Por Arthur Virmond de Lacerda Neto
Nudez natural significa o corpo destituído dos atavios que são os trajes; nada tem que ver com imoralidade, sexo, libertinagem, assédio, estupros, pedofilia. Ela representa apenas a pessoa em seu estado natural. Apesar disto, muitos brasileiros foram mal-acostumados a associá-la com erotismo e (notadamente os religiosos) indecência porque, ao lhes inculcarem o pudor, ensinaram-nos a despir-se exclusivamente para a atividade sexual e para o banho, diferentemente dos europeus que há mais de século praticam a nudez doméstica, em família (pais e filhos) e em praias e campos de nudismo: nudez é conforto, liberdade, moralidade, bom costume, sanidade, ausência de constrangimento e malícia.
São mais inocentes os nudistas do que os vestidistas: aqueles, na nudez veem apenas despojamento; muitos destes nela veem sexo e libido, malícia e impudor. Caraminholas
Há já mais de um século na Europa e EUA propagou-se a cultura do corpo livre ("freikörperkultur"): corpo livre de tabus, vergonha e malícia. Também se chama naturismo ou nudismo, nomes de que muitos preferem o primeiro por julgarem suscitar o segundo más interpretações e ser empobrecedor: enquanto “nudismo” apenas se conota com a ausência de trajo, o “naturismo” engloba-o e transcende-o: é modo de estar, com nudez não erótica e social (com mais de uma pessoa: adultos, crianças, velhos, homens, mulheres), em contacto com a natureza, que fomenta o respeito para consigo próprio, para com os demais e para com o meio. É filosofia de vida, forma de estar, que não implica erotismo; ao invés: implica dissociação entre nudez e sexualidade, nudez e imoralidade, nudez e vergonha, e combinação de nudez e conforto, naturalidade, liberdade, decoro, inocência.
Enquanto na Europa o nudismo é lícito em dezenas de praias e campos, enquanto o europeu já superou a vergonha do corpo, o brasileiro ainda reprime as mamas ao vento nas praias: se uma mulher apresentar-se no areal com um trapinho que lhe esconde o bico do seio, estará decentemente “vestida”; se expuser as mamas, provocará os olhares de curiosidade de quantos nunca viram tal (o que é natural) e a intervenção do policial.
Decência entendida nestes termos é de todo o ponto irracional e este tipo de repressão é inaceitável. Que mal há em a mulher expor os seios na praia? Mal nenhum. Que mal há em o homem expor o falo na praia ? Mal nenhum. É a mentalidade do brasileiro, rotineira, preconceituosa, que se escandaliza com a exposição de partes do corpo tão dignas quanto os dedos e as orelhas.
Vagina, pênis, mamas, nádegas não são partes sexuais, conquanto desempenhem papel na sexualidade, bem como as mãos, os olhos e até a boca. Ninguém, contudo, reputa indecoroso expor as mãos que masturbam e tateiam a vagina, os olhos que contemplam os corpos ou a boca com que se lambe, beija, pratica felação e cunilíngua. Se genitália e mamas devem ser encobertos, por igual critério seria forçoso meter as mãos dentro de luvas, amordaçar a boca e vendar os olhos, o que seria absurdidade. Por que a diferença de critério ? Por que erotizar o que não é inerentemente erótico ? E se o fosse, por que demonizá-lo ?
Em geral, nas praias da França, Grécia, Espanha, Alemanha, Croácia, Inglaterra, México, as mulheres não tapam seus seios: elas não se envergonham do seu próprio corpo nem sua exposição atrai olhares lúbricos. Já no Brasil muitos incutem sentimento de vergonha pela exposição do próprio corpo e o entendimento de que a moralidade, a família, a “preservação das crianças” resultam também da ocultação do bico-do-seio e do pênis. É forma de avaliar e de comportar-se questionáveis e, na realidade, recusáveis.
