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Jornal Olho nu - edição N°220 - Março de 2019 - Ano XIX

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Depois de início de verão fraco, Pinho aguarda Carnaval com reservas lotadas

por Richard Pedicini*

 

Paisagismo novo de boas-vindas às visitas em frente da recepção

O Complexo Praia do Pinho em Balneário Camboriú tem vencido um verão fraco devido “à economia, tanto do Brasil quanto do Mercosul … Chilie, Uruguai, mas sobretudo Argentina”, conforme o gerente Helder, mas também de 35 dias sem chuva, que exigiu a primeira vez a contratação de caminhão-pipa para suplementar a água de captação. Porém, os quartos estão todos lotados para o Carnaval. “Para o camping, não aceitamos reservas, é de quem chega primeiro. Aconselhamos chegar pelo menos dois dias antes do Carnaval para não arriscar.” Cinco dias de Carnaval no camping sai R$900 por casal. A política de manutenção e reforma constante da Praia do Pinho deixou o complexo pronto para receber o público, com a pousada totalmente reformada, e obras de meio-ambiente caminhando bem.

 

O tradicional bar Capop mostra uma renovação. Sanitários masculinos e femininos foram construídos no lado de fora, com um chuveiro no sistema “Ficha na caixa”. O piso cerâmico também foi trocado, e a pintura é recente. Café com leite com pão tostado foi razoável a R$12; um garrafinha de água a R$5, não.

 

A equipe de funcionários, chefiada pelo Marcelo, vem toda de Londrina, no Paraná, ficando durante toda a estação de quatro meses. Marcelo explica que “Vim para Balneário só com a passagem de ônibus, e fiquei três meses dormindo na rua, até conseguir trabalho aqui. Os antigos funcionários foram mandados embora um por um, e o patrão me deixou chamar novos de Londrina. Moramos todos na mesma rua lá.” Forte, exibindo muitas tatuagens, Marcelo também faz tatuagens (“mas só fora do expediente”), e planeja abrir um estúdio em agosto.

 

Marcelo (centro) e Lucas (direita) vêm de Londrina todo verão para servir no Capop.

Lucas, alto, magro e moreno, veio primeiro para Praia Mole em Florianópolis, ao lado da naturista Praia de Galheta, e trabalhou 13 dias como garçom freelancer no Bar de Deka, “e fiquei um mês parado, e vim para cá. Dormi no sofá de uma amiga, e tinha um amigo de Londrina trabalhando aqui. Faz dois anos estou vindo trabalhar na estação.” São naturistas? Nadam na Praia do Pinho? Sim, “mas só tem uma folga por semana.” As folgas não foram suficientes para ganhar um bronzeado por inteiro, mas Marcelo sugere que foram o suficiente para ganhar o apelido “Lucas Tripé".

 

Os garçons sofrem assédio sexual das frequentadoras? “Vem umas cantadas,” disse Marcelo, “Mas o equipe é profissional. Namoro, só depois do expediente.”

 

O complexo Praia do Pinho continua com manutenção e reforma constante, mantendo o lugar sempre em ordem mas sempre diferente. A pintura verde-pistache que uniformizava as construções foi trocado por tons de areia e marrom. A pousada foi totalmente reformada em novembro de 2018, e agora está revestida por fora com cerâmica padrão tijolo, e por dentro, os apartamentos todos reformados. O chalêt, que tinha um telhado íngreme e uma escada mais íngreme ainda, perdeu o andar de cima. Uma nova caixa d'água está sendo instalado prevendo as demandas do Carnaval. O Bar da Praia continua em baixo de tendas, mas a cozinha agora é um container adaptado. Enquanto tudo muda, nada se expande: as regras ambientais não permitem ampliação das construções perto do mar.

 

O tradicional Capop com is novos banheiros

O container que serve de recepção ganhou um trabalho cuidadoso de paisagismo, e um pequeno calçamento de pedra portuguesa. O container mesmo tem marcas de ferrugem, mas o gerente Helder lamenta, “Zarcão e tinha automotiva, mas nada resiste ao sal da maresia.”

 

Na divisa entra a praia e o complexo, a mudança é mais substancial. Faz uns anos foi iniciado um projeto de recuperação da restinga nativa. “A Guarda Ambiental passa frequentemente fazendo relatórios, e o restauro da restinga está funcionando,” informa Helder. A diferença é visível ao olho nu. Enquanto a restinga é baixa em frente ao bar, em frente ao camping, cresceu a uns dois metros, tampando a visão do mar, mas não tampando o som das ondas. A mureta que separava o complexo da praia foi demolido e deu lugar a uma simples cerca de postes de concreto e arame, ambos capeados em vinílico verde escuro.

