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No mês de agosto a revistas ISTOÉ e ISTOÉ Dinheiro apresentaram duas matérias sobre naturismo que evidenciaram uma preocupação com a desfaçatez com que nosso movimento tem sido tratado por autoridades judiciais e políticas. A primeira reportagem focalizou o caso da praia do Abricó, no Rio de Janeiro, onde os naturistas são obrigados a freqüentar uma praia secreta, de forma clandestina, para escapar da incompreensão de advogados factóides e a segunda, disponível apenas na Internet, revela o potencial turístico que o Brasil e, especialmente, o Rio de Janeiro estão perdendo com a falta de vontade política de senadores e deputados em apressar a votação de uma lei a favor do naturismo.

  PROCURA-SE UMA PRAIA

extraído de uma matéria escrita por Ricardo Miranda* 

Com este título a matéria enfoca as dificuldades dos naturistas cariocas e fluminenses de achar um local adequado para sua prática. A dificuldade, diga-se, não está em conseguir um local físico, mas um local permitido, oficializado, que conte com apoio da prefeitura e da polícia militar. Ao contrário, os freqüentadores de uma praia secreta (os naturistas preferiram ocultar o nome da praia para evitar possíveis represálias policiais) são obrigados a se sentirem como fugitivos que não podem ser descobertos pelo poder oficial. Na verdade são meio fugitivos mesmo. Fugiram da repressão aos naturistas da praia do Abricó, que em 1994 teve uma Resolução Municipal, que tornava a área livre para o Naturismo, cassada por uma liminar da Justiça fluminense, válida até 2001, quando finalmente foi dado ganho de causa aos nudistas. Mas, três meses depois, uma nova liminar proibia outra vez a frequência naturista. Situação que perdura até hoje.

Neste mês de setembro é possível que mais um julgamento sobre a praia do Abricó aconteça. A prefeitura do Rio recorreu da recente decisão que mantinha a liminar impetrada em 2001. Cinco desembargadores do Tribunal de Justiça do Rio irão decidir a sorte dos naturistas cariocas. 

Clique e veja a foto ampliada escaneada das páginas da revista.

Presente: sem poder ir à praia de Abricó, naturistas procuram outro refúgio.

Foto de Renato Velasco

"O Rio de Janeiro, que viu passar por suas praias o pioneirismo exibido de Luz del Fuego em sua Ilha do Sol, de Leila Diniz com sua gravidez de duas peças, de Fernando Gabeira com sua microssunga de crochê e, mais recentemente, de Rosemari Costa, a banhista presa no primeiro verão do século por tomar sol sem a parte superior do biquíni, é palco agora de uma briga – nos tribunais e nas areias – pelo direito de ir à praia sem roupas." escreve Ricardo Miranda, autor da matéria da ISTOÉ. "A Associação Naturista de Abricó, com 150 pessoas, criou uma espécie de movimento dos pelados sem-praia e, em protesto contra o fundamentalismo vestido, seus integrantes passaram a frequentar uma praia secreta – cuja localização, a pedido, não será divulgada. Sem praia e sem a guarda municipal vigiando seus limites, como ocorre em outros redutos nudistas, eles convivem com o medo da repressão policial e a vizinhança indesejada de outras tribos, principalmente os voyeurs."

Passado: a nudez de Luz del Fuego...

Foto: Arquivo OLHO NU

“É uma hipocrisia proibir o naturismo em uma cidade onde as mulheres ficam nuas no Carnaval, em um desfile transmitido ao vivo para todo o mundo”, argumenta a gerente administrativa Márcia Rodrigues, 50 anos, vice-presidente da Associação Naturista de Abricó. No sábado 23, Márcia exibia suas formas com outros frequentadores da “praia do exílio”, incluindo sua netinha, de apenas três meses. “Já é naturista”, brincou. Editor do jornal naturista Olho nu, o professor de educação artística Pedro Ricardo Ribeiro, 45 anos, já foi preso cinco vezes por ser flagrado pelado na praia. “É preconceito puro e simples”, acredita. Recepcionista de um hotel, Marcos Ferreira, 30 anos, é outro órfão de Abricó. “Com tantos problemas no Rio, foram implicar logo com a nudez?”, inconformava-se. O que os naturistas chamam de filosofia de vida, porém, há quem classifique como exibicionismo. Mas os naturistas respondem que a nudez não pode ser considerada obscena e tudo o que eles querem é uma praia isolada para dourar ao sol. Nos campos nudistas, explicam, existem regras rígidas de conduta, como a proibição de sexo em público."

... e a gravidez de duas peças de Leila Diniz também chocaram a sociedade.

Foto: Prensa Três

"Se perderem a batalha na Justiça, não apenas este, mas todos os recantos naturistas deverão ser liberados apenas para os banhistas com calção e biquíni. Em outro campo de batalha, os naturistas lutam para não perder a única praia que lhes restou em terras fluminenses, a Olho de Boi, em Búzios, há mais de dez anos o principal reduto da tribo no Estado. Desde que Búzios se emancipou de Cabo Frio, há seis anos, a prefeitura não reconhece o local. Os naturistas temem que o prefeito Mirinho Braga, por ser evangélico, devolva a Olho de Boi aos vestidos. Isso já aconteceu em Cabo Frio, onde a Brava, ex-praia oficial de naturismo, teve seu registro cassado pelo então prefeito José Bonifácio Novellino."

arte de Jorge Barreto

"Segundo a Federação Brasileira de Naturismo, existem 17 clubes e sete praias oficiais de nudismo no País, onde a prática tem consentimento das autoridades. A região sul possui a maior concentração, com três praias em Santa Catarina (Pinho, Galheta e Pedras Altas). Outras duas ficam no Nordeste (Tambaba, na Paraíba, e Massarandupió, na Bahia) e uma no Espírito Santo (Barra Seca). Dezenas de outras praias são points oficiosos. A solução final para o dilema, acreditam os naturistas, é um projeto do deputado Fernando Gabeira (PT-RJ) que regulamenta o naturismo no País. Ele foi aprovado na Câmara e aguarda votação no Senado." Conclui Miranda. Quem é contra "deveria visitar as praias naturistas para ver como funciona”, sugere Gabeira, que até inaugurou uma delas, a de Galheta, em Santa Catarina.

FONTE: revista ISTOÉ nº 1770

Quem quiser ver a matéria na íntegra entre no endereço da revista ISTOÉ . E escreva cartas dando sua opinião sobre o assunto.

Clique aqui e entre na página seguinte desta seção, onde você lerá a matéria de autoria de Juca Rodrigues sobre o potencial turístico do Naturismo.

*jornalista da revista ISTOÉ
rmiranda@ig.com.br





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