O corpo é natural por inteiro e nenhuma das suas regiões deve constituir, per se, motivo de vergonha nem tabu. Todas as praias deveriam ser de nudez facultativa; em dias quentes principalmente, nada mais confortável do que o nudismo doméstico, em família. Porventura alguém pejar-se-á de defeito físico, de sua obesidade, estatura, magreza, flacidez, quer dizer, de sua compleição específica, porém o que está em causa não é como cada um se sente em face de seu corpo e sim o constrangimento de expor regiões dele malsinadas pela “moral tradicional” (e pelo cristianismo).
O pejo desta ou daquela parte do corpo não surge espontaneamente, não decorre da natureza humana, o pudor não é natural, senão cultural: é a educação das pessoas, sua formação que lhes inculca haver, pretendidamente, regiões anatômicas cuja ocultação é imperiosa e cuja exposição é indecorosa. Este entendimento decorre da ênfase em frases bíblicas selecionadas, exprime determinação do concílio de Trento (que, no século XVI, votou-se a combater dois inimigos: a nudez e o protestantismo), exprime moralidade teológica, cria inibições e desconfortos psicológicos desnecessários.
Chama-se gimnofobia a recusa da nudez; como dogma cristão, não é hegemônico no seio do próprio cristianismo, em que ao longo dos séculos foram recorrentes a opinião pró-nudismo e os grupos nudistas: são os adamitas, ainda hoje existentes. Se sua hermenêutica (o deus cristão não criou o traje e o Paraíso foi o primeiro campo de nudismo) e a naturalidade com que aceitam o corpo houvessem prevalecido na dogmática do catolicismo, a história dos costumes ocidentais teria sido diversa, a atitude tradicional para com a nudez seria de naturalidade sem malícia, certamente todas as praias e piscinas seriam de nudez facultativa, o bom cristão seria santamente nudista, estranharíamos pejar-se alguém de ser visto nu, haveria certamente nenhuma resistência à educação sexual nas escolas.
Na Grécia antiga, os desportistas treinavam nus: treinar nu chamava-se “gimnadzein”, origem de “ginásio”, e nus disputavam as olimpíadas, bem assim os romanos, até 382, quando Teodósio, já imperador cristão, proibiu nudez e jogos. Sobretudo do ano 1000 até meados do século XVI inexistiu, entre os europeus, o critério religioso e ético de ocultar o corpo; dormia-se despido e todos no mesmo recinto. Nas piscinas das Associações Cristãs de Moços (nos EUA) até meados dos anos 1970 todos os rapazes nadavam nus, até que a pudicícia religiosa impôs-lhes calções. Na Alemanha, desde os anos 1920 há escolas nudistas, com aprovação oficial. França e Croácia recebem, cada qual, anualmente, milhão e meio de turistas nudistas. Nas Universidades de Berkeley, Michigan e Chicago, seus estudantes promovem corrida nudista, uma vez por ano: pelados, percorrem pátios e corredores da universidade, com intuito pedagógico, de destabuzar a nudez. Em Roskilde (Dinamarca), rádio desse nome encabeça festival com jogos e divertimentos, de que um consiste na corrida dos nus; em Meredite (Austrália), dão-se folguedos com certames e disputas de nudistas; nas Filipinas, a confraria universitária Alfa Pi Ômega realiza, anualmente, desfile nudista, em prol de causas humanitárias; no deserto de Nevada (EUA) o festival musical da Queima do Homem reúne muitas centenas de participantes, todos nus, debaixo de intenso calor.
A nudez não pode ser inerentemente associada com erotismo. Desmente-o a experiência do nudismo, tal como é praticado há décadas por sem-número de famílias e pessoas, no Brasil e no exterior. Aliás, a nudez permanente dos animais não os torna constantemente erotizados nem escandaliza ninguém.
Pondere em se o pudor faz algum sentido, se tem razão de ser a vergonha que muitos experimentam de que outrem lhes veja mamas, nádegas, falo, escroto, se é aceitável ordenar o policial que a mulher tape os seios no areal da praia, se não é estultice os homens adentrarem de cuecas no chuveiro das academias e dele se retirarem de cuecas, se esta mentalidade conventual se justifica.
