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Jornal Olho nu - edição N°129 - agosto de 2011 - Ano XII |
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Massarandupió: o paraíso é possível por Pedro Ribeiro* O que mais encanta à primeira vista na praia de Massarandupió, extensa faixa de areia branca e local de desova das tartarugas marinhas ao Norte de Salvador, na Bahia, é a sua paisagem exuberante composta pelas dunas que a isolam e fazem um pequeno vale totalmente privativo com direito a um riacho de água doce, cuja temperatura se alterna entre fria e morna.
Porém o que fascina ainda mais é perceber que a praia naturista, cuja área reservada tem mais de um quilômetro de extensão, está totalmente integrada à vida dos habitantes do vilarejo que pertence ao município de Entre Rios. Os habitantes do local compreendem que o turismo naturista pode trazer muitos benefícios à região e tentam se aproximar de suas benesses.
Este evento que reuniu os dirigentes naturistas de todo o Brasil na idílica região de povo humilde, mas extremamente hospitaleiro, serviu para mostrar que o Naturismo pode estar perfeitamente integrado respeitosamente à população do entorno. O que se viu aqui foi inédito até agora.
Na quinta-feira, 14 de julho, o primeiro dia do evento, os naturistas que chegavam à Massarandupió foram recebidos pela comunidade e por autoridades municipais na sede da Associação de Moradores com muita comida, sucos de frutas típicas, grupos de dança compostos por crianças e jovens e muito samba de viola.
A Secretária de Turismo de Entre Rios, Suzana Maria da Silva, destacou a importância de um evento deste tipo para a comunidade, vislumbrando a promoção que o município vai receber. O presidente da AbaNAT, Miguel Calmon saudou os dirigentes presentes e deu por aberto oficialmente o evento. Em seguida fomos agraciados com exibição de dança do Grupo de Música Country da Escolinha Letras e Música, o grupo infantil, que deixou a todos encantados, e o grupo juvenil, a Quadrilha Nativa de Massarandupió, que fez uma apresentação digna de profissionais, com muita alegria e descontração. Após esta apresentação houve uma confraternização dançante, com integrantes do grupo convidando os espectadores para dançar, com vários naturistas participando. Como se não bastasse e, além disso, contrariando o dito popular de que aqui no Brasil tudo acaba em samba, o Grupo de Samba de Viola de Massarandupió fez todo mundo requebrar e cantar logo no primeiro dia de evento. Esta demonstração de alegria e afeto deixou uma primeira impressão extremamente positiva.
Após todos os participantes serem identificados e terem recebidos seus crachás a ocasião festiva terminou. Voltamos às nossas pousadas, as três que estavam oficialmente recebendo os naturistas, das quais duas também mantinham o ambiente naturista dentro de suas instalações.
À noite saímos para jantar em um dos diversos e pequenos restaurantes rústicos, típicos de regiões praianas pequenas. Eles oferecem pratos diversos, desde os típicos baianos até a infalível pizza. No dia seguinte começariam os trabalhos na praia, local que ainda quase ninguém dos dirigentes naturistas presentes havia posto os pés. A praia de Massarandupió é distante do centro do vilarejo cerca de quatro quilômetros, que podem ser vencidos facilmente a pé para quem tem disposição para caminhadas ou de carro, por estrada de terra e areia que tem uma condição de tráfego sofrível. De qualquer maneira os últimos trezentos metros têm que ser vencidos a pé, por cima das dunas. O estacionamento fica isolado, mas, por enquanto, é seguro.
Quase toda a extensão da areia em frente o mar é ocultada por uma muralha de areia gigantesca (em largura, não em altura). Para alcançar a praia é necessário escalar essa duna, que tem várias trilhas já abertas, não sem antes atravessar o riacho que corre acompanhando a grande elevação. Há trechos mais rasos e outros mais profundos que convidam a um mergulho antes ou após o banho de mar.
As dunas são cobertas por vegetação rasteira, arbustos e em um ou outro ponto palmeiras e coqueiros. Do outro lado descortinam-se o mar e a areia sem fim. Para onde se olha, frente, esquerda ou direita não se vê o término de nada. A trilha que sai do estacionamento não alcança direto a parte naturista, portanto não se deve ficar entusiasmado e já circular sem roupas por ali. Ainda se caminha uns 100 metros até a primeira placa que indica que é o começo da área naturista. Daqui se avista perfeitamente a área reservada e as pessoas ao longe. Nesta fronteira dois seguranças (vestidos) conversam com os que parecem curiosos e indecisos. A partir deste ponto já se deve tirar a roupa, mas não é obrigatório. Pode-se caminhar até o local em que se pretende ficar e lá, sim, a nudez é obrigatória. Há três construções na areia, a primeira cabana era o antigo bar, hoje desativado, funcionou para o evento como loja de artesanato da população local. A próxima cabana, a maior, funciona como restaurante onde foram servidas as refeições para os dirigentes e convidados do Encontro. Funcionou também como point social, para os bate-papos informais, música, dança e muita festa. A terceira cabana adiante é outro bar-restaurante, com uma área um pouco menor. As pessoas frequentadoras da praia se agrupam em frente a essas duas últimas cabanas.
