|
XXX Congresso Internacional de Naturismo por Pedro Ribeiro*
Cartagena, 7 de setembro de 2006. Foi nesta data e nesta localidade espanhola onde começaram os trabalhos do XXX Congresso Internacional de Naturismo, realizado pela INF (International Naturist Federation). O Camping naturista El Portus, local que já foi bastante mostrado em edições anteriores do jornal OLHO NU, foi o anfitrião para as diversas delegações naturistas oriundas de várias partes do globo. Sem dúvida, o evento mais importante do mundo naturista, onde são discutidos temas e tomadas decisões que podem mudar a face do naturismo mundial. A abertura oficial se deu logo após o almoço e a sala reservada para os trabalhos se mostrou pequena para o número de delegados e acompanhantes presentes e desconfortável por causa do fraco ar condicionado, insuficiente para afastar o forte calor que reinava na região.
Wolfgang Weinreich, presidente da INF, deu por aberto os trabalhos e então uma torre de babel, no sentido bíblico, tomou lugar, com uma infinidade de idiomas diferentes sendo falada ao mesmo tempo. Para ajudar os não poliglotas havia sido montado um laboratório de tradução simultânea em 3 idiomas: alemão, inglês e francês, os oficiais da Federação. O espanhol, idioma anfitrião, ficou de fora. Cada delegado escolheu o de sua preferência. Mas ao se dirigir ao plenário somente poderia falar também em um deles, o que atrapalhou um pouco a desenvoltura da delegação brasileira. André Herdy, conselheiro da Federação Brasileira de Naturismo, foi o intérprete para Elias Pereira, o presidente. Após alguns momentos de dificuldades técnicas, finalmente os trabalhos realmente começaram, com as discussões dos temas propostos. Do lado de fora do prédio onde se realizava o encontro havia uma caixa acústica que retransmitia o que era discutido do lado de dentro. Também havia os indefectíveis aparelhinhos de tradução simultânea, ultrapassados em tecnologia, mas ainda eficientes. Tudo com a finalidade de ser o mais transparente possível e também acalentar aqueles que detestam ficar dentro de uma sala fechada e desconfortável. Os trabalhos durante o decorrer dos outros dias foram separados da seguinte forma: Entre 10 h e 13 h apresentação de temas para debate. De 13 às 15, intervalo para almoço, que era dividido em duas turmas, de 15 às 19 horas discussão de temas em grupos menores de trabalho, os quais deveriam tirar propostas e levar para discussão no grupo total.
Todas as representações do mundo naturista presentes levaram folders, informativos, cartazes, livros e tudo mais que pudessem divulgar seus locais e países, os quais foram colocados em lugares estratégicos de fácil acesso público. O Brasil apresentou o material que poucas organizações brasileiras enviaram à FBrN. Estavam representados a praia do Pinho, a praia do Abricó e a praia de Tambaba. Lamentável não haver propaganda de qualquer outro centro brasileiro. Aliás, neste quesito propaganda, todos os esforços estavam concentrados na divulgação da praia de Tambaba, candidata a ser sede do próximo Congresso Internacional, em 2008. Foi montado um pequeno stand do lado de fora da sala de reuniões, bem diante do restaurante, local de muito acesso dos congressistas, com banners e tudo mais. Foi a primeira vez que participei do Congresso Internacional e fiquei impressionado com o vigor e o calor das discussões. Os assuntos são debatidos a sério, com muitos momentos de embates ideológicos defendidos entusiasticamente, com muitos confrontos verbais, parecendo, às vezes, para quem estava do lado de fora da sala, apenas ouvindo pelo sistema de som, que iríamos ter cenas de pugilismo. Como em nossas sessões parlamentares brasileiras, há espaço para manobras políticas, acordos nos bastidores e até tentativa de puxar o tapete. Foi o caso, por exemplo, da votação para a futura sede do próximo Congresso. Agora, todos nós sabemos o resultado e estamos aliviados e contentes, mas durante o processo lá, ficou clara a tentativa de eliminar o favoritismo aparente do Brasil, por parte da mesa diretora. Leia mais detalhes na seção "A escolha de Tambaba".
A rotina do Congresso era sempre a mesma. Café da manhã às 9h, discussão e debate às 10h. Almoço às 13h. Nova sessão de discussão e debates às 15 h, com horário previsto para encerrar às 19h, o que nem sempre acontecia. Jantar às 20h. tudo com precisão britânica, ou melhor, alemã, nacionalidade do presidente da INF, que foi reeleito neste evento. A rotina só foi quebrada na sexta-feira, 8, quando congressistas e convidados participaram de um interessante city-tour pela cidade anfitriã e depois foram para um jantar regado a vinhos, lagostim e camarão entre outras iguarias, tudo preparado à moda mediterrânea e catalã, no restaurante de um hotel quatro estrelas superior, com direito a garçons impecavelmente vestidos (e nós não estávamos naturistas, mas quase todos foram pegos de surpresa e foram com as roupas com as quais visitaram a cidade: chinelos, bermudas, camisetas coloridas). Foi uma verdadeira "orgia alimentar", dada à quantidade de comida oferecida. Tudo isso disponibilizado pela Prefeitura da Cidade de Cartagena, que apoiou integralmente o evento.
No sábado à noite, o camping El Portus ofereceu um show com uma banda de rock local, onde os naturistas fizeram a festa, subindo ao palco e cantando junto com ela e depois fazendo homenagens ao Brasil pela conquista da sede do próximo Congresso Internacional. O evento foi encerrado no domingo após as reuniões deliberativas da manhã e a infalível foto oficial em frente às bandeiras institucionais. É bom lembrar de que não há do que reclamar da organização e da rigidez com os horários. Também é certo que nada ali foi de graça, nem para os congressistas nem para os convidados. Todos nós pagamos cerca de € 350 por pessoa para desfrutar das três noites de hospedagem nos chalés e dos cafés-da-manhã, almoços e jantares. Preço baixo em se tratando de Europa em média temporada. Quem preferiu ficar nos hotéis dentro do camping pagou um pouco mais. Além disso cada um de nós pagou sua própria passagem e teve que se virar para chegar até lá. Independente se você era representante oficial ou mero convidado de representante. Não havia nada de luxo, nada top de linha, nenhum exibicionismo tecnológico, mas tudo foi eficiente. Isso que importa.
Agora é aguardar o Congresso que será realizado aqui no Brasil. Esperando que ajamos com serenidade e empenho para que tenhamos tudo funcionando eficientemente também. O que ficou decidido resumidamente, de acordo com o site oficial dda INF. Durante os quatro dias do congresso delegados de 25 federações mundiais discutiram principalmente novos impulsos para a política da INF-FNI. O comitê central foi encarregado com o propósito de concretizar as decisões tomadas juntas com a comissão.
Além disso, foi decidido
introduzir um sistema de certificação para propostas naturistas/nudistas
(Por exemplo, centros de férias). Aqueles que operarem de acordo com as
éticas naturistas/nudistas receberão recomendação da INF-FNI. Leia nas próximas seções especiais: *Editor do jornal OLHONU |
|||||||||||||||||||
|
|
Olho nu - Copyright© 2000 / 2006
Todos os direitos reservados.