Naturismo:
aqui, a nudez não é castigada
Regras
de convívio garantem o pudor e a tranqüilidade dos freqüentadores.
O ambiente é totalmente "família", e homem desacompanhado
não entra
Quando
se fala em locais para a prática do nudismo no Brasil, o que vem à
mente são as praias de Tambaba, na Paraíba, e do Pinho, em Santa
Catarina, além da vila naturista Colina do Sol, na região de Porto
Alegre, cenário de freqüentes matérias veiculadas na TV. Quem não
planejou um dia fazer uma visita a um lugar desses?
O
que pouca gente sabe é que o brasiliense não precisa sair do
Distrito Federal para vencer os preconceitos e experimentar, na prática,
a liberdade do nudismo em grupo. Uma fazenda localizada a apenas 50 km
do Plano Piloto, às margens da rodovia Brasília-Goiânia, é o ponto
de encontro das cerca de 50 famílias naturistas brasilienses
associadas ao Clube Naturista Planalto Central, Planat.
A
estrutura conta com piscina, campos de futebol e vôlei, área de
camping, restaurante, boas acomodações e muita natureza: lagoas,
riacho, cachoeira e trilhas que rompem pequenas colinas, protegidas
pela sombra da vegetação do cerrado.
O
clube completa oito anos agora em maio, e está organizando um grande
encontro naturista para comemorar a data. "Nossas festas são
assim: ao ar livre, em contato com a natureza, com todo mundo
nu", garante o animado empresário Elias Pereira, 58 anos,
considerado o patriarca da família naturista brasiliense.
Elias
freqüenta o clube ao lado da esposa Lili, 54 anos, e das três filhas
do casal. No início do ano, se surpreendeu ao descobrir que sua
simpatia e admiração vão bem além das fronteiras do cerrado: foi
eleito, por unanimidade, presidente da Federação Brasileira de
Naturismo, FBrN. Com isso, Brasília passou a sediar a entidade que,
segundo seus próprios números, congrega mais de 60 clubes e praias
naturistas no país, freqüentados por cerca de 20 mil nudistas.
Os
freqüentadores do clube brasiliense são poucos e bem seletos. Para
manter longe os curiosos de plantão, o clube tem uma regra básica: não
aceita homens desacompanhados. "É uma forma de preservar a
integridade do ambiente", explica o funcionário público
Leonardo Teixeira, 39 anos, diretor do Planat.
O ambiente
é mesmo sadio. Crianças e adolescentes de ambos os sexos transitam
sem cerimônias pelo clube, em meio aos adultos. Freqüentam piscinas,
participam de jogos de vôlei e de caminhadas pelas trilhas naturais.
"Nós nos sentimos em casa, em família", justifica o médico
Cássio Montenegro, 45 anos, pai de Patrícia, de 13 anos, e do
pequeno Matheus, de 3 anos. Montenegro e a esposa, Letícia, 30 anos,
são sócios do Planat há três anos. "Nunca ouvi falar de casos
de desrespeito por aqui. Todos nos conhecemos", explica.
O
clube é pouco conhecido na cidade. Segundo o diretor Teixeira, a
"porta de entrada" mais comum é a indicação de outros sócios.
Ele explica que os pedidos de visita crescem quando eventualmente a
imprensa publica alguma matéria sobre o clube. "Mas num
bate-papo rápido conseguimos identificar os curiosos entre aqueles
que realmente possuem o espírito naturista", esclarece.
Para
conhecer mais sobre o naturismo, vale a pena uma visita ao site
do Planat na Internet.
Lá, podem ser encontradas fotos do clube, informações sobre a
filosofia naturista e o respeitado código de ética da entidade. Os
bem-intencionados podem se valer da boa disposição do Sr. Elias e
propor uma visita ao clube: "Pode publicar meu telefone. Boas
pessoas são sempre bem-vindas", garante o presidente. O telefone
é (61) 9986-3183.
A
pedido, os personagens figuram na matéria com nomes fictícios,
com exceção do presidente do clube, Elias Pereira.
Reporter: Godofredo
Costa Editor:
Maruska Campos Freitas
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