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Jornal Olho nu - edição N°105 - agosto de 2009 - Ano X

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Laércio Júlio da Silva, Presidente da Associação Goiana de Naturismo, o Goiasnat e Diretor Administrativo Financeiro da FBrN, tem regularmente escrito para um periódico do Planalto Central artigos que refletem e divulgam o Naturismo. OLHO NU, reedita, com sua autorização, os publicados neste mês de julho de 2009

Naturismo: qual o tamanho da sua curiosidade?

por Laércio Júlio da Silva*

04/07/2009

 

Sabemos que existe muita curiosidade sobre o nosso modo ou estilo de vida. Por definição clássica, a curiosidade é a capacidade natural e inata de questionamento, evidentemente presente na observação de muitas espécies animais e inerente à espécie humana. Portanto, com o que mais nos deparamos no movimento naturista é a curiosidade das pessoas que vivem na sociedade “têxtil”. Portanto, qual o tamanho da sua curiosidade?

 

“Um nudista é uma pessoa que acredita que a indumentária não é necessária à moralidade do corpo humano. Não concebe que o corpo humano tenha partes indecentes que se precisem esconder.” Já dizia Luz Del Fuego (1917-1967), madrinha do naturismo brasileiro.

 

Nesse pequeno artigo vamos tentar responder as perguntas mais frequentes. O naturismo é uma forma de vida que se propõe a aproximar a humanidade moderna, frequentemente apartada do meio ambiente, aos valores naturais abandonados ao longo dos séculos em benefício de um propagado progresso. Diante desse paradigma dominador, a natureza seria um inimigo a ser transposto e dominado pelos avanços tecnológicos, e o principal beneficiário disso seria todo o conjunto da humanidade.

 

Ao não se sentir parte dela, o homem tem justificado crimes ambientais até os dias de hoje com o intuito de extrair da natureza o máximo que ela possa dar sem se preocupar com o esgotamento desses recursos e as futuras gerações, simplesmente por se achar superior às outras espécies vivas. Não somos contra a tecnologia, apenas observamos que muitas das neuroses e estigmas existentes na sociedade são fruto do distanciamento de um meio ambiente mais saudável.

 

Passando por vários períodos, o movimento naturista mundial chegou à sua maturidade ideológica em 1974, no congresso da Federação Internacional de Naturismo (INF-FNI), com a definição: “Naturismo é um modo de vida em harmonia com a natureza, caracterizado pela prática da nudez social, que tem por intenção encorajar o autorrespeito, o respeito pelo próximo e o cuidado com o meio ambiente.” Aqui está a principal polêmica: somos nudistas. Nós, que nos intitulamos naturistas, nos utilizamos da nudez como elo de ligação entre o homem e a natureza e somos contra a instrumentalização da nudez pela sociedade de consumo. À luz desta definição, o Código de Ética Naturista, seguido pelas afiliadas à Federação Brasileira de Naturismo (FBrN), em seu primeiro artigo proíbe terminantemente o “ comportamento sexualmente ostensivo e/ou praticar atos de caráter sexual ou obscenos nas áreas públicas”. Para os menos avisados vale a pena ressaltar que não temos nenhuma relação com sexo e objetivamente combatemos toda a forma de exploração do mesmo. Os naturistas não enxergam a nudez sobre o ponto de vista de normas estéticas, ou seja, não objetivamos traçar valores sobre os corpos nus. Somos todos iguais na nudez, naturalmente imperfeitos e diferentes e por isso mesmo bonitos e originais! Os valores sociais e materiais são deixados fora do espaço naturista e a partir daí a pessoa entra em um campo livre de imposições individuais que sufocam o ser humano. A prática do naturismo proporciona saúde física e mental. É um movimento solidamente constituído, principalmente na Europa, onde alcançou sua maior popularidade também em seu viés turístico. Em terras brasileiras, a Federação Brasileira de Naturismo (FBrN) possui hoje 30 entidades filiadas, sendo 19 associações, entre elas a Associação Goiana de Naturismo, o Goiasnat, três comunidades naturistas (Associação Amigos da Praia do Pinho em Santa Catarina, Colina do Sol no Rio Grande do Sul e a Comunidade Naturista Encanto de Minas), cinco pousadas e recantos (Mirante do Paraíso, Complexo Praia do Pinho, Recanto Paraíso, Rincão e o Centro Ecológico Hélio Marinho Jurubá).

 

No litoral existem oito praias oficiais em que a prática do naturismo é regulamentada por decreto municipal, haja vista que o reconhecimento de um fato já existente, conhecido como Lei do Naturismo ou Lei Gabeira, está em fase final de aprovação, esperando a qualquer momento entrar em pauta no Senado Federal. A maioria destas praias tem uma ou mais associações que “administram” o local, orientando os turistas sobre práticas ambientais de preservação e cuidado com o meio ambiente.

 

Para se manterem filiadas à FBrN, todas são obrigadas a seguir o Código de Ética Naturista e zelar pela segurança dos turistas.

 

Como testemunha, um morador do Clube Naturista Colina do Sol: “Se você curte a natureza, em plena liberdade, e a vida ao ar livre de maneira saudável, sem malícia ou preconceitos, então o naturismo é a sua opção ideal.”

 

Em Goiás nos reunimos na Chácara Paraíso Goiasnat, localizada no município de Bela Vista, à 40 km de Goiânia. Lá praticamos esporte, realizamos palestras, confraternizações e estamos sempre abertos a novos adeptos. Formamos uma comunidade que se reúne também em casa de amigos e parentes em espírito de amizade e companheirismo.

 

O naturismo constitui-se em uma grande união de povos, desfrutando de uma vida familiar saudável, em estreita comunhão com a natureza e distante das mazelas da sociedade atual.

 

 

 

 

 

 

*diretor da Federação Brasileira de Naturismo (FBrN) e

presidente da Associação Goiana de Naturismo, o Goiasnat (www.goiasnat.com.br)

 

 

Clique sobre os outros três títulos abaixo para ler cada um deles.

 

Um novo paradigma ambiental

Saúde física e mental no naturismo

A empresa nua

Conheça o pensamento e a prática dos Naturistas


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