OLHO
NU publica nesta seção matérias veiculadas na mídia não
especializada em naturismo que apresentam interesse ao nosso meio. É
uma forma de verificar a aceitação de nossa filosofia na sociedade
em geral. Desta vez, a matéria foi encontrada na revista NÁUTICA,
nº 171, que foi às bancas de todo Brasil no final de 2002. Porém,
para surpresa nossa, o autor do artigo é nada menos que um dos
pioneiros da nova fase do naturismo brasileiro, que revela sua outra
faceta: a de apaixonado por navegação.
A revista NÁUTICA, como se percebe, é especializada em navegação com
toques de turismo. Maiores informações sobre esta publicação
poderão ser encontradas em sua página virtual com o endereço www.nautica.com.br
. |
"Muitos iatistas são fruto de uma tradição familiar que os
integra ao meio náutico desde tenra idade. Não é o meu caso. A
primeira vez que entrei num barco foi aos 19 anos, num catamarã de 40
pés que meu ex-sogro vendeu na semana seguinte. Nem uma brisa sequer
deu o ar da graça, para enfunar aquelas enormes velas, que, por
alguma razão indecifrável, exerciam um fascínio poderoso e
inesperado sobre o marinheiro de primeira viagem que eu era. De
qualquer modo, a partir daquele dia percebi que meus sonhos e minha
vida haviam adquirido um novo rumo, norteado pelo espírito de
liberdade que a navegação a vela inspirava.
Poucos anos depois, adquiri meu primeiro barco e os ventos acabaram me
levando a conhecer a Praia do Pinho (SC), onde, em janeiro de 1986,
fundei a Associação Amigos da Pria do Pinho, marcando o início do
naturismo organizado no país. Liderei, durante quinze anos, a
implantação de praias e clubes de nudismo do Brasil, geralmente à
beira-mar. A liberdade do corpo nu e o contato diário com os
elementos naturais fizeram meu "chamamento náutico".
Nada disso, entretanto, me afastou do rumo e acabei encontrando uma
companheira com o mesmo sonho de morar a bordo, com a qual constituí
uma família maravilhosa. Estamos agora muito próximos de zarpar,
treinando, já há dois anos, num veleiro 29 pés, enquanto terminamos
a construção de um Multichine 41 de aço. Durante os vinte e poucos
anos que se passaram, desde a minha primeira "velejada sem
vento" até hoje, adquiri todos os livros pertinentes ao assunto,
que pude encontrar: tenho mais de 50 na prateleira. São, em sua
grande maioria, sobre travessias, famílias que vivem a bordo e
navegadores solitários. Chamou-me à atenção o fato de que quase
todos os autores relatam que ficam nus a bordo de seus veleiros ou
deparam com tripulações naturistas pelo caminho. Se você chegasse
numa ilha deserta, onde não houvesse ninguém além de você mesmo, a
areia limpa. a água transparente e o calor do sol sobre o seu corpo,
ainda assim usaria roupas de banho? Se sua resposta for sim, respeito
sua posição, mas no chuveiro da sua casa, certamente , você fica
nu, não é mesmo? Ou seja: você apenas usa roupas para que os outros
não o vejam nu. Mas se os outros também estiverem nus, cada um na
sua, adultos, velhos e crianças, sem nenhuma maldade, apenas
inocência e liberdade?
Muitas vezes acontece de estar um barco ancorado em uma praia, com
todos seus tripulantes curtindo a liberdade e o conforto de estar sem
roupa, nadando ou na areia, quando chega outro barco, cujos
tripulantes também estavam nus, mas que, ao se aproximarem, todos
vestem rapidamente suas roupas e acaba aquela gostosa integração com
a natureza e a liberdade. Parece até cômico, mas é fato
corriqueiro.
É preciso que seja desenvolvida uma campanha em favor de aceitação
da nudez nas áreas desertas, não atingidas por rodovias, e criado um
sistema de comunicação para a identificação à distância de
embarcações de naturistas e simpatizantes.
Se você é naturista, ou não se importa que outras pessoas fiquem
nuas em praias desertas ou fora dos portos, fixe uma fita branca, com
50 cm de comprimento por 10 cm de largura, logo abaixo da bandeira do
Brasil ou no estai de popa, a 2 m acima do cockpit. Os procedimentos
éticos do naturista são os seguintes:
-
Agir
respeitosa e amigavelmente;
-
Deixar
apenas suas pegadas e a esteira de seu barco para trás: nunca seu
lixo;
-
Respeitar
a privacidade de outros naturistas e não constrangê-los com
olhares, gestos ou ações;
-
Não
fotografar ou filmar pessoas nuas sem permissão das mesmas;
-
Abster-se
de qualquer comportamento com conotação sexual nas áreas
públicas ou à vista de outras pessoas;
-
Usar
toalha ou canga sempre que for sentar em assentos de uso comum e
não impor sua nudez ante o desconforto de outras pessoas não
adeptas."
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