') popwin.document.close() }
Jornal Olho nu - edição N°39 - dezembro de 2003
http://www.jornalolhonu.com
Editorial | NATNotícias | Nu em Notícia | NATLuta | NATOpinião | NATDebate | NATEntrevista
NATPolêmica | NATEspecial | NATReflexão | NATVariedades | NATFotos

Jornal Olho nu - edição N°44 - maio de 2004

OLHO NU volta a tocar na ferida do naturismo brasileiro:a não aceitação de homens desacompanhados de mulheres na maioria das áreas do país. Sobre este assunto, recebemos uma mensagem originalmente distribuída aos membros de um grupo de discussão sobre naturismo. A mensagem de Nelci-Rones Pereira de Sousa, republicada aí em baixo devidamente autorizada pelo autor, mostra alguns dos motivos que levam os dirigentes de áreas naturistas a tomar tal atitude. Leia e escreva para nós dando sua opinião. Afinal homem sem companhia feminina deve mesmo ficar fora das áreas naturistas brasileiras ? por quê ?

Todas as cartas enviadas que se posicionem, com justificativa, contra ou favor das idéias expostas a seguir serão publicadas. Não serão aceitas cartas com ataques pessoais ao autor. 

Homens solteiros não entram

Prezados Naturistas,

Havia prometido não mais abordar assuntos polêmicos. Mas diante do que vi nas mensagens abaixo, não posso abster de uma defesa. 

Não sei por quê cargas d'água as pessoas tendem a inserir a palavra "solteiros" ou "gays", quando se discutem a questão de homens desacompanhados em áreas naturistas. Não existe nenhuma área do mundo que tem regras de "proibido entrada de solteiros" ou "proibido entrada de gays". Todas indistintamente falam de "homens dasacompanhados de pessoas do sexo feminino". 

Quem trabalha há dezenas de anos no naturismo sabe que a maioria esmagadora de homens que tentam entrar em áreas naturistas são devidamente casados e que, por absoluto preconceito, não querem que suas esposas fiquem nuas diante de outros homens, mas são tarados por verem as mulheres dos outros nuas. Isto não é uma opinião, mas uma constatação pela prática de anos na portaria de uma praia. Às vezes aparecem solteiros, mas são muito poucos, porque com certeza eles são muito mais conscientes do que os casados, sobretudo de regiões interioranas. 

Teóricos de plantão, que nunca sequer foram a um espaço naturista, não têm a menor idéia do que acontece nestes locais, mas se acham no direito de dar pitaco na forma das associações administrar as suas áreas, inclusive dizendo que somos infelizes quando damos as nossa opiniões. 

Ora, todos aqui já tiveram a oportunidade de ver minha opinião a respeito. Todos sabem que particularmente sou a favor de não se fazer este tipo de regra, porque realmente acho discriminatória. Mas as circunstâncias de nossa cultura, sobretudo as de algumas regiões,  não nos permite fazer só que o pensamos. Temos de nos render às características das localidades onde as áreas se localizam. 

Volto a repetir: o dia que tivermos 200 praias naturistas e 30 milhões de praticantes, que não precisam esconder que são naturistas, com medo de discriminação nos seus trabalhos e nas suas famílias, com certeza essas regras vão ser totalmente esquecidas e ficarão sem o menor fundamento. Mas hoje, quando somos alvo de curiosidade e considerados excêntricos, temos que caminhar devagar, buscando a credibilidade de nossas intenções junto ao público que não é naturista e que nos olha com olhos atravessados. 

Essa credibilidade só será conseguida com rigor das regras, para que as pessoas possam enxergar seriedade no que praticamos e possam também aderir à nossa filosofia. 

Toda vez que afrouxamos nas nossas regras tivemos uma debandada de pessoas da praia e, ao contrário, toda vez que as reforçamos tivemos o crescimento da freqüência e da adesão. Isto é constatação e não uma opinião. Embora não concorde com elas, tenho entretanto que praticá-las para o bem do naturismo, mesmo que isso me chateie bastante, mas a prática me ensinou que elas são necessárias. Nesse aspecto é que peço às pessoas que respeitem o nosso posicionamento. 

Na Europa, que tem 80 anos de naturismo, essas regras já foram para o espaço há muito tempo, mas aqui, que temos, na realidade pouco mais de 15 anos, ainda vamos ter que caminhar muito para chegar a esse estágio. Não é atropelando etapas que vamos atingir o estágio da Europa, que possui cultura bem diferente e muito mais evoluída que a nossa. Não vamos chegar a lugar nenhum se continuarmos tentando copiar o que eles fazem. Devemos ao contrário ir nos educando, devagar, para alcançarmos o patamar deles. Talvez até aprendendo com os erros deles, não precisaremos esperar 80 anos para chegar onde chegaram. 

Não pretendo mais dizer uma única palavra sobre esse tema. Sobre os casais promíscuos que freqüentam o naturismo, cabe sim muita discussão a respeito. Talvez esse seja realmente o grande problema que o naturismo enfrenta e precisamos adotar postura enérgica para resolvê-lo. Futuramente abordarei sobre isso". 

Abraços Rones*

rones@rones.com.br

*Diretor financeiro da SONATA (Sociedade Naturista de Tambaba)


Olho nu - Copyright© 2000 / 2004
Todos os direitos reservados.