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Jornal Olho nu - edição N°54 - março de 2005 | |
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Jornal Olho nu - edição N°54 - março de 2005 - Ano V
“Nudismo está no corpo e naturismo está na cabeça das pessoas que o praticam” entrevista a Ylton Amaral*
Com o prestígio que ter sido o primeiro local onde tirar a roupa em público já não era mais atentado ao pudor, o agora chamado complexo da Praia do Pinho, no litoral catarinense, passou, desde fins do ano passado, às mãos de um novo e também jovem administrador. Formado em Administração de Empresas, Anilton da Silva Bittencourt Filho é representante da terceira geração da família proprietária da área, cujos 7 membros herdeiros vêm há anos se degladiando pela posse e usufruto do local. Na tentativa de por um ponto final nesta antiga disputa, Niltinho, como é chamado pelos freqüentadores da praia, assinou contrato de locação com os demais herdeiros, o que lhe dá direito por três anos a ser o senhor das terras naturistas daquela praia de Camboriú. Recém-chegado dos Estados Unidos, onde fez cursos em Havard e no Boston College, o capricorniano de 23 anos falou a Olho Nu sobre swingers, acesso a desacompanhados e de seus planos para a Praia do Pinho. OLHO NU: Qual o seu parentesco com os proprietários da área do Pinho? Niltinho: Filho de um dos sete proprietários. OLHO NU: Qual a sua experiência com naturismo? Niltinho: Sempre estive em contato com a praia desde pequeno, mais nunca fui muito interessado na pratica do naturismo até porque nenhum dos membros da minha família é naturista; Também nunca visitei outro ambiente naturista a não ser o da praia do pinho. A administração da área do Pinho já foi motivo de disputa entre os herdeiros. OLHO NU: Como está a situação atualmente? Niltinho: As administrações passadas foram marcadas por algumas desavenças entres os herdeiros da praia, pois sempre eram eleitas duas pessoas (entre os herdeiros) para compor a administração. E neste caso, sempre havia aqueles que discordavam de algumas determinações dos administradores, o que acabava gerando conflitos entre os herdeiros. Com o objetivo de minimizar os conflitos que vinham ocorrendo entre os herdeiros, eu passei reunir-me seguidamente com a família, para buscar uma alternativa que fosse viável a todos e que também pudesse ser importante para dar continuidade a um trabalho que vinha sendo desenvolvido na Praia do Pinho, visando manter e melhorar seu potencial turístico. Por isso, após algumas reuniões, foi assinado mediante uma assembléia um contrato de locação entre mim e os herdeiros da praia por um período de 03 anos, podendo ser prorrogado pelo mesmo período. Este contrato de locação abrange a área das pousadas, camping e estacionamento da praia, ficando de fora apenas o bar da entrada. OLHO NU:O que lhe motivou a assumir a administração do complexo?
Niltinho: Eu trabalho desde cedo, com 16 anos fui promovido a gerente de vendas em uma das melhores lojas de material esportivo da cidade onde permaneci por 04 anos e meio até o final de minha faculdade. Ao completar 21 anos e recém formado, decidi ir ao exterior estudar inglês. Depois de 01 ano e meio morando em Boston – EUA onde estudei em universidades como: Harvard e Boston College, resolvi voltar ao Brasil e investir em uma franquia de uma loja de materiais esportivos. Porém, quando retornei me deparei com uma das desavenças entre os herdeiros em relação a atual administração. Isto me motivou a por um ponto final nas discussões, pois justamente por ser uma peça neutra em meio a uma família em constantes desavenças eu passei a propor à família que alugasse a área da Praia para que eu administrasse. Dessa forma, a partir de 01 de dezembro de 2004 assumi a administração do Complexo Turístico Praia do Pinho. OLHO NU:Qual a sua opinião sobre a filosofia do naturismo, o que você entende por naturismo? Niltinho: Eu acho que o Naturismo é um estilo de vida, uma filosofia na qual o individuo além de praticar o nudismo está em harmonia com a natureza e com os semelhantes, sem preconceitos, descriminação ou rotulagem. A diferença maior é que, enquanto o nudismo está no corpo, o naturismo está na cabeça das pessoas que o praticam. OLHO NU: Você se considera naturista? É praticante? Niltinho: O naturismo chegou até minha família (na época do meu avô), mais como uma opção de investimento mesmo. Nunca, nenhum membro da família praticou o naturismo. Acredito que seja porque fomos todos criados nos padrões que movem a maioria da sociedade, ou seja: obedecendo a regras, mantendo condutas éticas etc. Porém, os tempos mudam e acabam gerando mudanças na vida e no comportamento das pessoas. Hoje, muitas coisas que estão fora dos padrões ditos "normais" estão se modificando e cada vez mais as pessoas estão buscando seu espaço, seus direitos de acordo com aquilo que acreditam. Por isso, ainda é difícil para eu assimilar a prática do naturismo, pois não fui criado dentro desta filosofia. Mas, nem por isso, deixo de respeitar quem é praticante, tratando-o com respeito e consideração que ele merece como pessoa. OLHO NU: Quais as benfeitorias que você já executou nas dependências do camping? Niltinho: Como assumi a administração em um período muito próximo a temporada, não pude realizar muitas modificações, por falta de tempo hábil. Apenas fiz as melhorias mais urgentes para poder atender aos hóspedes e visitantes que já estavam buscando reservas para o período do veraneio. Porém, para as próximas temporadas pretendo realizar algumas melhorias, que estejam de acordo com a opinião dos hóspedes, e também que se enquadrem dentro dos recursos financeiros disponíveis para investimento na área da praia. OLHO NU:Quais são seus