A primeira vez

por Rogério Silva*

 

O universitário paulista, Rafael, nascido na cidade de Salto, cursa engenharia elétrica. É a sua estreia no Naturismo. Se considera de mente aberta e não achou difícil se desnudar na frente de outras pessoas. "Acheu legal", afirma com o modo descontraído da juventude. No entanto, a experiência trouxe mais do que esperava.

 

Confessa que teve algumas preocupações iniciais, que são comuns a muito iniciantes, de como vai reagir ao ver tantas pessoas nuas ao mesmo tempo, se vai ter alguma ereção, ou da comparação de tamanho do pênis. Mas a reação foi totalmente tranquila, afirmou.

 

Ele já tinha informações sobre Naturismo, justamente por ser amigo do André, filho do Juvenal, presidente do Rincão, mas a falta de vivência anterior do Naturismo o deixou um pouco inseguro, sentimento que foi totalmente superado nos primeiros contatos com os outros naturistas.

 

Pretende voltar mais vezes porque gostou muito do local e achou o pessoal super legal. Questionado sobre sua opinião da falta de presença maior de jovens no Naturismo, acha que um dos fatores pode ser a existência real dessa insegurança inicial, mas não consegue entender por que existe essa grande diferença entre o número de freqüentadores quarentões ou de mais idade e de jovens. Ele diz que convites não faltam. Não consegue entender porque não há interesse por parte dos mais jovens e não sabe explicar o que pode ser feito para incentivar a presença deles nos ambientes naturistas e ainda não tem opinião formada sobre o assunto.

 

Iran Lamego, membro do Graúna, grupo naturista da Amazônia, também fez sua estreia, não no Naturismo, filosofia da qual é "signatário" há mais de dez anos. É a primeira vez dele no clube Rincão Naturista. Achou o lugar maravilhoso. Se sentiu muito bem acolhido por todos, especialmente por Juvenal e sua esposa Gislaine. Foi também a primeira vez em que esteve em um encontro naturista que reuniu tantas pessoas ao mesmo tempo, além do fato de ter tido o convívio também com crianças e adolescentes.

 

"Isso é muito bom para ver quanto é maravilhoso o Naturismo" se encanta. E eu soube detalhes deste evento das olimpíadas naturistas através da leitura do jornal OLHO NU."

 

 Sobre o Naturismo em Manaus, diz que é um movimento pequeno, por causa de vários fatores culturais, sociais e econômicos. "

 

"As distâncias são muito grandes em Manaus. O fator cultural é uma questão que pesa muito. Apesar de estarmos numa região predominante de cultura indígena, há toda uma ação retrógrada da sociedade de não aceitar a nudez como algo natural, ao contrário, encaram como imoral e indecente. Acho que até mais forte que aqui no Sul."

 

Em Manaus o Naturismo é praticado em um sítio alugado, sempre no último domingo do mês, com mudanças de data em raras exceções. O proprietário do sítio também pratica com eles, em muitas ocasiões. O sítio fica no km 32 da estrada que vai para Itacoatiara. Para chegar de Manaus até lá a melhor maneira é ir de carro. Há uma única linha de ônibus que passa em frente da entrada do sítio. Do centro até lá a viagem dura cerca de 50 minutos a uma hora.

 

Duas vezes por ano os naturistas pernoitam no sítio: na ocasião do aniversário do Graúna e no Natal. Para visitantes não associados é necessário primeiro entrar em contato por telefone que está disponível no site http://www.graunaam.com.br/ para agendar um encontro. "

 

Não é possível visitar o Graúna sem esse requisito, mas estamos abertos àqueles que quiserem participar de nossos encontros e também para aqueles que querem conhecer nossa filosofia."

 

Sobre as Olimpíadas, adorou a organização, a possibilidade de confraternização e de fazer novas amizades.

 

"O Rincão, o SPnat e o NIP fizeram algo inovador. E é uma satisfação ao Graúna estar participando deste primeiro evento olímpico. Um momento histórico."

 

Porém acha que não seria possível realizar tal empreendimento em Manaus, porque são poucos os naturistas por lá. Mas acha que seria formidável que outros espaços também organizassem os jogos olímpicos, revezando as sedes. "Pois desta forma poderia agregar ainda mais participantes de todo o Brasil. Os atletas são como irmãos, que durante as disputas brigam, discutem mas depois do jogo estão todos unidos novamente."

 

 Achou que a inclusão de provas mais “intelectuais”, como o teatro e a música, fez o diferencial, não restringindo a competição apenas ao físico, abrindo para a mente, a interação e o pensamento. Em sua opinião ainda incluiria em próximas edições prova de xadrez.

 

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rogeriosilvaleone@yahoo.com.br