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O SonhoNome: Aline Arteira
Idade: 26 anos
Personagem: Inês, filha de Hindra

Não poderia haver combinação mais perfeita. Inês é uma deusa ingênua e delicada que passa a conhecer as desilusões e amarguras humanas, vivenciando inúmeras situações complicadas. Uma personagem bem difícil de ser interpretada e expressada. Somente uma atriz de grande sensibilidade poderia ser Inês. Mas a excepcional atuação de Aline Arteira não deixa a desejar. Muito carismática e extraordinariamente talentosa, ela se entrega de corpo e alma a sua personagem. Atuando grande parte do espetáculo nua, apenas coberta por uma fina camada de tinta, ela esbanja talento. Seja por sua expressão corporal, entonação vocal, sorriso cativante ou suas lagrimas que emocionam. Ela nos faz acreditar que seja uma verdadeira deusa.

Me conte um pouco de sua trajetória até chegar em "O Sonho".
Iniciei no Teatro com 12 anos de idade no antigo Teatro de Lona, onde já experimentei um Teatro vivo que lidava com as Meninas de Rua, o que me deu um olhar mais crítico para a organização da nossa sociedade castradora, a partir daí, por sina ou graça, sempre trabalhei com diretores e artistas que me libertassem, hoje defendendo a performance, a poesia anárquica e um contato direto com o outro. Quedar as máscaras da hipocrisia é meu objetivo.

Há quanto tempo interpreta Inês?
Completaremos 2 anos de pesquisa.

Me fale de seu papel na peça
Inês, a filha do Deus Indra, pega uma carona numa nuvem, esbarra com outras densidades vibratórias e entre raios e fogos, ela entra num redemoinho energético que lhe mostra a rota que dará na Terra. Ela ,com a liberdade que possui, se sente atraída pelo planeta e resolve conhece-lo. Vive intensamente todas as experiências com estranhamento e encantamento. Sente reprimida por um vestido logo no início e ao mesmo tempo se encanta com a possibilidade de um casamento que logo depois constata ser uma prisão. Assim vai percebendo a dor e o lirismo que é viver. Por fim constata que não é fácil viver uma vida humana e, como os homens são dignos de lástima.

Gosta de seu personagem?
Me ensinou a viver um pouco melhor .Isso é o mais gratificante.

Onde buscou inspiração para a interpretação?
Na essência Divina que estaria a minha espera dentro de meu próprio ser. Fiz buscas espirituais e corporais. Na partitura corporal fiz uma pesquisa corporal baseada em Butho.

Essa é a primeira peça onde representou em cenas de nudez?
Não

Como vê o nu artístico dentro de uma peça teatral?
Belo e comunicativo quando acompanhado de um propósito.

Você acredita que sua nudez, mesmo sendo poética provoque desvio de atenção no público do conteúdo da obra, ou ela proporciona mais autenticidade a seu personagem. Funcionando como exposição de sentimentos e pensamentos, refletindo em maior sintonia emotiva com a platéia. Deixando a nudez por si só indiferente ao público?
Ela realmente não podia chegar vestida, pois roupa é criação nossa, ou até mesmo prisão que escolhemos para nós mesmos; a personagem era desprendida de todos esses valores, sua pureza não permitia esse peso, e no seu olhar curioso, mais admirando do que criticando todos os vestidos da platéia, ela dizia isso com sua poesia. Talvez possa ter chocado algumas pessoas, mas essas com certeza ficaram numa dimensão de entendimento que não se permitiram voar. Agora quanto a indiferença, só o público pode nos dizer se positiva ou não.

Você representa grande parte da peça nua demonstrando muita naturalidade e harmonia. Como se preparou para a construção de seu personagem?
Foi cedo o momento que percebi que ela não tinha amarras nem preconceitos, logo foi mais cedo ainda que ensaiava sem o peso das roupas mundanas.

Existem atores e atrizes que receiam representar sem roupas com medo de uma reação negativa de parentes ou amigos, mesmo sendo um nu artístico, puro e poético.
No seu caso, houve reações negativas de amigos e parentes ou apenas manifestações de admiração e incentivo?

