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Porém a revista Glamour reportou em uma
votação, em 1993, que 86% dos respondentes (maioria mulheres) disseram
que gostariam de ver mais nudez masculina nos filmes.
O filme de Peter Cattaneo “Ou Tudo ou
Nada” (The Full Monty – 1997), poderia ter sido ideal para
aplacar os leitores de Glamour. Sua trama original envolve um grupo de
britânicos sem-trabalho e pouca-sorte que reúne-se para organizar um
show de strip-tease masculino como uma forma de fazer dinheiro rápido,
assim restaurando o senso de auto-estima como maridos e pais. Informados
pela população da cidade, que não estava nada impressionada por um show
de strip masculino que não tem nada de novo e que não assistiriam
a não ser que pudessem ver alguma coisa diferente, o líder da pobre
banda decide que sua “isca” será ir um passo à frente do que os stripers
profissionais e tirar tudinho.
Embora o filme seja um maravilhoso olhar
sobre os dilemas inerentes aos ritos de aceitação do corpo masculino, e
o show é mostrado de fato aos espectadores do teatro no final, as audiências
dos cinemas e dos vídeos só viram o que o congelamento do quadro final
revela: uma tomada comum das bunda do grupo.
Na mesma enquête de Glamour, 67 por cento dos respondentes
disseram que havia muita nudez feminina nos filmes. Desde que a enquête
foi feita parece que a nudez feminina tornou-se ainda mais “lugar
comum”, não apenas nos cinemas mas também na televisão. Quando uma
noviça largando sua ordem religiosa na minissérie da PBS (emissora pública
americana) de 1994, “Body and Soul”, Kristin Scott Thomas tira
seu hábito diante de um espelho e fita seu corpo nu com casualidade e
curiosidade, a cena é filmada dentro de uma atmosfera de completo bom
gosto. Mas deve-se perguntar se a mesma cena fosse levada ao ar pela PBS
tendo sido um padre que se desnudasse... |
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Pier
Paolo Passolini,
cineasta italiano, assassinado na década de 70, fez diversos
filmes onde a nudez era comum. “Decameron” (1971)
é baseado na obra-prima de Giovanni Boccaccio, um dos mais célebres
escritores do século XIV, e é a primeira parte da chamada
“Trilogia do Prazer”, que inclui ainda os
inebriantes “Contos de Canterbury”e “As Mil e
Uma Noites”. |
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Tentando evitar a temida classificação NC-17, a qual teria
impedido o filme de aparecer na maioria dos cinemas dos Estados
Unidos, Noyce aparou e aparou até que o filme fosse deixado com uma
censura R e virtualmente nenhuma nudez. Então, tendo já afirmado
na pré-apresentação do filme a promessa de oportunidades de nudez
iguais” de suas estrelas, Noyce teve que se confrontar com um
outro obstáculo inesperado quando um subitamente inseguro Baldwin
não gostou do que viu de si próprio no filme e pediu para suas
cenas serem refilmadas, sem nudez.
Na pós-apresentação, Baldwin insistiu que, na curtíssima
cena onde aparece um pênis de relance, o órgão exposto pertencia
a um doublé não creditado, enquanto Noyce disse, “Billy aparece
frontalmente nu, mas vocês não verão coisa alguma porque está
escuro.” Na versão européia do filme, quatro minutos extras de
cenas de sexo aparecem, as quais podem ajudar a derramar alguma luz
sobre a matéria. |
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Um outro ator de Sliver, Tom
Berenger, não ficou inseguro ao mostrar seu pênis alguns anos antes, no
filme de 1991, “Brincando nos Campos do Senhor” (At Play in
the Fields of the Lord) (que também apresenta Kathy Bates totalmente
nua). Representado um missionário de selva que se encontra num
relacionamento competitivo com fundamentalistas sobre quais atitudes
adotar com os nativos que eles aconselhavam, a adoção por Berenger dos códigos
de vestimentas dos indígenas, ou a falta disso, pareceu evitar controvérsias.
Isso pode estar atrelado ao que tem sido
chamado de “Fator National Geographic”. Críticos e espectadores são
inclinados a ver o nudismo “tribal”, mesmo com atores caucasianos,
como inteiramente apropriado e concordam sem restrições. Se tivesse sido
filmado um tipo “Brincando nos campos de Manhattan”, com as cenas de
nudez intactas, poderíamos bem imaginar a multidão de raivosos descendo
até a Times Square para protestar.
