Depois de início de
verão fraco, Pinho aguarda Carnaval com reservas lotadas
por Richard
Pedicini*
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Paisagismo
novo de boas-vindas às visitas em frente da recepção |
O Complexo Praia do
Pinho em Balneário Camboriú tem vencido um verão fraco devido “à
economia, tanto do Brasil quanto do Mercosul … Chilie, Uruguai, mas
sobretudo Argentina”, conforme o gerente Helder, mas também de 35
dias sem chuva, que exigiu a primeira vez a contratação de
caminhão-pipa para suplementar a água de captação. Porém, os quartos
estão todos lotados para o Carnaval. “Para o camping, não aceitamos
reservas, é de quem chega primeiro. Aconselhamos chegar pelo menos
dois dias antes do Carnaval para não arriscar.” Cinco dias de
Carnaval no camping sai R$900 por casal. A política de manutenção e
reforma constante da Praia do Pinho deixou o complexo pronto para
receber o público, com a pousada totalmente reformada, e obras de
meio-ambiente caminhando bem.
O tradicional bar
Capop mostra uma renovação. Sanitários masculinos e femininos foram
construídos no lado de fora, com um chuveiro no sistema “Ficha na
caixa”. O piso cerâmico também foi trocado, e a pintura é recente.
Café com leite com pão tostado foi razoável a R$12; um garrafinha de
água a R$5, não.
A
equipe de funcionários, chefiada pelo Marcelo, vem toda de Londrina,
no Paraná, ficando durante toda a estação de quatro meses. Marcelo
explica que “Vim para Balneário só com a passagem de ônibus, e
fiquei três meses dormindo na rua, até conseguir trabalho aqui. Os
antigos funcionários foram mandados embora um por um, e o patrão me
deixou chamar novos de Londrina. Moramos todos na mesma rua lá.”
Forte, exibindo muitas tatuagens, Marcelo também faz tatuagens (“mas
só fora do expediente”), e planeja abrir um estúdio em agosto.
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Marcelo
(centro) e Lucas (direita) vêm de Londrina todo verão
para servir no Capop. |
Lucas, alto, magro e
moreno, veio primeiro para Praia Mole em Florianópolis, ao lado da
naturista Praia de Galheta, e trabalhou 13 dias como garçom
freelancer no Bar de Deka, “e fiquei um mês parado, e vim para
cá. Dormi no sofá de uma amiga, e tinha um amigo de Londrina
trabalhando aqui. Faz dois anos estou vindo trabalhar na estação.”
São naturistas? Nadam na Praia do Pinho? Sim, “mas só tem uma folga
por semana.” As folgas não foram suficientes para ganhar um
bronzeado por inteiro, mas Marcelo sugere que foram o suficiente
para ganhar o apelido “Lucas Tripé".
Os garçons sofrem
assédio sexual das frequentadoras? “Vem umas cantadas,” disse
Marcelo, “Mas o equipe é profissional. Namoro, só depois do
expediente.”
O complexo Praia do
Pinho continua com manutenção e reforma constante, mantendo o lugar
sempre em ordem mas sempre diferente. A pintura verde-pistache que
uniformizava as construções foi trocado por tons de areia e marrom.
A pousada foi totalmente reformada em novembro de 2018, e agora está
revestida por fora com cerâmica padrão tijolo, e por dentro, os
apartamentos todos reformados. O chalêt, que tinha um telhado
íngreme e uma escada mais íngreme ainda, perdeu o andar de cima. Uma
nova caixa d'água está sendo instalado prevendo as demandas do
Carnaval. O Bar da Praia continua em baixo de tendas, mas a cozinha
agora é um container adaptado. Enquanto tudo muda, nada se expande:
as regras ambientais não permitem ampliação das construções perto do
mar.
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O
tradicional Capop com is novos banheiros |
O container que serve
de recepção ganhou um trabalho cuidadoso de paisagismo, e um pequeno
calçamento de pedra portuguesa. O container mesmo tem marcas de
ferrugem, mas o gerente Helder lamenta, “Zarcão e tinha automotiva,
mas nada resiste ao sal da maresia.”
Na divisa entra a
praia e o complexo, a mudança é mais substancial. Faz uns anos foi
iniciado um projeto de recuperação da restinga nativa. “A Guarda
Ambiental passa frequentemente fazendo relatórios, e o restauro da
restinga está funcionando,” informa Helder. A diferença é visível ao
olho nu. Enquanto a restinga é baixa em frente ao bar, em frente ao
camping, cresceu a uns dois metros, tampando a visão do mar, mas não
tampando o som das ondas. A mureta que separava o complexo da praia
foi demolido e deu lugar a uma simples cerca de postes de concreto e
arame, ambos capeados em vinílico verde escuro.