Se alguém desejou em algum momento me desencorajar ou me criticar não dei espaço para isso; quanto aos amigos, os que são contra não passaram no teste (risadas), e os a favor estão todos juntos na peça.

Gostaria de acrescentar algo?
Muita grata pela entrevista e gostaria de receber um exemplar. Beijos e libertação para todos nós!




O Sonho Nome: Rachel Palmerim
Idade: 22 anos
Personagem: Porteira da ópera

Raquel Palmerim é sinônimo de talento. Uma atriz completa de muito carisma. Com Voz firme e bem colocada é dona de uma presença marcante no palco.

Há quanto tempo representa? E em que trabalhos anteriores já atuou?
Faço teatro há nove anos. Comecei fazendo uns cursos de iniciantes, acabei gostando e aos 15 anos já trabalhava numa cia de teatro infantil. Ao decidir que era isso o que eu realmente queria para a minha vida, entrei para a Unirio. Anteriormente ao "Sonho" trabalhei em diversos espetáculos adultos e infantis, dentre eles "As Bacanas", "Recontando o Pequeno Príncipe", "Cadê a Camisinha", "Isadoras" etc.

há quanto tempo está em "O sonho"?
No Sonho estou a um ano.

Qual sua personagem na peça?
Faço a Porteira da Ópera.

Me fale um pouco de sua personagem.
A Porteira era a primeira bailarina da Ópera, mas assim que seu marido vai embora ela pára de dançar e se põe trinta anos a esperá-lo, sentada, ouvindo confidências das mulheres que ali passam. Ela tem também um xale onde "costura" os seus sonhos.

Num determinado momento da peça, você representa nua no palco. Como é representar nua?
A princípio era algo que eu não aceitava bem, ainda via o corpo humano como algo que não podia ser totalmente mostrado, talvez por achar que sempre estaria sendo vista com uma certa malícia. Mas, com os exercícios ao longo dos ensaios pude perceber que tudo depende da forma como é mostrado. Se essa forma trouxer uma naturalidade, vão nos ver com olhar de pureza, com poesia.

Em sua cena de nudez, você circula junto ao público. Como eles reagem?
Isso difere muito! Em cada lugar é uma reação. Cada platéia é diferente da outra! Na Unirio, as pessoas estão acostumadas a ver todo tipo de arte, então para elas a nudez é indiferente. Mas tivemos algumas experiências fora da faculdade. A primeira foi quando apresentamos em Vigário Geral na sede da ONG APAC que nos apóia. Provocou um certo espanto! Claro que é uma questão de costume... O corpo humano para alguns é tabu que ainda suscita curiosidades. Imagine a surpresa de verem vários atores nus lado a lado com eles! Claro que olhavam cada pedacinho do nosso corpo, mas bastava um olho no olho para que desviassem a atenção novamente para a cena. Outras novas experiências vieram ao apresentarmos no Circo Voador para 1600 pessoas, no Ceará, e a cada nova platéia no próprio Teatro do Sesi, onde tivemos um público heterogêneo.

A reação é a mesma entre mais velhos e adolescentes?
É na adolescência que temos a descoberta do nosso corpo e do corpo do outro. Existe uma certa curiosidade de ver, mas isso não chega a tirar a atenção da própria cena. Não que isso também não possa acontecer com os mais velhos, mas acho que é diferente sim.

Você acredita que a nudez natural dentro de uma atividade artista é apreciada, não por ser um atrativo sexual, mas sim, por compor com beleza o enredo de uma obra?
Acredito e sei que as pessoas que nos assistem também sabem disso! O público assiste ao espetáculo coincidente da existência de cenas de nudez, e compreendem perfeitamente que a nudez pode sim, ser poética e pura!

Veja a Galeria de imagens da peça "O Sonho" clicadas por Jorge Barreto

Leia sobre o conteúdo da peça

Jornal Olho nu - edição N°68 - junho de 2006 - Ano VI


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