Tão clemente quanto o “Fator National
Geographic” parece ser quando o diretor não se aproveita das vantagens
do que a nudez possa oferecer. Veja em “Floresta das Esmeraldas”
(Emerald Forest – 1985) de John Boorman, no qual a vestimenta
escolhida para homens foi uma tanga. Embora o uso de tangas não está
inteiramente fora de lugar em uma selva ou floresta tropical, parece estar
fora de lugar em filmes como a comédia Walk Like a Man - 1987, de
Howie Mandel, onde o personagem de Mandel é um menino criado por lobos. A
despeito do fato que nenhum humano estava nas proximidades para ensiná-lo
a usar roupas, ele adotou uma tanga sem nenhum por quê. Em 1983, em “Greystoke:
A Lenda de Tarzan” (Greystoke : The Legend of Tarzan), as
cenas da infância São ao menos retratadas com nudismo frontal; mas
quando Tarzan amadurece, ele também decide inexplicavelmente adotar uma
tanga para cobrir seu sexo.
Falando de Tarzan, é interessante notar
que no clássico “Tarzan, O Homem Macaco” (Tarzan, The Ape
Man – 1932), estrelado por Johnny Weismuller como o rei da selva,
foi a roupa de sua co-estrela Maureen O’Sullivan que não satisfez os
requisitos do Código Hays. Enquanto Weismuller tinha permissão para
flexionar seu tórax nu e suas nádegas raramente escondidas, as duas
pequenas tangas de O’Sullivan tiveram que ser redesenhadas para deixar
um pouco mais para a imaginação.
Embora a lenda de Tarzan seja um trabalho
de ficção, e podem ser perdoados seus prudentes usos de tangas, algumas
vezes a precisão cultural ou histórica indica que o nudismo seja incluído
no produto final. Mel Gibson, por exemplo, defende seu uso no vencedor de
Oscar de Melhor filme de 1995 “Coração Valente” (Braveheart).
Mencionando uma cena onde os escoceses enfrentam ingleses e levantam e
sacodem suas saias um pouco antes de uma batalha, Gibson afirma que “os
escoceses realmente costumavam fazer isso ! Fiz isso como uma resposta
para a questão, ‘o que os escoceses usam sob suas saias ?’” Mas de
qualquer forma, a cena frontal foi filmada de uma distância tão segura
que muito de Mr. Gibson continua um enigma.
Filmes que se referem às histórias da Bíblia
também têm dificuldades para estar de acordo com os fatos históricos,
como quando os diretores conseguiram tratar estes assuntos como na história
completa de Adão e Eva, ou como retratar o Rei David dançando nu na rua
quando a Arca das Promessas retornou a Jerusalém. No Novo testamento, João
batista realizava seu trabalho com os penitentes nus, e aqueles que eram
crucificados o foram também completamente nus, incluindo Jesus Cristo.
Em “A Última Tentação de Cristo”
(The Last Temptation of Christ –1988), o diretor Matin Scorcese
procurou filmar tais cenas o mais precisamente possível, mas permitiu que
o batismo de Cristo permanecesse um acontecimento de roupas; e embora
Willem Dafoe como Cristo é mostrado nu sobre a cruz, a cena frontal foi
curta e distante. Esse filme atraiu protestos veementes, e em alguns casos
foi impedido de ser exibido em certos cinemas por grupos proclamando ser
ele blasfemo. (Para ser justo, os gritos de blasfêmia foram freqüentemente
mais direcionados à cena da fantasia, onde apresentou Jesus descendo da
cruz, casando e tendo uma discreta relação sexual, do que às breves
cenas de nudez.)
O filme de Denys Arcand, “Jesus de Montreal” (Jesus
of Montreal – 1989) enfrentou uma controvérsia similar quando
apresentou um grupo de atores tentando encenar a Paixão com o requisito
da nudez sobre a cruz e atraiu uma estridente oposição dos cidadãos de
Montreal. Suas histórias fazem paralelos com a história de Cristo por
ter o zelo dos artistas em ser historicamente preciso destruído pela
honrada população que os pune (crucifica) por seus esforços. |