Umas árvores
não-nativas na rua que desce até o complexo foram cortadas à
exigência da fiscalização ambiental. Mangueiras maduras dão sombra a
parte do camping, mas de uns vinte plantadas mais recentemente, de
espécie recomendada pela Guarda Ambiental, as únicas que vingaram
são as mais longes do mar.
Público Internacional
O publico conforme
Helder, vem de muitos lugares, não somente Santa Catarina, Paraná e
Rio Grande do Sul, mas também do Mercosul - “Chilenos e uruguaios,
mas o número maior é de argentinos. Mas também vêm de Inglaterra,
África do Sul, França, Alemão e China.” Chineses? “É um lugar onde
eles podem fugir da sua própria cultura. São um povo muito
receptivo, muito educado”. Famílias e crianças também vêm de todos
os lugares, ele afirma. De umas 70 pessoas na praia sábado à tarde,
porém, só havia uma criança em idade pré-escolar, e nenhum
adolescente. Mas as aulas já recomeçaram em Santa Catarina.
Há sempre os turistas
atraídos pela curiosidade. “A maior parte fica no lado de fora [no
estacionamento] só olhando, mas uns entram, e quanto tempo leva para
perder o timidez varia com cada um. Mas na segunda visita, a maioria
já se adaptou.”
Helder gerencia a
Praia do Pinho faz dois anos, mas conhece o lugar desde seus 18
anos, “vinte anos atrás.” Parece bem mais novo do que seus 38 anos,
mas pode ser a falta de exposição ao sol, “Nunca experimentei
naturismo até hoje,” ele confessa. As suas assessoras na recepção
também não são naturistas.
Aceitação na
comunidade
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Três
bombeiros protegem os banhistas todo dia no verão |
A Praia do Pinho,
conforme Helder, tem boa aceitação na comunidade de Balneário
Camboriú. “Há reclamações nas redes sociais do que acontece fora da
entrada, no acesso público à praia”, que não está sob controle do
complexo Praia do Pinho. “Mas não tem resistência de igrejas etc. ao
naturismo.” Há apoio oficial, a mesma que outras praias recebem, com
um carro da PM da SC passando pela área do camping, o helicóptero da
PM passando duas vez durante a tarde, presumivelmente fazendo a
ronda de todas as praias de Entrepraias.
O símbolo maior do
status oficial da Praia do Pinho é o posto dos salva-vidas, onde
três bombeiros ficam de 08:00 até 18:00. Os bombeiros são do Estado,
e o posto é pintado nos cores dos bombeiros, mas a Praia do Pinho
construiu e faz manutenção do posto, e fornece almoço e lanches para
os bombeiros. Fernando, outro funcionário do Pinho, explica que
“Hoje o mar foi calmo, e os bombeiros não entraram no mar [para
salvar banhistas] nenhuma vez, mas há dias em que eles entram duas
ou três vezes.” As praias mais próximas, Estaleiros e Taquaras, têm
mar bravo que nem Pinho, e todos atraem surfistas. Fernando confirma
que já houve, uma vez anos atrás, um campeonato de surf naturistas,
mas nunca mais.
Chegando à Praia do
Pinho
A
maior parte dos visitantes à Praia do Pinho vem de carro, próprio ou
alugado. Porém para quem não tem carro, há alternativas.
Promoções em passagens
aéreas para o aeroporto de Navegantes são frequentes, porém o
aeroporto fica não em Balneário Camboriú mas em Itajaí, a cidade
vizinha no outro lado do rio: e não há ônibus regular, nem van, que
faz o translado para Balneário. O táxi está tabelado em R$120, igual
ao preço da passagem de ônibus SP-Camboriu. A saída, conforme
Helder, da Praia do Pinho, é de ônibus para a rodoviária de
Navegantes, e de lá para o rodoviária de Camboriú.
A Auto Viação
Catarinense tem vários ônibus que partem do Rodoviária de Tietê, na
cidade de São Paulo, no começo da noite, e chegam em Camboriú
começando as 05:30, numa viagem que dura em volta de 10 horas. O
ônibus semi-leito é o mesmo preço que o executivo, mas tem mais
espaço para as pernas. Saindo do terminal rodoviário, pela porta do
lado contrário da dos ônibus, vire à esquerda, em direção ao
Shopping Camboriú, e há uma parada de ônibus comprida, com bancas de
madeira e um telhado estreito. O ônibus 106 é o que pega a estrada
Interpraias. Os horários dados pelo Google Maps não são confiáveis:
indicado para 8:41, só chegou meia hora depois. Também não há
horário postado, só instruções para abaixar um app, que também não
adianta. Taxi e Uber são outras opções. A praia tem dois endereços,
que são a mesma via com dois nomes e duas numerações: Avenida
Rodesindo Pavan, 595, e Avenida Interpraias.
*Jornalista
norte-americano radicado no Brasil
(enviado em 10/02/19
por Richard Pedicini)