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Jornal Olho nu - edição N°50 - novembro de 2004 | |
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Jornal Olho nu - edição N°50 - novembro de 2004 - Ano V
Distração Natural Por Wagner Rotta*
Sempre fui uma mulher muito bonita. Atraía a atenção dos homens pela beleza, mas afastava-os com minhas mancadas. Nunca percebia uma declaração de amor indireta, ou alguma insinuação. E sempre estava falando demais, cometendo uma gafe atrás de outra. Nunca fiz por mal, mas fazia. E a maioria nunca entendeu. Só mesmo o Carlos. Ele era divertido e até ria das minhas distrações, mas um dia o amor acabou e hoje nós somos apenas amigos. A nova namorada dele é que não gosta de mim, acho que é porque eu falei demais sobre o meu namoro com ele numa festa em que ela estava. Mas eu só falei a verdade. Certa vez, conheci um rapaz que tinha um apelido estranho, Jujuba, ele era idêntico a mim. Cometia uma gafe atrás da outra, achei que fosse o par perfeito, mas não rolou. Sabe aquela coisa de bater o olho e não sentir nada? Foi por aí.
Estacionei o carro e fui para a areia. Depois de algum tempo percebi que todos me olhavam. Não era um olhar de admiração, nem de paquera, muito menos de menosprezo por parte das mulheres. Mas era um olhar de espanto. Minhas “neuras” afloraram no mesmo instante. Será que eu estava muito gorda para usar biquíni? Mas eu nunca fui gorda, nunca passei dos 50 quilos. Ou o biquíni estava pequeno demais? Não, não estava. Pela primeira vez na vida, eu estava usando um biquíni comportado. Talvez minha celulite?! Mas eu não tenho celulite. Ou tenho? Estrias? Mas quem seria o observador tão sagaz a ponto de ver uma estria, que eu não tenho, por mais perto que estivesse? Havia me depilado, este não era o problema. O que seria então? Tentei manter a naturalidade. Estendi minha canga, passei o protetor solar, deitei-me de costas e comecei a ler um livro. Mas por mais que tentasse, não conseguia disfarçar o mal estar de todas aquelas pessoas me olhando. Tentei outra estratégia. Dispensei o livro, e fui dar um mergulho. Nadei um pouco e quando sai da água, percebi que ainda era o centro das atenções. Não havia nada de errado com meu cabelo, nem com minhas unhas. Voltei para a canga e comprei um refrigerante, dei apenas dois goles, pois já não estava mais agüentando aqueles olhares em cima de mim. Deixei-o de lado e deitei-me, desta vez de frente com o óculos escuro no rosto, para não ver ninguém. Mas eu sabia que eles estavam lá. Aquelas dúzias de pares de olhos, todos apontados pra mim. Levantei-me e fui andar um pouco pela praia, que não era muito grande. Talvez inconscientemente procurando um outro local para estender minha canga. Mas em toda a extensão da praia, os olhares espantados me acompanharam, de longe ou de perto. Eu era o centro das atenções, só não entendia o porquê. Foi então que uma menininha, que estava correndo na areia, caiu na minha frente. Prontamente me dispus a ajudá-la a se levantar. Ela não havia se machucado, só estava suja de areia. Foi então que percebi algo. Olhei a meu redor e entendi de uma vez por todas, porque todos aqueles olhares estavam direcionados pra mim.
Senti-me aliviada por não estar mais com minhas roupas. Pelo menos uma vez na vida, eu não dei mancada. Consegui perceber a tempo o que estava acontecendo e corrigi. Eu estava numa praia de nudismo! De hoje em diante tomarei sempre este tipo de atitude. Foi muito bom ter experimentado esta sensação de liberdade, nunca me senti tão à vontade assim na vida. Resolvi naquele dia adotar o naturismo como filosofia de vida. Quando cheguei ao trabalho na segunda, todos me olharam espantados... Terminado em: 06 de Junho de 2004. |
Wagner, em certa ocasião, escreveu uma carta dizendo que estava escrevendo uma peça de teatro com o tema naturismo, e até pediu ajuda aos leitores (seção cartas da edição nº 30). É o caso de perguntar agora: como vai indo este trabalho ? |