Declínio
da freqüência de nudistas diminui o turismo em parque de Munique
O banho de sol sem roupas é permitido nas
campinas ao longo de toda extensão do rio Eisbach. Sentir-se
livre para desnudar-se e relaxar sobre a grama macia no estilo
bávaro... A placa mostrada na foto avisa aos visitantes do
parque que a nudez é praticada nos campos. |
Matéria
distribuída pela agência Reuters. Em 20-08-2003.
Enviado
por Jorge Barreto*
Os
adoradores de banho de sol ao natural que já povoaram os diversos
campos e caminhos da famoso parque Englisch Garten (jardim Inglês), em Munique,
Alemanha, nos dias quentes do verão, estão desaparecendo ou resolveram
se vestir.
As
autoridades municipais estão preocupadas com o novo puritanismo
encontrado e acham que poderá provocar um dano à reputação
internacional do parque, causando uma queda no turismo da cidade da
Baviera. Estão apelando aos naturistas locais que voltem a freqüentar
o parque e deixem suas roupas para trás.
Durante
os dias quentes de verão das décadas de 70 e 80, cerca de 14.000
nudistas visitavam por dia os 360 hectares arborizados do parque, que
representava um décimo do total de visitantes em geral. Hoje em dia,
esta proporção caiu para apenas um por cento. Às vezes este número
não chega nem a mil pessoas.
O
diretor do parque, Thomas Koester, disse "perdemos muitos dos
nudistas que fizeram do Englisch Garten um lugar especial. Especialmente
jovens homens e mulheres de boa aparência, que transformavam este lugar
numa boa atração, também desapareceram. É um verdadeiro problema.
Antigamente famílias inteiras poderiam ser vistas caminhando nuas, como
também jovens sentados nos bares ao ar livre."
Constando
nos guias turísticos internacionais em países onde a nudez pública
não existe, visitantes do Japão, Estados Unidos, Grã-Bretanha,
Itália, França e Espanha enchiam o parque para "comer com os
olhos" a carne alemã nua.
Um
bom número de hotéis em torno do parque sempre anunciavam os quartos
que tinham vistas para os locais de maior concentração nudista com
grande destaque.
"Um
grande número de turistas vindo da Ásia, como também da Inglaterra,
Itália e Espanha saíam de seus caminhos para dar uma parada em Munique
para ver os nudistas" diz Koester. "Essas pessoas vêm de
culturas onde até mesmo pra se fazer uma sauna deve-se usar roupas de
banho".
"Com
poucos nudistas isto pode afetar o turismo", adicionou. "Você
pode se sentar em alguma cervejaria ao ar livre em qualquer lugar. A
fascinação especial aqui é que você pode topar com alguns nudistas
nos bares ou nos caminhos ao longo do parque."
Sentir-se
como bicho em um zoológico
Em
uma tarde quente de verão quase 30 pessoas estavam usando nada mais que
sorrisos ou bronzeados sem marcas estavam esparramadas sobre a gramada
colina perto de um pequeno rio.
Elas
pareciam esquecidas das centenas de pessoas vestidas que passeavam -
maioria delas foi incapaz de conter olhares curiosos.
"Eu
me sinto bem em vir ao parque, tirar minhas roupas e relaxar,"
disse Ilona Scholl, funcionária do correio que vem ao parque há mais
de 15 anos.
Usando
apenas um cordão, Scoll disse entender o porquê de tão poucos
nudistas estarem procurando o sol do parque nos dias quentes de verão.
"O
que realmente me aborrece são os olhares fixos de turcos e japoneses ou
de homens vindos de países onde não há este tipo de nudismo"
disse Scholl. "Eles vêm aqui apenas para olhar de modo
embasbacado. É realmente desagradável. Faz eu me sentir como se
estivesse em um zoológico.
Gerhard
Meyerhof, engenheiro aposentado de 59 anos, disse que ele não conseguia
entender porque haviam tão poucos nudistas vindo ao parque, um
esplêndido pulmão verde no centro da terceira maior cidade do país,
criada no século 19 como cópia do London Park, em Londres.
"É
uma tremenda experiência sentir o ar e o vento passear por todo o seu
corpo," disse Meyerhof, que estava sendo admirado por um grupo de
risonhas senhoras alemães de meia-idade, tirando fotografias de seus
traseiros, atrás de um pequeno arbusto.
"Os
gregos antigos corriam nus", continua. "De qualquer forma
turistas não me aborrecem".
Um
grupo de homens jovens estrangeiros caminhavam pelo parque tentando
conciliar seus passos com os olhares abobalhados e, no princípio, foram
relutantes em admitir os propósitos de sua excursão.
Não,
estamos aqui apenas para passear pelo parque", disse Abo Rebhe, um
palestino que vive nas proximidades da cidade de Augsburg.
Mas
após alguns momentos ele e seus amigos admitiram alegremente que havia
uma especial emoção no Englisch Garten e que eles tinham feito a
viagem especial a Munique, em seu dia de folga, pra verem de perto os
nudistas.
"É
claro que eu vim aqui para ver as mulheres bonitas," disse Rebhe.
"Não há muitas hoje, mas você pode voltar aqui no sábado ou
domingo", disse com um largo sorriso. "Então o lugar vai
estar cheio."
Abaixo, fotos do parque de Munique, clique para ampliar
*jorgebarreto@jornalolhonu.com
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