Nem todo corpo atrai ou excita toda pessoa: há preferências por dados tipos de pessoa e de corpo, eróticos para quem os sente como tal e indiferentes ou desagradáveis no caso oposto. A nudez não é forçosamente erótica nem atraente: ao revés, só o é a que cada pessoa, com sua idiossincrasia, seu gosto, sua apetência, sente assim. O erotismo é seletivo. Imagine-se nu na presença de nu que não o atrai, não lhe apetece, não o excita, não lhe interessa: essa nudez ser-lhe-ia erótica ? Obviamente não. Quem pensa em nudez erótica, cogita da que lho seja e não de todas as mais, que não lho são: é falaciosa a pretendida inerência entre nudez e libido.
Os brasileiros de padrões tradicionais amiúde relacionam nudez com sexo; nudez geralmente equivale-lhes a sexo e por isso ela parece-lhes excitante e desaconselhável. Já os nudistas, familiarizados com a nudez própria e alheia, aprendem a dissociá-la do erotismo: libertaram-se desse preconceito
O nudismo contribui para a erradicação do oculto, do proibido, do sentimento desagradável da vergonha no que concerne ao corpo. Ele é educador: demonstra nada haver, corporalmente, merecedor de pejo, contribui para a aceitação do próprio corpo, para a cura de inibições e tabus, arraigados principalmente no público evangélico.
A educação religiosa e a igreja católica, fortalecidas no Brasil por Getúlio Vargas, acentuaram o pudor, adversaram o nudismo e concorreram para a desarmonia entre clima quente e vestuário excessivo. Em inícios do século XIX, pelo menos em público, o trajo dos brasileiros era sobrecarregado: meias, sapatos fechados, calças, camisa comprida, colete, paletó, sobrecasaca (até aos joelhos), gonilha, capelo, até no Rio de Janeiro e mormente tudo escuro (preferentemente preto), embora se usassem ternos inteiramente alvos.
À roda de 1900, os praticantes de corridas de regatas na cidade do Rio inspiraram-lhe a população a aligeirar o traje: somente de então por diante e tardigradamente ele passou a coadunar-se com o clima. Nos anos 1950 já vários desusavam gonilha, paletó e capelo, porém nos vinte anos a seguir permaneceram de rigor camisas, calças e sapatos. Bastante tardou para (fora de casa) usarem-se chinelos, bermudas, camisetas regatas(1). Domesticamente, nas partes cálidas do Brasil, as pessoas despojavam-se de parte de seu vestuário de uso externo.
A lerdeza com que o indumento se adaptou ao clima (quando seria natural que tal adaptação decorresse aceleradamente) expõe o espírito rotineiro, conservador, do brasileiro, sua preocupação, tão viva há cerca de 50 e 60 anos, com aparências e com o que os outros pensariam e diriam de cada um. A vigilância, a fiscalização, o julgamento social tinham momento e exprimiam-se pela censura alheia, pelo mexerico, pela maledicência.
Em décadas que já lá vão, sob “sólidos e rígidos princípios morais e éticos” era importante atender à expectativa dos demais e comportar-se consoante aos padrões vigentes: é o que se chama “cobrança”. Ela ocorre hodiernamente em relação ao êxito profissional e a outros aspectos da vida; antanho acentuava a exigência de todos se casarem (muitos faziam-no para “dar uma satisfação aos pais, à família, aos amigos e à sociedade”) e a formalidade do traje com que cada um se apresentava em público. Prevalece hoje mais liberdade, informalidade e variedade de farpela do que outrora.
Ainda hoje em escolas, faculdades, firmas, repartições jurídicas vigoram regulamentos ou normas proibidores de bermudas, vestidos de alça, calças femininas, chinelos, e que recomendam ou impõem o modo como seus integrantes devem trajar-se(2). Há, aí, vezo autoritário, gosto de exercer o poder, deleitação de chefes em sentirem-se poderosos, tolice de que assim preserva-se a “dignidade da justiça”, a “adequação do traje”, o “decoro acadêmico”. São descabidas muitas de tais prescrições, que invadem, de certo modo, a soberania da pessoa em relação a seu corpo e limitam a autonomia de vestir-se. Que haja liberdade e bom senso em lugar de autoritarismo(3).
