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Jornal Olho nu - edição N°202 - Setembro de 2017 - Ano XVII |
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Estudante assiste a aula pelado na UFG; professor trata caso como 'brincadeira'
Segundo docente, aluno ficou só com chapéu e sandálias após questionamento sobre o que é arte; ele diz que colegas levaram situação com 'bom humor'. Universidade prefere não se pronunciar. Por Sílvio Túlio, G1 GO
Um estudante foi fotografado completamente nu enquanto assistia a uma aula de arte contemporânea na Faculdade de Artes Visuais (FAV) da Universidade Federal de Goiás (UFG). Na imagem, que viralizou nas redes sociais, o jovem usa apenas um chapéu estilo sombreiro e um par de sandálias. O professor Juliano Ribeiro Moraes, que ministrava a aula, minimizou a situação e tratou o caso como uma "brincadeira".
O caso aconteceu na manhã de quarta-feira (13). O docente conta que tudo começou durante uma discussão sobre o artista pop Peter Thomas, que ficou conhecido por ser o autor da capa do álbum Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, dos Beatles.
"Ele questionou se aquilo era arte contemporânea e eu disse que sim. Ele então perguntou se tudo poderia ser arte. Respondi que dependia do artista. Então ele saiu e voltou pelado e questionou se aquilo era arte. Todo mundo riu na hora, levamos no bom humor. Foi uma brincadeira. Eu até perguntei se ele tinha sido assaltado e se levaram a roupa dele", disse Juliano ao G1.
O professor pontuou ainda que o aluno ficou cerca de 20 minutos nu na sala, mas como nenhum dos outros colegas "deu moral" para ele, o jovem saiu e voltou já vestido com uma camiseta e uma saia, mesmas peças com as quais havia chegado para assistir a aula.
'Naturalidade'
Juliano, que leciona UFG há sete anos, disse que nunca aconteceu algo parecido em suas aulas. No entanto, disse que os alunos e docentes do curso de artes visuais tratam a nudez com mais "naturalidade".
"Ninguém ficou com vergonha ou teve sua moral ofendida. A gente fez piada. Ele tem o direito de protestar, de provocar. Convivemos com isso com tranquilidade. Temos aulas com modelos vivos para podermos desenhá-las. Isso existe há 500 anos", pontua.
O aluno, sublinha, nunca apresentou qualquer tipo de problema em sala de aula. Inclusive, é visto como um estudante bastante participativo e que gosta de debater todos os assuntos.
O professor diz que a direção da UFG o questionou sobre a situação. Ele afirmou que explicou o caso e que "eles entenderam".
Em nota enviada ao G1, a assessoria de imprensa da UFG disse que não vai se manifestar sobre o assunto.
Fonte: https://g1.globo.com/
(enviado em 15/09/17 via Whatsapp) Fonte: http://g1.globo.com Por Luiza Garonce, G1 DF
Debaixo de um céu sem nuvens em uma praça ampla de cimento e concreto, havia corpos nus. Sem roupa e sem pudor, 115 homens e mulheres compuseram a cenografia da Praça do Museu da República, no coração de Brasília, na manhã deste sábado (2).
A intervenção no espaço urbano foi registrada pelo olhar do fotógrafo Kazuo Okubo, que carrega 43 anos de experiência por trás das lentes. Grupo posa em foto de nu artístico em Brasília (Foto: Kazuo Okubo/Divulgação)
Reconhecido pelo trabalho sensível com a nudez, ele ficou responsável por captar o momento histórico – esta foi a maior foto de nu artístico do Centro-Oeste em número de pessoas, segundo os organizadores. Modelos formam palavra 'arte' na rampa do Museu Nacional, em Brasília (Foto: Kazuo Okubo/Divulgação)
Do alto de um guindaste a 20 metros de altura, o fotógrafo, munido de um alto falante, coordenou os participantes para formar desenhos. Um drone também registrou a intervenção. Fotógrafo Kazuo Okubo registrou nu artístico coletivo com 115 pessoas no Museu da República em Brasília (Foto: Luiza Garonce/G1)
A “fotona”, assim chamada pelos idealizadores, ocorreu a céu aberto na região de maior concentração de ternos e gravatas de Brasília como forma de protesto à “caretice e ao conservadorismo da cidade” e para “reafirmar os corpos enquanto ferramenta de manifestação artística, cultural e política”. Fotógrafo Kazuo Okubo em cima de guindaste para registrar "fotona" de nu coletivo em frente ao Museu Nacional da República em Brasília (Foto: Luiza Garonce/G1)
Segundo o idealizador da foto-protesto, Diego Ponce de Leon, a ideia de fazer um nu coletivo e registrar o momento surgiu da vontade de "contrariar o panorama retrógrado e careta da cidade opressora que não abarca a arte".
O projeto da "fotona" ganhou força quando o artista paranaense Maikon Kempinski foi detido pela Polícia Militar do DF, em 15 de julho, justamente enquanto fazia uma performance nu no mesmo local.
"Estava cansado dessa ideia de que em Brasília ninguém se esbarra, onde o conservadorismo toma conta", disse na abertura do evento. "O grande problema [na apresentação do Maikon] era só um corpo nu." Pessoas reunidas em frente ao Museu Nacional da República em Brasília para "fotona" de nu coletivo (Foto: Luiza Garonce/G1) 'Fotona'
O fotógrafo Kazuo Okubo recepcionou os participantes emocionado e agradeceu a presença de todos. "Eu nem consegui dormir direito ontem. Esperava umas 50 pessoas. É legal isso ter mobilizado tanta gente", disse.
