Por Pedro Ribeiro
De forma descontraída, sentados nas cadeiras de frente ao mar da praia do Abricó, no Rio de Janeiro, em uma manhã fria de inverno (carioca, é claro), Paula e eu conversamos por uns momentos especificamente sobre sua visão dos primeiros cem dias de atuação como presidente da Federação brasileira de Naturismo. Eleita durante o último CongreNAT, o de número 14, no dia 21 de março, o primeiro a ser realizado virtualmente, Paula curtiu o dia nublado na praia com seu marido Luís, numa temperatura máxima de 22° C: "mas está quentinho" declarou Paula, surpreendendo os friorentos cariocas, que já estavam achando a temperatura estar se aproximado a níveis siberianos.
Paula revelou que exercer a presidência está sendo bem diferente do que ela pensava "principalmente pelas diferenças culturais existentes nas várias regiões brasileiras, que levam dificuldades não esperadas, mas a gente vai se adaptando bem." De positivo ocorrido neste início de gestão Paula destaca os fatos de ter havido reversão de algumas associações filiadas que caminhavam para a extinção ou para desfiliação, também terem aparecido muitas pessoas interessadas em ajudar cada uma nas suas especialidades, tais como jornalistas e engenheiros ambientais, ajudando na divulgação e na meta da preocupação ambiental que é parte essencial do naturismo e além de já ter sido procurada por novas possíveis associações filiadas, inclusive em estados onde não há presença oficial do Naturismo.
Paula considera que há diferença bem grande entre ser presidente de uma associação local e presidente da Federação Brasileira de Naturismo. "O presidente de uma associação lida com pessoas, com "CPFs", enquanto que a presidência da federação lida com pessoas jurídicas, com características e leis locais, que se diferenciam em muitos aspectos de estado para estado" mas mesmo assim se sente tranquila para lidar com estes fatos.
Para os próximos anos de sua gestão, Paula acredita que o maior objetivo é fazer com que os naturistas entendam que o Naturismo é muito mais do que simplesmente ficar ou estar socialmente nu. Acredita que esta meta vai trazer novas pessoas. "Vejo uma nova demanda de jovens vindo para o Naturismo, que querem se engajar nele."
Sobre o projeto de lei que está no Senado que regulamente a prática do Naturismo no Brasil, Paula afirma que ele é muito bom para nosso movimento a nível nacional. Com a esperada aprovação, acredita que muito do conservadorismo existente na nossa sociedade contra áreas públicas naturistas poderá ser diminuído. A falta de uma lei nacional faz com que muitos prefeitos se sintam inseguros em permitir áreas públicas naturistas em seus municípios.
Quanto ao relacionamento da Federação Brasileira de Naturismo com as entidades internacionais, Paula declarou que a FBrN tem uma relação muito boa com a ClaNUD (Confederação Latino Americana de Nudismo), com a qual mantém contato constante, que está sempre consultando a FBrN sobre áreas naturista do Brasil, tomando-as como exemplo. Quanto à Federação Internacional de Naturismo (INF-FNI) disse que tem tido também compartilhamento de ideias, no entanto ainda não no volume que esperava, por conta, acredita, dos contratempos para a realização da Congresso Internacional na Eslovênia, que foi adiado do ano passado para este ano. Mas declara que foi muito bem recebida por todos da diretoria da Federação Internacional. E revela uma afinidade muito grande com Federação Portuguesa de Naturismo, com a qual mantém contato através da presidente Filipa Esteves, que também debatem sobre ideias de que poderiam ser aplicadas ao Naturismo em Portugal.
Perguntada sobre a Paula Naturista respondeu "ela parece uma doida", por causa da imensidão de detalhes que tem que cuidar ao mesmo tempo como presidente da FBrN e presidente do SPNat. "Muita gente acha que devo estar disponível vinte e quatro horas por dia" reclama, "mas eu também tenho minha vida particular", não pode estar naturista todo o tempo, porque trabalha em local não naturista. E ainda há muitas outras preocupações como com a família, por exemplo. Ainda assim, "eu tento abrir ao máximo, principalmente com ações sociais, o que já fazia antes na minha vida cotidiana, no SPNat e agora na FBrN". Desta forma acaba por fazer uma ligação entre Naturismo e sociedade civil não naturista, fazendo com que o próprio naturista se envolva mais nos objetivos mais amplos do Naturismo.
Mas Paula deixa claro que o máximo que o naturistas puderem se envolver fiquem à vontade para lhe procurarem, com ideias que podem abrir novos projetos. É só procurar os contatos de todos no site da federação e se abrirem com eles, tais como problemas com as associações filiadas, "desta forma fica mais fácil administrar e tentar resolver tudo isso".
Ouça a entrevista completa e aprecie alguns "slides" com Paula Silveira neste vídeo abaixo, hospedado no YouTube.
(enviado em 01/08/21 por Pedro Ribeiro)
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Jornal OLHO NU - edição 249 - Agosto de 2021
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