mortos, trazendo-os de dezenas ou mesmo centenas de quilômetros de distância. Hoje em dia é um povoado que conta com dezenas de pousadas, muitas bem rústicas e outras mais sofisticadas. Muitas das pousadas estão á beira da areia da praia, com varandas e lobbies dando diretamente para a areia. São cerca de um quilômetro e meio de extensão em formato de meia-lua. O nudismo é praticado livremente, mas o uso de roupas também. Da areia se avista muitos nudistas nas varandas de algumas pousadas, embora somente haja uma oficialmente nudista (mas não é naturista no sentido das normas e da ética). Na areia há muito cachorro solto e, em consequência, muito cocô espalhado. O uso da maconha é comum e explícito na localidade, embora oficialmente no México o uso recreativo não seja liberado.
Foi nesse ambiente que se realizou entre os dias 28 e 30 de janeiro de 2016 o Sexto Encontro Latino Americano de Naturismo, que teve como sede o Hotel Los Angeles, dentro do Rancho Los Mangos, uma extensa propriedade com muito verde, pássaros, restaurante e piscina onde se pode acampar, levar seu trailler ou se hospedar nas diversas habitações espalhadas em pequenas construções. O Rancho fica a duas quadras da praia e durante o evento foi permitido o nudismo.
Foi a Federação Nudista do México que organizou o Encontro, com todas as regras do Naturismo sendo observadas e cobradas. Inclusive em determinadas áreas do evento a nudez era obrigatória, em outras as roupas eram opcionais. Uma outra instituição nudista, não filiada à Federação mexicana, organizou para a mesma data sua reunião mensal, cuja sede foi na única pousada nudista da área e teve sua programação realizada na areia da praia, o que ajudou a aumentar muito o número de pessoas nuas na ocasião. O poder público municipal apoiou o evento, construindo um grande palco na praia onde aconteceram atrações paralelas e reuniu público leigo, ajudando a divulgar o Naturismo ainda mais. Também houve patrocínio de uma marca de bebidas local, que produz o Mezcal, uma das bebidas nacionais do México, e distribuiu amostras do produto em várias ocasiões. O evento foi bem organizado e pontual na maior parte das vezes.
Apenas a Federação Brasileira de Naturismo enviou representantes oficiais. As demais associações latino americanas alegaram problemas financeiros para justificarem as ausências. Somente as associações equatoriana e argentina enviaram cartas de apoio ao evento que foram lidas durante as reuniões pelo secretário da federação mexicana Gerardo Cisneiros. Pedro Ribeiro, vice-presidente e Alex de Souza, Coordenador de Relações Institucionais representaram oficialmente a FBrN. Também esteve apoiando o evento Francesco Giordano, italiano de coração brasileiro, membro da coordenadoria de Relações Internacionais da FBrN. Havia representações não oficiais da Costa Rica e do Equador. Os outros naturistas eram mexicanos membros ou não da Federação Mexicana. Cerca de cinquenta pessoas assistiram as reuniões.
Os encontros oficiais ocorreram todas dentro de uma construção em forma hexagonal, conhecida como Palapa, onde foram colocadas as três bandeiras representativas do evento (a bandeira do México, do Brasil e da INF) e um pequeno e eficiente sistema de som. Três palestras constituíram a programação sobre assuntos de interesse do Naturismo e que de alguma forma levavam á reflexão sobre nosso estilo de vida. Na reunião de debates, a última prevista, foi colocada novamente a importância de construir uma confederação naturista latino-americana. Os naturistas mexicanos fizeram muitas perguntas sobre qual seria a importância dessa confederação, de como funciona a Federação Internacional e como fazer para que o naturismo possa crescer no México. Dentre soluções sugeridas se destacou uma maior mercantilização de produtos destinados a naturistas, com parte do lucro destinado à possível Confederação e também patrocínio de empresas para eventos naturistas por toda a América Latina.
Em sessão de votação foi aprovada a continuação de defesa da moção que inclui um quarto idioma oficial na INF, o espanhol, no próximo Congresso internacional de Naturismo, a ser realizado na Nova Zelândia em novembro. Como não havia mais integrantes de outras federações latinas não foi definido onde será o próximo encontro em 2018. Foi sugerido que se realizasse na Argentina, haja vista que houve proposta nesse sentido por parte de uma instituição daquele país ventilada no último Elan, no Uruguai. Foi aprovada também a continuação da organização da Confederação latino-americana de Naturismo.
Os eventos oficiais paralelos e festivos ocorreram quase todos fora do Rancho Los Mangos: Aula de ginástica e Ioga, caminhada, exibição de dança folclórica da região, danceteria e a foto instalação. A peça "Empelotados" foi exibida em duas sessões, uma dentro do Rancho e outra na palco armado na praia. A foto oficial também foi dentro do Rancho.
Outros eventos não oficias também movimentaram a praia: disputas esportivas e disputas nem um pouco naturistas foram promovidas pela outra associação nudista que estava presente na praia.
De maneira geral, o ELAN6 cumpriu o seu papel de divulgar o Naturismo e agregar novos lutadores e lutas pelo ideal. A confraternização, sempre a tônica destes encontros, foi confirmada mais uma vez. Fazer nova amizades é um dever. Lamentamos apenas a ausência da representatividade de outros países.
A praia de Zipolite é um capítulo à parte por apresentar uma atmosfera liberal e totalmente indiferente ao nudismo. O povoado é turístico habitado por pessoas oriundas de várias partes do mundo, usando vestimentas nada convencionais em grande parte. O ambiente da praia é interessante, pois, ao contrário do que ocorre em praias naturistas brasileiras, onde muitos a procuram para realizar fantasias sexuais em plena areia e com plateia assistindo, sexo público não foi registrado. Nem havia os famosos voyeurs que infestam nossas praias e ficam se masturbando enquanto fitam os corpos nus de mulheres e homens. Não havia os paqueradores que acham que todas as mulheres nuas estão à sua disposição e não podem escapar às suas cantadas. O nudismo é simplesmente normal e natural. Mesmo havendo muitos casais swingers na praia, o ambiente era respeitoso.
(enviado em 3/02/16 por Pedro Ribeiro)
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