 

Umas árvores não-nativas na rua que desce até o complexo foram cortadas à exigência da fiscalização ambiental. Mangueiras maduras dão sombra a parte do camping, mas de uns vinte plantadas mais recentemente, de espécie recomendada pela Guarda Ambiental, as únicas que vingaram são as mais longes do mar.

 

Público Internacional

 

O publico conforme Helder, vem de muitos lugares, não somente Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul, mas também do Mercosul - “Chilenos e uruguaios, mas o número maior é de argentinos. Mas também vêm de Inglaterra, África do Sul, França, Alemão e China.” Chineses? “É um lugar onde eles podem fugir da sua própria cultura. São um povo muito receptivo, muito educado”. Famílias e crianças também vêm de todos os lugares, ele afirma. De umas 70 pessoas na praia sábado à tarde, porém, só havia uma criança em idade pré-escolar, e nenhum adolescente. Mas as aulas já recomeçaram em Santa Catarina.

 

Há sempre os turistas atraídos pela curiosidade. “A maior parte fica no lado de fora [no estacionamento] só olhando, mas uns entram, e quanto tempo leva para perder o timidez varia com cada um. Mas na segunda visita, a maioria já se adaptou.”

 

Helder gerencia a Praia do Pinho faz dois anos, mas conhece o lugar desde seus 18 anos, “vinte anos atrás.” Parece bem mais novo do que seus 38 anos, mas pode ser a falta de exposição ao sol, “Nunca experimentei naturismo até hoje,” ele confessa. As suas assessoras na recepção também não são naturistas.

 

Aceitação na comunidade

 

Três bombeiros protegem os banhistas todo dia no verão

A Praia do Pinho, conforme Helder, tem boa aceitação na comunidade de Balneário Camboriú. “Há reclamações nas redes sociais do que acontece fora da entrada, no acesso público à praia”, que não está sob controle do complexo Praia do Pinho. “Mas não tem resistência de igrejas etc. ao naturismo.” Há apoio oficial, a mesma que outras praias recebem, com um carro da PM da SC passando pela área do camping, o helicóptero da PM passando duas vez durante a tarde, presumivelmente fazendo a ronda de todas as praias de Entrepraias.

 

O símbolo maior do status oficial da Praia do Pinho é o posto dos salva-vidas, onde três bombeiros ficam de 08:00 até 18:00. Os bombeiros são do Estado, e o posto é pintado nos cores dos bombeiros, mas a Praia do Pinho construiu e faz manutenção do posto, e fornece almoço e lanches para os bombeiros. Fernando, outro funcionário do Pinho, explica que “Hoje o mar foi calmo, e os bombeiros não entraram no mar [para salvar banhistas] nenhuma vez, mas há dias em que eles entram duas ou três vezes.” As praias mais próximas, Estaleiros e Taquaras, têm mar bravo que nem Pinho, e todos atraem surfistas. Fernando confirma que já houve, uma vez anos atrás, um campeonato de surf naturistas, mas nunca mais.
 

Chegando à Praia do Pinho

 

A maior parte dos visitantes à Praia do Pinho vem de carro, próprio ou alugado. Porém para quem não tem carro, há alternativas.

 

Promoções em passagens aéreas para o aeroporto de Navegantes são frequentes, porém o aeroporto fica não em Balneário Camboriú mas em Itajaí, a cidade vizinha no outro lado do rio: e não há ônibus regular, nem van, que faz o translado para Balneário. O táxi está tabelado em R$120, igual ao preço da passagem de ônibus SP-Camboriu. A saída, conforme Helder, da Praia do Pinho, é de ônibus para a rodoviária de Navegantes, e de lá para o rodoviária de Camboriú.

 

A Auto Viação Catarinense tem vários ônibus que partem do Rodoviária de Tietê, na cidade de São Paulo, no começo da noite, e chegam em Camboriú começando as 05:30, numa viagem que dura em volta de 10 horas. O ônibus semi-leito é o mesmo preço que o executivo, mas tem mais espaço para as pernas. Saindo do terminal rodoviário, pela porta do lado contrário da dos ônibus, vire à esquerda, em direção ao Shopping Camboriú, e há uma parada de ônibus comprida, com bancas de madeira e um telhado estreito. O ônibus 106 é o que pega a estrada Interpraias. Os horários dados pelo Google Maps não são confiáveis: indicado para 8:41, só chegou meia hora depois. Também não há horário postado, só instruções para abaixar um app, que também não adianta. Taxi e Uber são outras opções. A praia tem dois endereços, que são a mesma via com dois nomes e duas numerações: Avenida Rodesindo Pavan, 595, e Avenida Interpraias.

 

*Jornalista norte-americano radicado no Brasil

 

(enviado em 10/02/19 por Richard Pedicini)


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