Para o evento foram contratados mais quatro seguranças que circulavam pelas dunas e pela praia, com objetivo de manter a tranquilidade e as normas naturistas. Estavam todos identificados com camisetas com logo do evento. Todo o pessoal extra, contratados entre os moradores da cidade para a ocasião, estavam também vestidos. Aliás, embora a comunidade aceite o naturismo e não tenha problemas em ficar no meio dos nus, pouquíssimos frenquentam a praia nus. Quase a totalidade dos nus é de pessoas oriundas de regiões baianas próximas, do resto do Brasil ou do exterior. O mar estava calmo e não tão morno como imaginamos como deveria ser no Nordeste. A temperatura ambiente estava boa, nem frio, nem calor, mas de vez em quando haviam umas nuvens insistentes que fechavam o céu e desabavam suas águas. Depois tudo abria de novo, como se nada havia acontecido. O vento é constante e às vezes mais forte do que se preferia.
Atravessando, na área naturista, a duna-muralha novamente, alcançamos um grande e lindo vale de areia, vegetação e riacho. Aqui também se pode ficar nu. A sede do Evento foi exatamente construída nesta parte da praia. Sob o grande galpão foram realizados todos os programas formais: debates, reuniões e palestras, que fizeram parte do I FAN - Fórum de Assuntos Naturistas. O primeiro dia do IV Encontro de Dirigentes naturistas, no dia 15 de jullho, teve uma programação livre pela manhã, com esportes, bate-papo, feira do artesanato local e o almoço, preparado pela comunidade e incluído no pacote do evento, servido somente após as 14 horas. Isto ocasionou um bom atraso para a abertura oficial, feita pelo anfitrião Miguel Calmon, presidente da AbaNAT. Foram convidados para compor a mesa João Olavo Rosés, presidente da FBrN, Rayssa Souza, secretária geral, José Tannús, diretor para assuntos especiais, Elias Pereira, membro do Conselho Maior e Eduardo Oide, presidente da agência de viagens MDM Naturs.
Após a abertura oficial com o canto do Hino Nacional Brasileiro e alguns informes, a pauta programada começou a ser apresentada pelo presidente Rosés. Os destaques ficaram por conta da implementação dos projetos CENA - Centro de Estudos Naturistas, Museu Luz del Fuego e do Museu Virtual; A participação do Naturismo nas redes sociais, elogiando o trabalho do Graúna na participação de manifestações públicas, na realização de palestras públicas sobre o Naturismo em faculdades e teatros, a articulação com questões ambientais contemporâneas e inserção do naturismo na sociedade civil. Devido ao avançado da hora nem todos os assuntos programados foram contemplados, transferindo o restante para a continuação dos trabalhos na manhã do dia seguinte. À noite, ainda na praia foi realizado o Lual sob uma imensa e luminosa lua cheia que tornou ainda mais bonita a paisagem. Muita comida, muita dança e alegria. O vento ficou frio e eram poucos que ainda tinham coragem de manter a postura naturista básica.
Na manhã de sábado dirigimo-nos novamente ao palco do Encontro. O tempo amanheceu um pouco mais fechado, mas a temperatura estava boa. O Sol foi abrindo e fechando durante todo o dia. O vento estava forte, no entanto não incomodava na praia. A continuação da programação oficial começou de novo atrasada, mas foi totalmente contemplada com os assuntos previstos. Por volta do meio dia um convidado especial apresentou sua palestra. Era o filósofo João de Deus apresentando uma nova modalidade de interiozação psicológica, definida como Autosofia. Após sua explanação João convidou para participarem de uma sessão coletiva mais tarde quem estivesse interessado.
Após o almoço, realizado ainda na praia, houve a abertura do I FAN - Fórum de Assuntos Naturistas. Idealizado por José Tannús o fórum tem a função de aproximar do Naturismo assuntos de interesse ou correlatos da sociedade em geral, como meioambiente, turismo, combate a pedofilia entre outros. O Vice-prefeito de Entre Rios, Benjamim Mendes, fez palestra sobre turismo sustentável e ressaltou a possibilidade que o Naturismo representa para esta modalidade. Em seguida a bióloga Mariana, do Projeto TAMAR-IBAMA fez palestra sobre proteção ambiental destacando o trabalho de proteção às tartarugas marinhas que desovam em todo litoral Norte da Bahia, inclusive em Massarandupió. Finalmente, o professor historiador naturista Jorge Bandeira, diretor de divulgação do Graúna, palestrou sobre a filosofia naturista que é possível encontrar na antigas tribos indígenas do Brasil.
Após os debates com o público foram distribuídos certificados 2011 de áreas naturistas a alguns dirigentes que ainda não haviam recebido para suas entidades. Mais algumas homenagens e discursos de gratidão foi encerrado o I FAN. E na praia se realizou então o jantar festivo de confraternização que encerrou as atividades do IV Encontro no dia.
O domingo, 17, foi de muitas atividades esportivas e lúdicas. Pequenos torneios de vôlei, corrida do saco, futebol e uma oficina de artesanato aplicada por artesãs da comunidade completaram a manhã. Para encerrar o evento foram entregue medalhas aos vencedores das competições e muitas homenagens de agradecimento pelo esforço e empenho da associação anfitriã, a AbaNAT e do povo da comunidade. O IV Encontro de Dirigentes Naturistas mostrou que é possível integrar as áreas naturistas à comunidade local onde estão inseridas. Isso é bom para o Naturismo e para a sua imagem pública. Parabéns a todos que se esforçaram e conseguiram realizar. *Pedro Ribeiro é editor do jornal OLHO Nu e presidente da Associação naturista de Abricó
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