Cerca de um século pretérito e mais, usava-se traje de banho: as pessoas acediam ao mar vestidas: as mulheres encobertas do pescoço aos pés, com saias e meias e blusas, tudo comprido e geralmente preto, e touca; os homens vestiam camisetas regatas ou de mangas curtas e calções até abaixo dos joelhos. Constituiu evolução desusarem-se toucas, saias e meias e substituírem-nas por fatiota curta, que encobria apenas todo o tronco; no Brasil, o biquíni popularizou-se nos anos 1960 e sua dimensão minorou a pouco e pouco. Desde os anos 1990, sua peça inferior reduziu-se ao simbólico fio que percorre longitudinalmente as nádegas e minimamente encobre o clitóris. Os calções masculinos praieiros, curtos, passaram a compridos, depois novamente reduziram-se; adveio a sunga, estreita nas suas quatro faces.
São peças já tão exíguas, que delas para a nudez a distância está quase somente no espírito de rotina e na tibieza da maioria.
Em 1929, alguns vanguardeiros em Nova Jérsia desencadearam a campanha do mamilo à mostra: em suas camisetas regatas cortaram uma alça, com o que expuseram um mamilo, na praia. Ousados, afrontaram os pudicos da altura, segundo os quais a moralidade e os bons costumes exigiam o encobrimento de ambos mamilos. Fora hoje, os alarmistas e moralistas invocariam a “defesa da família” e a “preservação das crianças”(4). Já se pretexta a “defesa da religião” (cristã).
Rimo-nos de que fosse assim, como se houvesse algum indecoro nos mamilos. Nada se nos figura mais trivial do que os homens exporem seu tronco, porém os mesmos que hoje o expõem aplicam ao bico-do-seio e ao falo o mesmo critério cuja inflição ao tronco julgam inteiramente asinina. Já se trate dos mamilos, já se cuide do pênis ou das mamas, a estupidez é a mesma: reconhecem-no os nudistas, que a repelem em relação à totalidade do corpo, enquanto os vestimentários paulatinamente vêm minorando a área da pretendida imoralidade.
Sobretudo os evangélicos (e bem menos os católicos) cultivam a inerência entre nudez e pecado, entre encobrimento e moralidade. Sustentam a ideia do pudor, pai da malícia: onde não há aquele, não desponta esta. Costumes, telenovelas, gravuras, publicidade caretizam-se no Brasil, há cerca de 15 anos, simultaneamente à ampliação do público evangélico e de seu poder: ambiciosos politicamente e cada vez mais numerosos, condicionam mentalidades e praxes com seu conservadorismo de costumes, o que inclui a gimnofobia (recusa da nudez natural).
No calor brasileiro (que se acentua há anos, tendência que se deve agravar de futuro), é comum despir-se parcialmente em casa e mal não há em fazê-lo de todo, sozinho, em família ou com quem se coabite, mediante aceitação dos implicados. Em lugar de pudores arcaicos e inibições tolas, liberdade sem malícia.
Livros sobre nudismo: Corpos nus, de Paulo Pereira, Verdades que as roupas escondem, de Evandro Telles.
Sítio com artigos sobre nudismo: arthurlacerda.wordpress.com
Mensário nudista: jornalolhonu.com
Livro sobre a evolução do pudor: História do pudor, de Bologne (ótima tradução portuguesa, publicada no Brasil).
Livro sobre a evolução dos costumes no Brasil: Histórias íntimas, de Mary del Priore.
