"Como estamos conscientes que entre os
gays não poderíamos proibir a prática de sexo nos encontros,
sempre promoveremos eventos onde haja a possibilidade de se
fazer sexo com privacidade, em local à parte de onde esteja o
grupo principal. Desta forma, o sexo não faz parte do evento em si
e não é seu principal objetivo, mas é plenamente aceito se
praticado na intimidade. Adotamos esta regra para que não sejamos
confundidos com os vários grupos de orgias gays que existem na
cidade.
Nosso plano é crescer e nos consolidar como grupo. Este foi o
nosso primeiro evento com todos nus e pretendemos continuar a fazê-los,
de preferência mensalmente. Assim que possível, faremos um
encontro em um local onde possamos ter contato com a natureza, como
um sítio ou uma casa de campo."
Querida Maria Luzia, analisando o texto acima, tenho a impressão de
dois tópicos:
1) Quando o Antonio disse em "lugares para prática de sexo nos
encontros" pode ser entendido como o chalé, a cabana de
camping, ou o quarto de hotel. considerando o "casal"
homossexual como "casal normal"....
2) Um grupo tentando mascarar a verdade, sendo um grupo hedonista
entrar no mundo naturista para ser aceito na comunidade. Coisa que já
tentaram outras vezes, sempre tirando o nome hedonista para
naturista.....
Mais em frente, no texto, lê-se:
"O grupo Naturistas Gays não é um grupo hedonista, segundo os
organizadores: "nosso prazer é estar nu em ambiente social
apenas..."
Onde se reforça o aspecto "naturista" ou
"nudista" do grupo em questão. Acho cedo, e acho que o
jornal deu espaço demais a um grupo recém montado. Mas a
liberdade de expressão é direito constitucional. Espero que o
grupo se consolide, e mostre a que veio.
Um abraço fraterno. Naturalmente
Cesar
Fleury
toktel@argon.com.br
Sempre procurei me afastar de todo tipo de preconceito, e não creio
que seja novidade para ninguém o fato de que tenho apoiado a idéia
de que o grupo não se feche para a pluralidade sexual, assim como não
o tem se fechado para outras formas de pluralidade (social, religiosa,
racial, étnica, etc.). Mas confesso que não vi com bons olhos a
iniciativa dos encontros naturistas gays, pois entendo-o como um
desserviço aos próprios gays. É a perpetuação da mentalidade do
gueto. Claro, é muito mais fácil e rápido, se há dificuldades em
freqüentar espaços naturistas comuns, criar um espaço único,
"só para mim". Só que isso não resolve o problema da
aceitação, ao contrário, o reforça, pois cria a segregação,
ainda que ao contrário.
Usando uma comparação grosseira: Sendo um homem solteiro tenho
dificuldades em praticar o naturismo, pois a maior parte dos espaços
naturistas discrimina o homem só. Sei que existe uma grande
quantidade de homens solteiros que gostaria de praticar o naturismo e
enfrenta esta mesma dificuldade. Vamos então criar um grupo de
naturistas solteiros e fazer reuniões de naturistas solterios? Sei
que parece uma solução prática, pois é fácil e rápido conseguir
algo assim, mas isso não faria com que a discriminação diminuísse,
ao contrário, quando um homem solteiro tentasse entrar numa área
naturista, seus representantes ainda poderiam dizer: "Se você é
solteiro, que procure o clube dos solteiros!"
Muito mais inteligente é lutar pela aceitação,
fazer os clubes e seus freqüentadores perceberem que o homem solteiro
não é uma ameaça "per si" e que a discriminação não é
uma solução. Este é o caminho mais longo, mais lento, mais difícil,
mas que funciona, que leva ao rompimento dos preconceitos, à aceitação.
Acredito que este seja o caminho também para o caso dos homossexuais.
O que vejo, em geral, é muito boa vontade, mas seguindo por caminhos
inócuos. Sinceros, mas inócuos. Sobre a coisa dos "estamos
conscientes que entre os gays não poderíamos
proibir a prática de sexo nos encontros" - outra frase lamentável
- acho melhor tratar do assunto em outra mensagem...
Forte Abraço
Naturalmente
Estevão
onaturista@hotmail.com
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