"É uma oportunidade de mostrar a arte na nossa vida." Fotógrafo Kazuo Okubo após registro de "fotona" de nu artístico com 115 pessoas em frente ao Museu Nacional da República em Brasília (Foto: Luiza Garonce/G1)
Em seguida, o desapego começou. No auditório do Museu da República, todos começaram a tirar as roupas, nos próprios assentos. Risos, conversa, descontração. Nenhum olhar assustado, de medo, de repressão. Liberdade de expressão.
Já do lado de fora, em frente à rampa do museu, o fotógrafo Kazuo Okubo posicionou os participantes em formato de mandala cujo centro era o artista Maikon K.
Em seguida, todos se deitaram na rampa, de barriga para cima. Com canetas, escreveram frases no corpo e se organizaram em retângulos, como um quebra-cabeça. Pessoas nuas fazem formato de mandala e artista Maikon K. se posiciona no centro em frente ao Museu Nacional da República em Brasília (Foto: Luiza Garonce/G1) Pessoas escrevem nos corpos nus durante intervenção no Museu Nacional da República em Brasília (Foto: Luiza Garonce/G1) A ação deste sábado foi organizada em parceria com o festival internacional de teatro Cena Contemporânea, que convidou o artista para voltar a Brasília e repetir a performance exatamente como havia tentado fazer, em praça pública. A apresentação, “DNA de Dan”, será realizada às 17h.
Veja programação completa da 18ª edição do Cena, que termina neste domingo (3).
Para evitar que o nu coletivo fosse impedido, mais uma vez, por policiais (ou mesmo por pessoas comuns), os organizadores conseguiram autorização da Secretaria de Segurança, que montou um alambrado para demarcar a área onde a intervenção ocorreu.
Preparação Participantes de "fotona" de nu artístico deixaram roupas em auditório do Museu Nacional da República em Brasília para participar de intervenção do lado de fora (Foto: Luiza Garonce/G1)
Antes de abandonar as roupas, os participantes da “fotona” assistiram a uma fala do artista paranaense, que comentou a forma como a nudez é encarada socialmente. "Fico pensando por que esse corpo nu ainda assusta tanta gente. Cada um quer um pedaço dele, quer legislar sobre ele. A política, a igreja, a família, a escola."
"Esses poderes são falsos, porque antes deles o corpo já estava aqui. É o único poder real que cada um tem." Homens e mulheres descem rampa de Museu Nacional da República em Brasília para participar de "fotona" de nu coletivo (Foto: Luiza Garonce/G1)
Segundo ele, é papel da arte, em essência, devolver ao corpo o poder que lhe foi tirado por essas instituições, "para que possa se expressar de maneira que não lhe é permitido em outros espaços."
Sobre a reação dos policiais e de algumas pessoas que se manifestaram contrárias à performance de nu em julho, Maikon K. disse que o "medo" do corpo despido reflete a força dos poderes institucionais sobre o imaginário coletivo.
"A nudez serve como espelho. Aquilo pode ser tudo menos erótico, porque passo uma substância que vai me deformando. A pessoa projeta coisas dela no meu corpo."
"A nudez é associada ao obsceno, porque o corpo é muito usado na nossa sociedade como objeto sexual." Homens e mulheres participam de "fotona" de nu artístico no Museu Nacional da República em Brasília (Foto: Luiza Garonce/G1)
Em seguida, dois participantes se manifestaram sobre o tema:
"Um simples ato de nudez é obsceno, mas a ejaculação em uma mulher não constrange."
A fala refere-se ao caso do homem que ejaculou em cima de uma mulher dentro de um ônibus em São Paulo, na última terça-feira (29). Ele foi preso e liberado em audiência de custódia, porque o juiz entendeu que não houve "constrangimento tampouco violência".
Neste sábado (2), o homem foi preso novamente por atacar outra passageira dentro de um coletivo na região da Avenida Paulista.
"O arte do corpo nu ser enquadrada como 'atentado violento ao pudor' é lamentável." A jornalista Mariana Alves, de 24 anos, participou da "fotona" de nu artístico que encerrou o Cena Contemporânea 2017 (Foto: Luiza Garonce/G1)
Quem participou?
Para a jornalista Mariana Alves, de 24 anos, a "fotona" foi uma oportunidade para manifestar a liberdade artística do corpo como expressão. "Nada melhor que o nu para provocar e movimentar a resistência artística de Brasília."
"Principalmente expressar o meu nu, que é uma poesia que vai além de mim."
O bailarino Lucas Ribeiro, de 19 anos, decidiu participar de última hora. "Eu tinha vergonha do meu corpo. Perdi quando fiz uma sessão em uma cachoeira aqui perto."
Desta vez, no entanto, o nudez tinha um propósito maior. "É uma quebra de tabu. A gente tem que mostrar que não é porque é nudez, é sexual. Nós fazemos arte." Pessoas sobem rampa do Museu Nacional da República em Brasília para participa de "fotona" de nu artístico (Foto: Luiza Garonce/G1)
(enviado em 2/09/17 por Leo Spínola via Whatsapp) |
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