(1)Refiro-me às regiões quentes do Brasil; não à gélida Curitiba, em que somente nos anos 1990 passou-se a usar bermudas em público, por adaptação térmica: dantes, com o clima frio ou fresco em nove meses por ano, coadunava-se o uso de calças (e de ceroulas). De 1995 a 2010, a temperatura de Curitiba ascendeu; de 2011 a 2017 nela passou-se todo esse ínterim com nebulosidade e privação de sol crescentes e temperaturas baixas raramente excetuadas. O leste do Paraná (situação de Curitiba) é o ponto para onde sopra o vento originário do mar e que transporta massas nebulosas (até no verão), por demais avultadas naquele período. Segundo correu à época, as nuvens eram detidas (na direção leste-oeste) pela serra de S. Luís do Purunã, superior a elas em altitude e acumulavam-se precisamente sobre Curitiba, enquanto em todo o restante do Paraná (e de seus vizinhos Santa Catarina e São Paulo) brilhava o sol. No decurso de escassos anos, as nuvens tornaram-se habitualmente mais densas; em 2008, o céu escampava apenas entre meio-dia e três horas da tarde: antes e depois disso, era cinzento por inteiro. A seguir, sequer naquele intervalo fazia sol: transcorriam semanas a fio sem que jamais se visse o azul celeste, ao mesmo tempo em que a tonalidade das nuvens acentuou-se do branco para o cinzento; neste, de tom claro para escuro e muito escuro.(retornar ao texto)
(2)Não me refiro ao fardamento militar, dos policiais e bombeiros, ao trajo do pessoal hospitalar, ao de profissionais em geral por ele identificados (como os carteiros) ou cuja atividade exige dado tipo dele (como cozinheiros, com guarda-pó e touca). O terno do pessoal jurídico, consuetudinário, é de uso minguante. (retornar ao texto)
(3)Turista, impediram-me de visitar o Tribunal de Justiça de Minas Gerais porque trajava bermudas. Tornei à estalagem em que me hospedara, lá vesti calças velhas e feias; com elas mal-vestido, e de chinelos, pude aceder-lhe, já consonante com a “dignidade da Justiça”, embora as bermudas fossem bonitas e feíssimas as calças. Pés nus, pelo que se nota, não ofendem a tal dignidade. Outrossim, debaixo de 40 graus centígrados, proibiam-se visitas de bermudas masculinas no Instituto Histórico do Rio de Janeiro. Aos recintos da UFPR e da Universidade Federal de Pernambuco os estudantes podem aceder de bermudas e chinelos.(retornar ao texto)
(4)Moral e bons costumes significam os valores e os comportamentos geralmente acatados na sociedade. Constitui imoralidade, por exemplo, locupletar-se com fundos públicos, ridicularizar defeitos físicos alheios, tirar vantagem de sofrimento alheio; representa mau costume cuspir no chão de recinto fechado, assoviar durante representação musical, urinar em monumentos. É moral ser vero, pacientar com idosos, recusar subornos; são bons costumes respeitar as filas, falar baixamente, devolver o que se toma emprestado. Em ambos tópicos facilmente pode-se multiplicar os exemplos.
Em toda sociedade vigoram moral e bons costumes, de inegável importância. Eles são dinâmicos, mutáveis, cambiam ao longo dos tempos, o que porventura suscita animadversão dos mais conservadores das gerações prioritárias, em face das inovações das posteriores. É na instância da evolução, da mudança, que não se pode abusar da moral e dos bons costumes, no sentido de cristalizá-los em nome de critérios obsolescentes, em que o conservadorismo de alguns antagoniza o movimento natural em outra direção. Neste sentido, a fórmula “defesa da moral e dos bons costumes” ou “em nome da moral e dos bons costumes”, conquanto encerre sentido legítimo, não pode servir como álibi retrógrado, como justificativa supostamente nobre de pretensões arcaizantes, elas próprias maus costumes.
Outros álibis são a “preservação da família e das crianças” (outrossim lídimo per se, mas puramente retórico em alguns de seus invocadores), a “ordem moral”, a “defesa da religião”, da indissolubilidade matrimonial (anti-divorcismo), da autoridade paterna. Os moralistas sóem lançar mão desses chavões; no Brasil amiúde eles professam o cristianismo, encarecem a autoridade, escasseia-lhes espírito de liberdade e tolerância.
A ética do corpo livre (do nudismo ou naturismo) em nada se relaciona com marxismo cultural, com a Escola de Francoforte (Frankfurt), não almeja negar a civilização ocidental nem o cristianismo.(retornar ao texto)
(enviado em 4/10/20 por Arthur Neto)
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Jornal OLHO NU - edição 239 - outubro de 2020
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