Homens
solteiros não entram
Prezados
Naturistas,
Havia prometido não mais abordar assuntos polêmicos. Mas
diante do que vi nas mensagens abaixo, não posso abster de uma defesa.
Não
sei por quê cargas d'água as pessoas tendem a inserir a palavra "solteiros"
ou "gays", quando se discutem a questão de homens desacompanhados em áreas
naturistas. Não existe nenhuma área do mundo que tem regras de "proibido
entrada de solteiros" ou "proibido entrada de gays". Todas indistintamente
falam de "homens dasacompanhados de pessoas do sexo feminino".
Quem
trabalha há dezenas de anos no naturismo sabe que a maioria esmagadora de
homens que tentam entrar em áreas naturistas são devidamente casados e que,
por absoluto preconceito, não querem que suas esposas fiquem nuas diante de
outros homens, mas são tarados por verem as mulheres dos outros nuas. Isto
não é uma opinião, mas uma constatação pela prática de anos na portaria de
uma praia. Às vezes aparecem solteiros, mas são muito poucos, porque com
certeza eles são muito mais conscientes do que os casados, sobretudo de
regiões interioranas.
Teóricos de plantão, que nunca sequer foram a um espaço
naturista, não têm a menor idéia do que acontece nestes locais, mas se acham
no direito de dar pitaco na forma das associações administrar as suas áreas,
inclusive dizendo que somos infelizes quando damos as nossa opiniões.
Ora,
todos aqui já tiveram a oportunidade de ver minha opinião a respeito. Todos
sabem que particularmente sou a favor de não se fazer este tipo de regra,
porque realmente acho discriminatória. Mas as circunstâncias de
nossa cultura, sobretudo as de algumas regiões, não nos permite fazer só que
o pensamos. Temos de nos render às características das localidades onde
as áreas se localizam.
Volto a repetir: o dia que tivermos 200 praias
naturistas e 30 milhões de praticantes, que não precisam esconder que são
naturistas, com medo de discriminação nos seus trabalhos e nas suas famílias,
com certeza essas regras vão ser totalmente esquecidas e ficarão sem o menor
fundamento. Mas hoje, quando somos alvo de curiosidade e considerados
excêntricos, temos que caminhar devagar, buscando a credibilidade de nossas
intenções junto ao público que não é naturista e que nos olha com olhos
atravessados.
Essa credibilidade só será conseguida com rigor das regras,
para que as pessoas possam enxergar seriedade no que praticamos e possam
também aderir à nossa filosofia.
Toda vez que afrouxamos nas nossas regras
tivemos uma debandada de pessoas da praia e, ao contrário, toda vez que as
reforçamos tivemos o crescimento da freqüência e da adesão. Isto é
constatação e não uma opinião. Embora não concorde com elas, tenho entretanto
que praticá-las para o bem do naturismo, mesmo que isso me chateie bastante,
mas a prática me ensinou que elas são necessárias. Nesse aspecto é que peço
às pessoas que respeitem o nosso posicionamento.
Na Europa, que tem 80
anos de naturismo, essas regras já foram para o espaço há muito tempo, mas
aqui, que temos, na realidade pouco mais de 15 anos, ainda vamos ter que
caminhar muito para chegar a esse estágio. Não é atropelando etapas que vamos
atingir o estágio da Europa, que possui cultura bem diferente e muito mais
evoluída que a nossa. Não vamos chegar a lugar nenhum se continuarmos
tentando copiar o que eles fazem. Devemos ao contrário ir nos educando, devagar, para alcançarmos o patamar deles. Talvez até aprendendo com os erros
deles, não precisaremos esperar 80 anos para chegar onde chegaram.
Não
pretendo mais dizer uma única palavra sobre esse tema. Sobre os casais
promíscuos que freqüentam o naturismo, cabe sim muita discussão a respeito.
Talvez esse seja realmente o grande problema que o naturismo enfrenta e
precisamos adotar postura enérgica para resolvê-lo. Futuramente abordarei
sobre isso".
Abraços Rones*
rones@rones.com.br
*Diretor
financeiro da SONATA (Sociedade Naturista de Tambaba)
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