planos a curto, médio e longo prazo para a área do Pinho? Niltinho: Como já disse anteriormente, assumi há pouco tempo à administração da praia. Portanto, apesar de possuir alguns conhecimentos sobre o funcionamento da praia, ainda é necessário identificar as necessidades do local. É preciso conhecer bem o freqüentador naturista. Para isso, estou realizando nesta temporada uma pesquisa com os hóspedes e visitantes da praia. A intenção é traçar o perfil do naturista que vem à praia, bem como buscar junto a estas pessoas informações que possam contribuir para manter e melhorar ainda mais a estrutura e o potencial turístico do local. A partir daí e também dos recursos financeiros disponíveis para investir na área da praia, serão traçadas já para a temporada 2005/2006, algumas ações que possam contribuir para melhorar a estrutura do local e atender as necessidades dos visitantes naturistas que visitam ou se hospedam na praia. OLHO NU: Atualmente, uma das grandes discussões entre naturistas diz respeito às restrições que se faz ao acesso de homens desacompanhados às áreas naturistas. Qual sua opinião a respeito? Niltinho: São dois, os fatores que levam a administração da Praia e a Associação de Amigos da Praia do Pinho – AAPP, a restringir o acesso de homens desacompanhados a área de casais: 1º Como a área da praia é freqüentada tanto por casais e famílias acompanhadas dos filhos menores, como por um número grande de homossexuais e travestis ocorrem algumas situações constrangedoras que fogem ao nosso controle. Por exemplo: os homossexuais, às vezes trocam carícias entre si, e isso acaba constrangendo as famílias que estão com filhos menores. Além disso, os travestis exibem seu órgão sexual juntamente com seios (artificiais), o que também acaba gerando a mesma sensação às famílias. 2º Alguns homens que freqüentam a praia e estão desacompanhados muitas vezes ficam observando as esposas ou acompanhantes daqueles que não estão. Isso gera constrangimentos e até desavenças e conflitos dentro da área da praia. Portanto, para que seja liberada a área da praia do Pinho, tanto para casais e famílias, como para homens desacompanhados é preciso que haja uma mudança no comportamento dos próprios freqüentadores. Essa mudança também deve ser cultural, pois não adianta pregar uma filosofia de vida e não respeitar regras e o direito das pessoas. OLHO NU:Qual o peso da Associação dos Amigos da Praia do Pinho na administração do local? Niltinho: A relação entre a atual administração e a Associação envolve apenas uma parceria para fiscalizar se as regras estabelecidas estão sendo cumpridas na faixa de areia. Dessa forma, voluntários da AAPP têm livre acesso na praia, no sentido de orientar os freqüentadores sobre estas regras.
OLHO NU: Como é sua relação com a Federação Brasileira de Naturismo? Niltinho: Ainda não foi possível estabelecer algum tipo de relação com este órgão. (Nota da redação: à época da entrevista Anilton ainda não havia tido contato com a Federação, o que ocorreu neste carnaval. Leia o adendo no final dessa matéria) OLHO NU: Recentemente, um casal naturista revelou aqui no Olho Nu a existência de atitudes pouco recomendáveis de alguns grupos de casais na Praia do Pinho. Como você pretende tratar essa questão? Niltinho: Já temos conhecimento destas atitudes e, como foi dito na questão anterior, é preciso que os freqüentadores também revejam suas atitudes. Porém, já disponibilizamos de um serviço de segurança na praia (principalmente nos costões e pedras). Este serviço visa coibir a ação destas pessoas que buscam a praia para a prática pública de atos de caráter sexual ou obsceno. Estas pessoas são orientadas a mudarem seu comportamento, sob pena de serem retiradas da área da praia. Além disso, a intenção futura é de estar investindo em uma campanha de conscientização destas pessoas, orientado-as de que a praia é para famílias naturistas e não para a prática de atitudes que desrespeitem estas pessoas. Pois, para a prática destes atos, existem lugares apropriados. OLHO NU: Outra queixa recorrente de casais é quanto ao assédio que sofrem para a prática de swing. O que você pretende fazer para resguardar as normas básicas do naturismo, que excluem a prática do swing? Niltinho: Qualquer tipo de denúncia de casais que se sentem constrangidos ou assediados por outros que queiram fazer prática de swing na área da praia ou estejam com atitudes antiéticas, está sendo apurada. E, no caso de confirmação, o casal é convidado a se retirar da praia ou área do camping e pousadas. Mas, é importante ressaltar novamente para o fato de que alguns freqüentadores necessitam rever sua postura em uma praia naturista, pois alguns associam o naturismo a sacanagem, acreditando que estando nus, estão livres para realizarem todos os seus desejos e fantasias em público. E, não é esse o objetivo da praia. OLHO NU: Há pouco tempo, chegou ao Brasil o YNAI, que é uma entidade internacional que tem por objetivo primordial desenvolver entre jovens o interesse pelo naturismo. A Praia do Pinho estaria abeta a esta iniciativa? De que forma? Niltinho: Com certeza a Praia do Pinho também está aberta a esta iniciativa. A intenção é estabelecer contato com esta entidade, buscando realizar parcerias para trazer grupos de jovens à Praia do Pinho. Mas, para isso será necessário um trabalho de conscientização, visando reafirmar o verdadeiro sentido que orienta à prática do naturismo: estimular de forma natural, espontânea, respeitosa e segura todos os hóspedes e visitantes que são praticantes do naturismo, proporcionando um ambiente saudável às famílias que se hospedam ou visitam a praia, bem como aos jovens que ingressam na prática do naturismo.
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