A
PROVAÇÃO DO PADRE
Entrevista
concedida no programa "Domingão do Faustão"
resumido
por Pedro Ribeiro*
fotos
digitalizadas a partir das imagens do programa.
Tendo como
ponto de partida uma situação desenvolvida na novela "Mulheres
Apaixonadas" da autoria do dramaturgo Manoel Carlos, onde uma
mulher chamada Estela apaixona-se pelo padre Pedro, que já começa a
questionar sua fé por causa do desejo carnal que está brotando
dentro de si, a produção do programa convidou alguns ex-padres, que
largaram o sacerdócio por motivos, semelhantes
para darem algum depoimento no ar.
O terceiro
caso a ser apresentado foi o do padre Octávio Stefens, que compareceu
ao programa juntamente com sua esposa Zenir. "Casados há 30
anos, é gaúcho de 73 anos, tem dois filhos e dois netos. Estudou
filosofia e teologia. É professor aposentado e pratica o
Naturismo". Foi assim que Faustão os introduziu no palco.
Dona Zenir
conta que conheceu Octávio quando eles trabalhavam num evento de
Pastoral, na cidade de Torres, no Rio Grande do Sul.
O padre
contou que ao se apaixonar, sentiu vontade de trair o maior dogma da
Igreja Católica em relação aos padres: o celibato. Sofreu de
depressão ficando totalmente esmagado. Sentiu que nada mais lhe
sobrou: não acreditava em si mesmo e achava que era o ente mais
rebaixado que qualquer outro. Perdeu a fé em Deus e em todos os
valores. Ele não queria - confessa - mas tudo se esborrachou.
Passou a
viver em Pelotas, durante cinco anos, numa espécie de exílio
voluntário. Achava que sua vida não fazia sentido algum, chegando
até em pensar em pedir uma castração, para que deixasse de ter tais
pensamentos.
Antes desse
episódio que abalou suas estruturas de vida, o padre Octávio
trabalhou com Dom Aloísio Lorscheider. Foi candidato a vereador e fez
militação forte na política de esquerda, durante a época da
ditadura militar.
Com o
passar do tempo, padre Otávio conseguiu superar a depressão e
decidiu, então, largar a batina e o sacerdócio, para desposar dona
Zenir.
Hoje em dia os dois moram na Colina do Sol, juntamente com seus
filhos. Conta que lá o bom e ficar como a existência nos fez.
"Nessas áreas se a pessoa é honesta, acontecem coisas
semelhantes ao banho, como quando a gente está bem precisando de um.
O Naturismo lava a gente por dentro. A gente purifica e quem não
alcança isso, não fica muito tempo neste meio."
Padre
Octávio conheceu a Colina do Sol através de um amigo, Ricardo, que
freqüentava o local juntamente com a namorada. Ficou entusiasmado e
ansioso para ir até lá, pois se sentia totalmente vazio das velhas
coisas e aberto para as novidades da vida, aos 68 anos de idade.
"E o Naturismo realmente caiu muito bem em minha vida!" -
exalta. Acabou indo pela primeira vez sem o casal de amigos e sozinho
de ônibus, descendo na estrada e caminhando cerca de 8 quilômetros a
pé, pois achava que estava demorando demais para acontecer. Na
segunda vez, voltou com a mulher Zenir alugando uma barraca de camping
para passar uns dias. Os dois se apaixonaram pelo lugar e resolveram
ir morar lá em definitivo. Primeiro levaram o filho mais novo, Zumbi,
depois a filha casada, Iara, também resolveu, juntamente com seu
marido, residir em definitivo no que eles chamam de paraíso.
Nota da
Redação: Quem quiser saber muito mais da história do padre Octávio
pode comprar a edição número 24 da revista NATURIS, onde há uma
boa reportagem sobre ele. Os pedidos podem ser feitos pelo site da NATURIS.
*Editor
do jornal OLHO NU
natpedro@globo.com
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